30 junho 2011
ainda a questão linguística
Não é que eu seja uma ave invulgarmente cosmopolita, mas este mundo em que vivemos apresenta-nos cada vez mais pessoas de diferentes nacionalidades. E chega o dia em que olhamos para os nossos contactos telefónicos, para a nossa lista de amigos do Facebook, e dizemos: "olá... tu queres lá ver que metade do pessoal que aqui está não compreende a minha língua?" E depois? Fazemos aquela figura mete-nojo de começar a escrever só em Inglês (sendo que alguns também não o compreendem)? Mantemos um certo autismo luso e quem quiser que aprenda? Damo-nos ao trabalho (e algum exibicionismo linguístico) de passar a publicar tudo em várias línguas, como se fossemos um guia turístico? Ainda não decidi. E vocês, como fazem?
29 junho 2011
desperdício de conhecimento
No top 10 das piores consequências de deixar os EUA está o facto de o Gugas ir esquecer a Língua Inglesa. Aprendeu-a, como qualquer criança da idade dele, com uma rapidez incrível. Fala com um sotaque nova-jersiano horroroso (bom, nele fica giro e querido). Corrige-nos as construções frásicas e as expressões idiomáticas (o pirralho). E aposto um dedo mindinho que, chegado a Lisboa, se vai recusar a proferir uma palavra que seja em Inglês - principalmente porque toda a gente lhe pede que o faça, como se ele fosse uma atracção circence. E pronto, foi assim que tivemos um filho bilingue durante um ano que, daqui a alguns tempos, terá de re-aprender a falar o inguelês que todo o tuga fala. Já o meu filho americano, sai daqui a dizer uma única coisa da sua terra natal: da-da (pai). Se for só um 'da', é porque nos está a cravar qualquer coisa.
28 junho 2011
foi mesmo muito bom
Os aviões podem atrasar, a barriga pode doer, a chuva pode encharcar, o bebé pode não comer, as filas podem eternizar, o sol pode escaldar, os imprevistos podem surgir, mas não há nada que possa estragar as férias a uma família com muita vontade de estar junta e divertir-se, num lugar cheio de fantasia e coisas bonitas. É certo que foi muito cansativo para o Diogo - mas ele também se divertiu imenso, apesar de não se ir lembrar. Estes poucos dias souberam a muito e foram aquilo que desejámos e ainda mais. Depois de ter estado lá há 19 anos, foi com outros olhos que revi tudo, os olhos brilhantes dos meus filhos, a absorver cada imagem, cada surpresa, cada momento único. Valeu mesmo a pena.
24 junho 2011
22 junho 2011
e não deu para ler nem meia dúzia de páginas
6 meses depois, cerca de 40 mil livros reclassificados e mais 180 mil livros movimentados (sim, só por mim), 3 quilos a menos, muitas nódoas negras a mais, chegou hoje a hora de dizer adeus à biblioteca da Universidade de Princeton. Foi com muita nostalgia que empurrei o meu carrinho azul pelos 6 pisos nas últimas horas e tive de deixar para trás tantas obras, tantos autores, tantos colegas e amigos. Mas chegou a hora de virar a página (a piadinha previsível) começar as férias, antes do regresso ao trabalho em Portugal.
21 junho 2011
longe
Uma vida que acabou. Uma outra vida prestes a começar. E não há telecomunicações nem redes sociais que superem a distância, a necessidade de partilhar estes momentos tão grandes. Enormes. As lágrimas de tristeza juntam-se às de antecipação e alegria e é difícil estar do outro lado de tudo. Queria estar lá hoje. Porque, se nos dias iguais a todos os outros sentimos cada quilómetro, hoje sentimos cada milímetro de lonjura. Fazia falta abraçar e olhar olhos nos olhos, sem ecrãs pelo meio.
19 junho 2011
saído de mim
Rezingão, inconstante, madrugador, pisco, mas também cheio de energia, dançarino e desenhador precoce. Não podiam ser só coisas más que o Diogo herdou da mãe :)
17 junho 2011
fim do dia
Trabalho, trânsito, compras, tudo fica para trás quando se mete a chave à porta e entra em casa. A nossa casa. Acho que esta sensação de casa só existe quando estamos longe dela todo o dia. A sensação de família é muito diferente quando não estamos imersos nela a cada minuto, quando há outras coisas completamente alheias a nós que nos ocupam por algumas horas.
