31 dezembro 2012

resolucinhas

, que as resoluções carregam tanta ambição que estão condenadas à partida.
Mimar mais e melhor. Stressar muito menos. Fazer os Kegel. Reparar bem nas coisas bonitas. Dançar, que não dancei nada este ano.
Boas entradas, minha gente!

expectativas do casal para o réveilhão

Ele: Comer pregos naquela tasca em Benfica com tanta mostarda quanta conseguir equilibrar num pedaço de carne untuosa.
Eu: Ter uma desculpa praticamente válida para comprar um par de sapatos que nunca mais voltarei a usar (mas estará no próximo saco de doações, que eu ainda sou mais boazinha que a Jonet).
Parece que a conjugalidade é mesmo feita destes equilíbrios improváveis. E, a brincar, a brincar, já vai para quase metade das nossas vidas que nos conhecemos.

27 dezembro 2012

o melhor de 2012

Este ano não foi bom para muita gente. Mesmo assim gostava que pudéssemos olhar para trás e perceber que, em muitos casos (infelizmente não todos), a angústia que se nos infiltrou nos ossos no final do ano passado foi como uma neblina da costa ocidental, que lá acaba por levantar ao fim da tarde. 2012 foi um ano generoso para mim, essa é que é essa. Não mudei nada de muito significativo mas retive o que era fundamental.
Durante a adolescência, coleccionava numa caixa de chá rolinhos de papel onde escrevia coisas boas, que me faziam sentir feliz, para mais tarde voltar a saboreá-las. Não sei onde a meti por isso deixo aqui algumas das melhores coisas que tive oportunidade de viver este ano.

Melhor refeição: jantar no Yakuza, a 24 de Julho. E em casa, todas as vezes em que fiz canja e que os meninos comeram em silêncio devoto, sorrindo.
Melhor mergulho no mar: na minha praia, por volta das 16h, a 29 de Julho.
Melhor gargalhada: a do resto da família, quando me explodiu o ovo quente na cara.
Melhor livro: Freedom, de Jonathan Franzen.
Melhor filme: Moonrise Kingdom, de Wes Anderson (se bem que o We Need to Talk About Kevin me marcou muito mais).
Melhor música: Simple Song, dos The Shins, em ex aequo com o Madness, dos Muse.
Melhor série: Continua a ser o Mad Men.
Melhor momento: na noite de Natal, quando o Diogo abriu um presente que adorou e o Gugas, vendo-o tão feliz, teve de dar-lhe um grande abraço. Isto, meus senhores, é amor.

Apesar das más notícias que também chegaram este ano, não me inibo de abrir à descarada as comportas para deixar inundar-me de esperança num 2013 cheio de coisas boas – para mim e para todos vós :)

21 dezembro 2012

retomar isto das expectativas

Posto que o mundo e a vida continuam, como lidar com a existência de um futuro? Já tinha contas saldadas no banco e no coração, deitei-me tão consolada ontem a achar que o mais importante estava assegurado, e afinal volto a ter de criar expectativas e assentar compromissos na agenda. Não é que me falte ânimo para o que há de vir, é só que já está tudo tão perfeitinho assim: tenho um filho de dois anos que me prega partidas e até já come e tudo; tenho outro de cinco que leva o irmão ao bacio quando vê que ele está com cara de caso. E projecta arranha-céus futuristas onde dará casa a todos os sem-abrigo do mundo. Um exagero de meiguice, os dois, sempre a fazerem-me declarações de amor. Dois homenzinhos criados. O que é que se pode pedir mais do amanhã? Ah, pois, os dias que recomeçam a crescer :)

19 dezembro 2012

espírito de natal

O sorriso solar dos nossos filhos quando nos descobrem no meio da audiência da festa de Natal; as boas notícias no trabalho, depois de tanta ansiedade e tanto esforço conjunto; o anúncio de férias em família, inesperadas; um gesto pequeno e majestoso, de quem podia fechar-se nas suas dores mas decide abrir-se cada vez mais ao mundo; uma Fé teimosa que nasce em quem tinha medo de acreditar; a espantosa revelação de humanidade de alguém que nos parecia ser de pedra; e também todas as coisas más, toda a doença, todo o desemprego, todo o medo, o que nos retiram a cada dia, tudo menos a possibilidade de acreditar, de dar, de deixar que o Amor nos inunde o coração irremediavelmente. É só deixá-Lo entrar. Boas festas!

