30 novembro 2006

causas

Para que não me acusem de sectarismos, hoje levanto a questão da discriminação sexual dos dois lados da "barricada":

O que é isto de um anúncio em que um marido/pai é abandonado porque não instala a TVCabo? Já nem estou a falar do ridículo e caprichoso que é fazer esse tipo de exigência mas porquê exigi-lo ao pai? A mãezinha por acaso não pode trabalhar? Não será ela o principal sustento do agregado familiar? O que é isto de ainda descarregarmos sobre os ombros masculinos a responsabilidade pelas questões financeiras. Meninas que precisam que os namorados/pais/maridos preencham a declaração de IRS: ponham o braço no ar.

E outra coisa com consequências bem mais graves - a violência sobre as mulheres. Sim, os homens também são vítimas de violência doméstica mas comparem as estatísticas. Por que é que tanta gente continua a ficar calada? Mais do que devido aos factores socioeconómicos, que pesam (e muito!), acho que eles sabem escolher as vítimas. Mamãs e papás deste país: por favor criem filhas que acreditem nelas próprias. Que estudem, invistam nelas e não deixem que ninguém lhes toque da maneira errada. Que ninguém lhes tente tirar a dignidade. Sobre isto, a Aministia Internacional tem uma campanha a decorrer. Deixo-vos este vídeo.

Já agora, bom fim-de-semana e aproveitem o este sol maravilhoso.

29 novembro 2006

100

Ainda falta tanto! Sou, de certeza, a grávida mais impaciente de todos os tempos. O que vale é que vêm para aí o Natal e o casamento para me entreter. Se ao menos começassem logo a nova série dos Perdidos...

28 novembro 2006

constatação gravidofútil

A barriga deste tamanho faz o meu rabiosque parecer muito mais pequenino.

27 novembro 2006

beicinho

Este fim-de-semana valeu por três. Deu para passear com os cães, estar com as famílias, os amiguinhos (gosto tanto dos meus amiguinhos!), caminhar junto ao rio, comer castanhas, ir ao cinema, comer pastéis de Belém, uma alegria! É claro que o facto de o tempo não ter estado tão mau como se previa e as tarefas domésticas estarem reduzidas a metade também ajudou.
Quanto ao cinema, fomos ver o novo 007. Ora aqui, caso eu não estivesse noiva,

cristal. Vou casar-me na "sala cristal". Desculpem mas ainda não me habituei à ideia.

e caso não soubesse que os cuscos dos meus amiguinhos (gosto tanto dos meus amiguinhos!) já descobriram quase todos o blogue, eu poderia falar de belas coxas (não, não são as das Bond Girls), do beicinho mais guloso do cinema desde que o Paul Newman se dedicou à indústria da doçaria, ou de uma certa saída das ondas em tanguinha justa, que obriga qualquer moça a reformular o velho paradigma acerca da proibição do uso de tanga na praia pelos verdadeiros machos. Não, neste caso, vou dizer apenas que o filme tem um enredo bem arrumado, que os cenários continuam a valer a pena e que as cenas de acção não desiludem quem paga bilhete para ver isso. Vão ver. Ah, diz que as actrizes também não são desagradáveis à vista.

24 novembro 2006

dondoca

Não sei se já repararam no dia tão agradável que está hoje? Com esta ventania toda a bater na janela, fiquei tão bem disposta que resolvi ir fazer análises (por falar nisso, sou só eu que gostava de levar vacinas quando era pequena porque dava direito a uma carteirinha de cromos? E arrancar dentes, então? Ganhava uma caderneta novinha! Espero que os meus filhos sejam assim fáceis de subornar).
Bem, o que interessa é que a minha vida se tornou agora muito mais fácil. A minha querida Mamã resolveu ceder-nos, duas vezes por semana, os serviços da senhora que faz as limpezas lá em casa, a nossa querida G. Ou seja, finalmente vou andar com a roupa passada decentemente e a casa bastante mais limpa sem que tenha de me cansar tanto. Os cães também ficaram delirantes com a mudança: mais uma pessoa a quem pedir mimo e brincadeira quando chega lá a casa. Mais alguém para eles seguirem para todo o lado, para lhe atrapalharem o trabalho e para fazerem tropeçar. Pobre G. Obrigada Mãe!