Em breve, voltarei a estar em casa, mãe a tempo inteiro. Escolhi dar umas férias grandes aos meus filhos (e a mim) antes do recomeço do trabalho em Lisboa e quero aproveitar muito bem esse tempo. Mas também sei que me vai fazer falta o sair de casa - e o voltar, ao fim do dia. Quase tudo o que se vive de forma contínua torna-se invisível, imperceptível; espero continuar a sentir o prazer das coisas de casa e da maternidade neste período de imersão completa. É só mais uma semana e splash!
Em breve, voltarei a estar em casa, mãe a tempo inteiro. Escolhi dar umas férias grandes aos meus filhos (e a mim) antes do recomeço do trabalho em Lisboa e quero aproveitar muito bem esse tempo. Mas também sei que me vai fazer falta o sair de casa - e o voltar, ao fim do dia. Quase tudo o que se vive de forma contínua torna-se invisível, imperceptível; espero continuar a sentir o prazer das coisas de casa e da maternidade neste período de imersão completa. É só mais uma semana e splash!
15 junho 2011
o papel da testosterona na eficiência doméstica
É espantoso como um homem consegue lavar toda a louça de uma refeição em 5 minutos e uma mulher demora muito mais. É espectacular - ou então, não.
Quando um homem "lava a louça", pega em tudo o que está no seu ângulo de visão - pratos, talheres, copos, babetes, toalha de mesa, cão - e atira para dentro da máquina de lavar, sem rentabilizar o espaço da mesma, e enche a panela que sobra com um copo de detergente, esfregando-a despreocupadamente e passando depois por água. A seguir, a panela fica a secar sobre a poça que criou na bancada da cozinha, enquanto a máquina é posta a trabalhar apesar de não estar cheia.
Quando uma mulher "lava a louça", levanta tudo o que estava na mesa, sacode e dobra a toalha, coloca cuidadosamente os pratos e talheres nos recipientes próprios da máquina e, de seguida, lava à mão o que será preciso para o dia seguinte. Tudo é colocado no escorredor com minúcia, por ordem de tamanho, evitando empilhamentos periclitantes que, certinho direitinho, acabam em copos partidos e chávenas lascadas. A seguir, a mulher guarda os restos da refeição no frigorífico, arruma tudo no seu lugar, esfrega os bicos do fogão, lava o tabuleiro do bebé, as bancadas da cozinha, o micro-ondas, varre o chão e, se ainda lhe sobrarem forças, passa a esfregona com lava-tudo. E o pior de tudo é que, no fim, sente genuíno prazer em ver a cozinha a brilhar em sentir o cheirinho a lavado. Parva da mulher.
Quando um homem "lava a louça", pega em tudo o que está no seu ângulo de visão - pratos, talheres, copos, babetes, toalha de mesa, cão - e atira para dentro da máquina de lavar, sem rentabilizar o espaço da mesma, e enche a panela que sobra com um copo de detergente, esfregando-a despreocupadamente e passando depois por água. A seguir, a panela fica a secar sobre a poça que criou na bancada da cozinha, enquanto a máquina é posta a trabalhar apesar de não estar cheia.
Quando uma mulher "lava a louça", levanta tudo o que estava na mesa, sacode e dobra a toalha, coloca cuidadosamente os pratos e talheres nos recipientes próprios da máquina e, de seguida, lava à mão o que será preciso para o dia seguinte. Tudo é colocado no escorredor com minúcia, por ordem de tamanho, evitando empilhamentos periclitantes que, certinho direitinho, acabam em copos partidos e chávenas lascadas. A seguir, a mulher guarda os restos da refeição no frigorífico, arruma tudo no seu lugar, esfrega os bicos do fogão, lava o tabuleiro do bebé, as bancadas da cozinha, o micro-ondas, varre o chão e, se ainda lhe sobrarem forças, passa a esfregona com lava-tudo. E o pior de tudo é que, no fim, sente genuíno prazer em ver a cozinha a brilhar em sentir o cheirinho a lavado. Parva da mulher.
14 junho 2011
realidade distorcida
Há imensas pessoas que acham que a vida delas é muito mais negra do que realmente é; também há algumas que preferem olhar para os seus dias com lentes cor-de-rosa. As primeiras estão a precisar de anti-depressivos; as segundas, de aprender a ser honestas consigo próprias.
