Pé ante pé, sinto
a aproximar-se pelo corredor escuro nem um metro de gente, acordado bem antes
da hora. Enquanto faço de conta que não reparo, mantendo irrepreensivelmente o
equilíbrio do meu Asana, ele senta-se
no sofá, embrulha-se no meu roupão e observa-me. “Parece um triângulo”. Desfaço
o pose, dou-lhe um beijinho, estico os braços e elevo uma perna. É cedo e
estamos ambos bem despertos. Reparo mais uma vez como é tão parecido comigo e perdoo-lhe a subtracção daqueles momentos que gosto de reservar para mim.
Hoje não leio ao pequeno-almoço: conversamos em surdina. “Não foi minha por
causa que acordei, mamã, foi por causa do senhor vizinho”. Bem sei, é um dos
encantos de se viver num prédio quase centenário. Vamos fazer chá, torradas com
mel e canela, e esperamos que o resto da casa acorde.
Reparem no esforço para encontrar coisas boas desta altura do ano, reparem! Pronto, não me queixo mais.
Não há nada melhor que estes doces despertares...!
ResponderEliminarÉ bom para variar, Naná :)
ResponderEliminarTão bom! Sabes que o Ruca diz aquilo que leste, (que fixe não estares em casa e assim), mas desde que não estou quando adormece acordo com ele ao meu lado de manhã. Ele, que nunca gostou de dormir connosco!!! :)
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