23 novembro 2006

paranóias e pesadelos

Nunca tenho (tinha) pesadelos. Desde há uns tempos para cá, não há semana em que não seja brindada com pelo menos um, bem ilustrado e detalhado. O denominador comum sou eu a fugir de um "mau" que me quer matar, geralmente com um instrumento cortante. E apanha-me. E esfaqueia-me! Normalmente são homens com grandes cutelos. Esta noite foi um tigre com garras afiadas (não estão bem a ver: não estava preocupada com as dentuças, era mesmo com as garras), que me perseguia para todo o lado em que eu me escondesse. Note to self: parar de ver a Hora Discovery e mudar antes para a Floribela, que me faz melhor.
O L. acha que é por eu me sentir mais vulnerável nesta altura, por achar que tenho de proteger algo (alguém) que depende totalmente de mim. Eu acho que sim, e também que vou começar a dormir com o rolo da massa debaixo da almofada. Alguém que faça o favor de meter uma cunha com o João Pestana para ele me mandar umas nuvens cor-de-rosa, uns nenúfares, umas ovelhinhas felpudas, sei lá!

22 novembro 2006

do trabalho e do descanso

Estou bastante satisfeita com o trabalho que faço. O ambiente, sobretudo, é óptimo e tenho oportunidade de fazer muitas coisas diferentes. Sei que não tenho absolutamente nenhumas perspectivas de carreira aqui - como muita gente da minha idade, estou "a prazo" - mas isso não me incomoda, pelo menos para já. Sei que, se tiver de ir trabalhar para uma caixa de supermercado para pagar as contas e alimentar o gralhinho, lá vou eu. E aí é que está a questão: quase sinto vergonha de dizer isto nos dias de hoje mas nunca, nunquinha, sonhei em ter uma "carreira". No 11º ano tivemos de escrever uma composição sobre o que gostaríamos de fazer quando fossemos grandes (sim, leram bem, no 11ºano. Aquela professora tinha muito sentido de humor) e eu gralhei e gralhei acerca de como gostaria de ser dona de casa - o que também foi uma provocaçãozinha, já que era boa aluna.
Mas qual é o mal de uma pessoa querer profissionalizar-se como cuidadora da família? Irrita-me esta hipocrisia da sociedade de agora que obriga qualquer um a querer ser doutor/ engenheiro/ advogado - acrescentando às mulheres as exigências de serem giras, bem vestidas, terem o cabelo arranjado, irem ao ginásio e terem 1 ou 2 filhos, mas só depois dos 30!
Aqui manifesto o meu direito à maternidade plena, a ver crescer os meus filhos, os meus animais, as minhas plantas. E ainda a ler os livros todos que me apetecer, pelo menos os essenciais, a dedicar-me a projectos de voluntariado de corpo e alma, a dormir a sesta todos os dias, a escrever, a visitar museus, a tocar guitarra até os vizinhos me mandarem calar (sim, e a fazer as tarefas domésticas, mas isso já eu faço).
É por isto que eu não jogo no Euromilhões: se ganhasse, ajudava muita gente mas depois tinha de confessar que ia mesmo deixar o emprego, em prol de quem precisasse mesmo dele e o desejasse. E isso é uma coisa que ninguém pode admitir nos dias que correm.

20 novembro 2006

gulosa

Sábado à noite: festa de aniversário do meu primo M. Estas festas são sempre históricas pela quantidade de iguarias que a minha tia prepara. E então eu disse: basta! Basta de farelos de trigo, de iogurtes naturais, de kiwis e peras, de sopas e legumes, de bifes (demasiado) bem passados! Basta de beterraba!















E atirei-me à mousse de manga, ao bolo de chocolate com nozes, às farófias, ao cheesecake de frutos silvestres, ao bolo de bolacha e café. À mousse de manga, mais uma vez. Um dia não são dias e o pirolito ficou aos saltos na barriga - não sei se de alegria, se do excesso de açúcar.

17 novembro 2006

a prole

Se é raro colocar aqui fotografias, não é por preguiça nem para evitar maçar os amáveis visitantes do blogue (apesar de ambas as razões também serem um bocadinho verdade) mas porque a minha máquina está avariada há não sei quantos meses. Porém, finalmente consegui convencer o L. a fazer uso da dele para registarmos estes primeiros tempos na nossa casa e a minha gravidez. Aqui vos apresento então a nossa ninhada:

Os cães (M. e R.)














E o gralhinho! (às 23 semanas e 2 dias)















Bom fim-de-semana a todos!