10 junho 2011
desumanidade
Considero-me previlegiada no que diz respeito aos que me rodeiam. Ouço tanta gente queixar-se de família, amigos (?), vizinhos, colegas, gente mesquinha e capaz das coisas mais terríveis. Pois eu só costumo encontrar pessoas simpáticas, generosas, com bom fundo. Ainda não percebi se sou muito totó ou tenho mesmo muita sorte. Seja como for, também eu cheguei ao dia em que reconheço: há gente muito parva. Muito estúpida. Mesquinha, desonesta, com atitudes que não têm explicação para o comum dos seres humanos. Será que se apercebem disso? Será que gostavam de ser diferentes? É que eu gostava de não ter os meus defeitos, acho que tenho consciência de boa parte deles. Será que acham que não há outra maneira de viver a vida?
09 junho 2011
o doce efeito da memória
Já sei que, quando me for embora, os Invernos passados vão ser feitos de neve fofa e de lareiras, e não de frio e reclusão; os Natais vão parecer cheios de azevinho e biscoitos, e não de saudades da família; vamos sentir falta do Halloween e do Thanksgiving, e não nos vamos lembrar de todas as datas importantes em que estivemos longe de quem realmente importava; a paisagem vai ser recordada como um cenário idílico de bosques, flores e lagos, e não como o lugar em que até para comprar um pacote de leite precisamos de um automóvel. À distância, com o tempo, ultrapassadas todas as dificuldades, a memória que fica de uma parte da nossa vida é muito mais bonita e inócua do que a realidade que se passou. As lágrimas, o isolamento, o vazio, o desenquadramento desaparecem de cena e deixam apenas um retrato a sépia de dias de luz e harmonia familiar. É injusto. Mas ainda bem que é assim, é bom deixar o passado bem arrumado e fazer de conta que as coisas foram perfeitas.
É verdade que vou olhar para estes dois anos em Princeton e vou ter saudades de muitas coisas. Também vou chorar com saudades daqui, parece que colecciono saudades; mas também é verdade que continuo a saber por que volto. Em cada dia que passou quis voltar.
É verdade que vou olhar para estes dois anos em Princeton e vou ter saudades de muitas coisas. Também vou chorar com saudades daqui, parece que colecciono saudades; mas também é verdade que continuo a saber por que volto. Em cada dia que passou quis voltar.
06 junho 2011
o pequeno esforço da readaptação
Mal apresentei a demissão começaram-me logo a subir uns formigueiros pelo corpo acima e deixei de conseguir trabalhar. Ainda nem pus os pés fora da gringolândia e já perdi toda a pica para bulir. Imagino que, quando pegar no automóvel daqui a pouco, desato a buzinar e a chamar nomes ao pessoal que vai a 10km/hora. Ah, que falta me fez a minha portugalidade...
05 junho 2011
o que importa no meio disto das eleições
Deixo um país com um Chefe de Estado charmoso e elegante para voltar a outro em que o novo Chefe de Estado tem olhos bonitos, cabelo penteado e aposto que anda sempre perfumado. Prioridades, como quaisquer outras. Mesmo assim não me importava de importar o Obama.
03 junho 2011
adeus torradas com manteiga de amendoim
Está na altura de dizer adeus a carregar livros e olá a a ler livros. E revistas científicas, estatísticas, entrevistas, questionários. Pequena gralha volta à investigação e à pátria, apesar de ainda não saber exactamente quando. Entretanto, espero que dê para aproveitar um bocadinho do Verão nos EUA e proporcionar umas férias grandes aos meus rapazes, que também já merecem ver a escola pelas costas.
Vou ser a única pessoa a engordar no Verão, agora que vou deixar de fazer 8 horas de exercício diário. É bem feito, que é para não fazer pouco das dietas da blogosfera. Dêem-me um mês e já ando a coleccionar as 1001 maneiras de confeccionar alface com aipo e sumo de limão.
Vou ser a única pessoa a engordar no Verão, agora que vou deixar de fazer 8 horas de exercício diário. É bem feito, que é para não fazer pouco das dietas da blogosfera. Dêem-me um mês e já ando a coleccionar as 1001 maneiras de confeccionar alface com aipo e sumo de limão.
01 junho 2011
ralações
Passámos de uma fase em que o Diogo chorava o jantar todo para uma nova fase em que ele só chora e não engole nem uma colher de comida. O cansaço. O desespero. O que fazer? Tantas regras de ouro da boa educação que já mandámos às urtigas e não há quem o convença a engolir mais do que uns bagos de uva. Já não sabemos mesmo o que fazer...
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