13 dezembro 2012

a minha sugestão de lembrancinha natalícia

É simples: um voucher Presente 25€ do Millenium BCP. É que é uma ideia tão boa e universal que nem dá hipótese para hesitações. E por que é que vos sugiro isto? Porque passo pelos mupis de rua com publicidade a este brilhante produto e as lágrimas só não me escorrem pela face porque estou de lentes de contacto e, parecendo que não, secam-me um bocado a vista.
A sério, se a compaixão e a generosidade são os fundamentos desta quadra, como não ficar assolada de ternura pelos senhores que tiveram de criar um anúncio destes? Atenção, isto é um anúncio que tenta convencer as pessoas a oferecer um bocado de papel que vale menos do que a erva daninha da berma do IC19. E como não gritar interiormente com a abnegação de uma senhora que usa uma camisola cor-de-rosa de angorá, um colar de pérolas, e esboça um sorriso como se estivesse realmente radiante ao receber um pedacinho da certidão de falência iminente de uma instituição bancária cujas acções valem menos do que um pacote de açúcar? A sério, ofereçam estes vouchers ao vosso esposo, à vossa tia, à senhora da farmácia, ao bobi. Garanto que eles irão retribuir o gesto com muita meiguice no próximo ano.


10 dezembro 2012

se o mundo fosse mesmo acabar daqui a 11 dias

Saía daqui, pegava nos miúdos e no homem e alugava um helicóptero para ir jantar com os meus pais, a minha avó e o meu irmão a Monsaraz. Dormíamos por lá e ainda dava uma voltinha a cavalo junto à barragem antes de voltarmos a Lisboa e embarcarmos no TP103 do 12:45 para Orlando. Ficávamos 3 dias a amansar o jet lag na DisneyWorld. Andava três vezes na splash mountain e quatro na casa assombrada. Vestia-me de Branca-de-Neve e comia pizza, crepes e cheese cake com muita coca-cola. Depois embarcávamos no AA1873 das 8:40 para Caracas e, daí, apanhávamos o barco para uma ilhota qualquer de Los Rocques. Ficávamos por lá a apanhar sol todo o santo dia, a beber mojitos e a comer o peixe grelhado, as panquecas com tapioca e a goiaba que nos coubessem na pança. E a dançar. E a ler. Na mala, levávamos só os bonecos de peluche dos miúdos, o The Very Hungry Caterpillar, o Winter of the World, fatos de banho, protector solar e Guronsan. The End.

05 dezembro 2012

desmistificando as agruras da monoparentalidade

Pai dos meus filhos: cuida-te. Cuida-me. Sê um bom marido. Ri-te das minhas piadas. Elogia o meu penteado. Mete-te comigo. Valoriza o meu esforço. É que esta semana voltou a acontecer algo que já antes tinha experimentado: fiquei sozinha com eles e foi... fácil. E divertido. Sabes, quando não estás cá eu sou menos mãe e mais amigalhaça. Comemos pizza. Deitamo-nos mais tarde. Cantamos alto músicas inventadas para celebrar o lugar de estacionamento encontrado ao fim de muitas voltas. Eles vão para a cama sem tomar banho e com os dentes provavelmente mal lavados. Nem uma birra. Nem um queixume. A louça vai toda para a máquina. E eu deito-me sossegada a ver todos os filmes franceses sem legendas que me apetece. Estás a ver o problema que isto levanta, não é?

E não venhas agora dizer-me que eu é que insisto nas refeições nutritivas, nos banhos, nos horários, na pressão das mil-e-uma-coisas que me deixa rabujenta, nas roupas impecavelmente dobradas, só porque é tudo verdade. Se calhar o que falta é mesmo virar tudo de pernas para o ar, de vez em quando. Para depois te recebermos de braços abertos e com muitas saudades. Principalmente porque as noites continuam frescotas.