16 novembro 2006

o casório

Já está marcado. Não sabíamos que agora se pode marcar casamento civil até para o próprio dia, desde que se tenha os documentos (certidões de nascimento), senão já o tinhamos feito mais cedo. Não interessa, assim entramos em 2007 - mais concretamente no dia 5 de Janeiro, às 11 da manhã - e em mais uma etapa da vida.
Apesar de sempre ter dado importância ao casamento - aos votos e não à festa (ainda bem, porque enquanto não fizermos o casamento misto não vai haver festa, mas já lá vou) - isto agora só me está a dar uma grande vontade de rir. É que o cliché é flagrante! Lá vou eu entrar, gravidíssima (31 semanas), ainda não sei vestida do quê porque, nessa altura já só me deve servir a cortina do duche (felizmente é gira), aonde, aonde? Na sala CRISTAAAAL! (as outras opções eram as salas "rubi", "topázio" e "luar", venha o diabo e escolha) Querem alguma coisa mais kitsch do que isto? Será que devo ir de sapatinho de cristal para condizer? Vai ser muito difícil conter a risota quando me perguntarem se aceito para esposo o L. G. (ele tem um nome impronunciável, que já deu origem a diferentes versões muito divertidas consoante a pessoa que o tenta dizer). Caramba, não quero retirar a solenidade do momento mas que vai ser muito cómico, vai.
Só é pena não podermos fazer uma viagenzita decente de seguida, já que a médica não me deixa andar de avião depois das 28 semanas. De modo que daremos umas voltitas pelo nosso lindo país (aceito sugestões de pousadas/ hoteis rurais/ turismo de charme em zonas bonitas!) e guardamo-nos para a lua-de-mel a sério daqui a uns tempos, quando eu for fazer votos religiosos e o L. for lá fazer... companhia. Felizmente já existe esta possibilidade senão esta católica praticante e este agnóstico aguerrido iam ter mais uma dor de cabeça.

14 novembro 2006

babynews

Às 23 semanas e meia, lá fomos à consulta de saúde materna. Desta vez trouxe um belo cabaz da farmácia, à custa da reduzida hemoglobina e das contracçõezitas que tenho sentido por vezes. Isto também significa que o pobre L. vai ter de passar a fazer sozinho todas as tarefas pesadas lá em casa e que tenho mesmo que take it easy, senão o perdigoto ainda resolve fazer-nos uma visita (muito) antecipada. De resto, e como eu suspeitava, apesar de ele ter um tamanho dentro da média e de eu estar a ganhar peso normalmente, temos aqui um rapaz que precisa do seu espaço e do seu conforto. Ou seja, como sou estreitinha de cintura, ele resolveu esticar-se para cima e para a frente, tendo já construído um belo apartamento com 3 andares no meu útero, que está com a altura equivalente a 28 semanas (ainda hoje me perguntaram se estava quase...). Filhote, estica-te lá o que precisares. Não há problema nenhum se já me andas a dar chutinhos nas costelas e se parece que tenho um balão cheio de hélio na barriga, ameaçando fazer-me levantar voo a qualquer momento. Vê lá é se continuas no quentinho o tempo que falta, que nós não temos pressa.

13 novembro 2006

o que ficará por fazer

Aconteça o que acontecer, viva eu mais 6 horas ou mais 60 anos, sei que há três coisas que irei sentir que ficaram por fazer:

Livros que não li
Viagens que não fiz
Pessoas que não conheci. A sério.

E digo isto não com amargura nem nostalgia desarrumada no tempo; digo-o como auto-alerta precisamente para, o mais possível, ler, viajar e conhecer pessoas que valham mesmo a pena. É destas coisas que é feita a minha individualidade. A pessoa que sou e serei será definida por estas experiências, como cruzes num mapa do tesouro que me é dado a descobrir.
E ainda há tantos livros, tantas viagens, tantas pessoas. Mas isso é bom, não é?

Reparo agora que penso muito num futuro longíquo (em mim idosa, no meu filho crescido, na humanidade daqui a umas décadas). Será que tenho assim tanta pressa de viver? Ao mesmo tempo, agarro-me ao passado, a certo dia há precisamente não sei quantos anos atrás. Acho que nunca fui muito boa a saborear o momento e, provavelmente por defeito profissional, tenho sempre uma perspectiva de contexto espaço-temporal bem alargada. Conforta-me. Organiza-me. Dá-me uma (falsa) sensação de controlo.

10 novembro 2006

luz de novembro

Para quem nunca leu Faulkner, aproveito para recomendar o Light in August, que se lê bem em qualquer altura do ano mas vai melhor com chá de frutos silvestres e torradas daquelas que a minha Avó faz numa chapa sobre o fogão. De preferência, de seguida, numa noite ininterrupta, de forma a deixar-nos completamente atordoados com a beleza singela da escrita deste autor e a força bruta das personagens a que dá vida como nenhum outro.
Entretanto, acrescento que o amigo Faulkner perdeu muito em nunca ter visto a luz de Novembro com que temos sido contemplados nos últimos dias. Já repararam na transparência do ar, na nitidez das coisas? Ao fim da tarde, tem sido uma tentação enorme escapar-me do gabinete e ir cheirar o rio para uma esplanada em Belém. Até agora, resisti.

O meu post anterior feriu susceptibilidades, como podia prever-se. Eu que andei tanto tempo a conter a minha tendência natural para o sarcasmo, falhei. Aqui me penitencio e comprometo a regressar a temas menos problemáticos, que não quero cá afugentar os meus queridos leitores.

09 novembro 2006

respeitinho

Acho que as meninas portuguesas (ou serão só as lisboetas?) concordarão comigo quando digo que nós por cá não apreciamos muito os piropos de homens desconhecidos que passam por nós na rua. Por um lado, não costumam ser muito refinados, nem sequer originais. Por outro lado, são uma invasão não solicitada à nossa intimidade. Pelo menos é isso que eu sinto. Se vesti uma mini-saia, não foi para comentarem o topo das minhas pernas com referências à TMN. Foi simplesmente porque me apeteceu!
Enfim, eis a solução! Finalmente atingi um estado que me garante a paz e o sossego: a gravidez. Porque o respeitinho é bom e eu gosto. Uma gralha caminha agora na rua, formosa e segura, e eis que passa uma camioneta das obras. O veículo abranda, começam a chamar pela Sónia, pela Cátia, pela Cristina - aqui vou evitar fazer comentários acerca das probabilidades de os meus paizinhos me darem um desses nomes - e eu encolho as orelhitas entre os ombros, com a minha cara de vai-chatear-outra. Mas passam então ao meu lado e contemplam o imponente perfil da minha barriga. De súbito, complexos de édipo mal resolvidos entram em acção e eles calam-se, conscientes que não se incomoda uma grávida. Uma grávida é a coisa mais sagrada que conseguem conceber, logo a seguir às suas santas mãezinhas e ao cachecol do Benfica Campeão 2004/2005 que têm à cabeceira da cama.
Acho muito bem, deixem-me em paz e vão mas é incomodar outras catraias que eu sou uma Sr.ª gralha de respeito!

08 novembro 2006

cof cof

De volta depois de ter estado "de molho", às voltas com uma constipação que se transformou em tosse, que se transformou em bronquite. Isto de andar a curar as coisas à base de chá de limão com mel é muito romântico e naturalista mas até que já tomava umas drogas quaisquer que me tirassem este respirar de cão velho. Enfim, gravidez oblige. Só espero que o pirolito não ande muito incomodado com os saltos que dá o meu abdómen cada vez que tusso. Ná, não me parece. Ele já está habituado a uma mãe bastante mexida :)

03 novembro 2006

manhã ribeirinha

Hoje fiz o que já não fazia há meses (se bem que antes era a correr): levantei-me cedinho, peguei no M. e fomos passear junto ao rio. É incrível o apelo que a água tem sobre mim! E sobre tanta gente, parece-me.
Há lá coisa melhor do que andar mesmo à beirinha de um espelho cinzento-chumbo, em que mal se distingue a superfície do rio do céu do dia a começar? Fiquei com umas saudadezorras de pegar no meu skiff, descer o pontão, e dar as primeiras remadas, ao som das pás a cortar a água completamente lisa! Ai filhote, quando nasceres vais logo para dentro de um barco, que já chega de remarmos em seco (no ergómetro lá de casa). Pronto, logo, logo, não. Esperamos uns mesinhos.

Mas o melhor mesmo foi a visita do meu primo corvo marinho, que já não via há tanto tempo e passou a rasar a doca para nos cumprimentar...

Viver bem no centro da cidade tem muitas vantagens mas acho que, um dia, quero voltar para junto do Tejo.