30 abril 2014
cansei-me das tábuas
E enquanto não decido de que cores me quero vestir nesta estação, vou de branco.
29 abril 2014
dilemas vorazes
Como ter espírito crítico sem condenar?
Manter a liberdade interior sem ceder à libertinagem oca?
Estar disponível sem deixar-se esmagar?
Atento sem tornar-se obtuso?
Aberto sem dispersão?
Tolerante sem indiferença?
Confiante sem sobranceria?
Humilde sem mortificação?
Satisfeito sem culpa?
Insatisfeito sem ingratidão?
Fiel aos outros e fiel a si mesmo?
Como se não bastassem as forças contraditórias do mundo, de cada vez que paro mais de três segundos para pensar no que quero realmente fazer da minha vida, fico perdida entre meia dúzia de correntes e prioridades. Agarro-me depressa às boias de salvação do costume e mantenho-me à tona, não sem questionar muito baixinho se mais valia ir ver a vista lá do fundo. Havia de fazer-me bem, a mudança de perspectiva.
Manter a liberdade interior sem ceder à libertinagem oca?
Estar disponível sem deixar-se esmagar?
Atento sem tornar-se obtuso?
Aberto sem dispersão?
Tolerante sem indiferença?
Confiante sem sobranceria?
Humilde sem mortificação?
Satisfeito sem culpa?
Insatisfeito sem ingratidão?
Fiel aos outros e fiel a si mesmo?
Como se não bastassem as forças contraditórias do mundo, de cada vez que paro mais de três segundos para pensar no que quero realmente fazer da minha vida, fico perdida entre meia dúzia de correntes e prioridades. Agarro-me depressa às boias de salvação do costume e mantenho-me à tona, não sem questionar muito baixinho se mais valia ir ver a vista lá do fundo. Havia de fazer-me bem, a mudança de perspectiva.
28 abril 2014
bhaile átha cliath, tá tú chomh fheictear
Imaginem que agora que eu escrevia um daqueles posts impressionistas a la Mãe Capotada. Uma manta de retalhos de coisas boas que vi, fiz, provei. Não era preciso fio condutor nem moral da estória, só o apanhado de pequenas surpresas e uma sensação generalizada de bem-estar. Assim seria o texto de hoje sobre o belíssimo fim-de-semana passado em Dublin, entre amigos.
Só que dormi pouco e ainda estou a digerir tudo: os bolos inesperadamente deliciosos, as galerias de arte em festa na rua, as ostras de Howth e, sobretudo, aquele pequeno-almoço de enchidos que jantei num pub que parecia a sociedade cultural e recreativa dos povos resgatados pela troika. E depois há o problema do meu entusiasmo e satisfação excessivos. Normalmente sou convenientemente sombria, só que chego às viagens e acho tudo perfeito. Torna-se maçador. Só a cerveja é que não vale nada, confirma-se.
23 abril 2014
dia do livro (mal amado)
Estou a ler dois que não me estão a encher as medidas. Ainda não os larguei porque tenho pelos livros aquele sentimento entre a compaixão e a cagarolice que nutria pelos namorados antes de lhes dar com os pés. O que é uma perfeita estupidez, claro. Nem os namorados melhoravam depois de eu perceber que não valia a pena tentar fazer omeletes sem ovos, nem os livros se abraçam a mim, agradecidos, quando acabo o último parágrafo e os emprateleiro, aliviada. Coisinha imbecil, esta da glorificação da lealdade a todo o custo.
22 abril 2014
desperdício zero (ou o mais perto disso que consiga)
Os mais observadores poderão ter reparado que acrescentei aqui ao lado a hiperligação para o blogue zero waste home. Pois bem, a autora do mesmo é a minha nova guru [interrupção para reconhecer que, sim, até eu que tenho alguma aversão a esta coisa das pessoas inspiradoras, caminhos para Shangri-la e mais essas mariquices pinterestianas todas, volta e meia arranjo um guru]. O meu caminho para a purificação da alma continua a ser o bom velho Novo Testamento mas a via para a purificação da existência física passa por uma relação mais honesta com a natureza. Os iogurtes com probióticos também ajudam, mas nada se compara à sensação de que fazemos o que podemos para não dar cabo do planeta. Reciclar, só, não chega. É preciso consumir menos.
Não tenho (ainda) a intrepidez da Bea para fazer uma revolução lá em casa e reduzir a nossa produção de desperdício a um frasco de porcaria por ano. Mas há algumas coisas que tenho vindo a introduzir, timidamente, mais por receio de ser vista como a fundamentalista do anti-lixo, o que seria contra-producente, do que por falta de vontade de ir mais além. Reduzi o consumo de carne, de produtos embalados e, sobretudo, estou a tentar eliminar o plástico lá de casa. Isso significa que sou a maluquinha que recusa sacos onde quer que vai e leva os seus próprios recipientes para as compras. E aquela que recolhe o desperdício reciclável nas zonas onde não há separação de lixo. E a que ainda não ganhou coragem para dizer não a todas as tretazinhas inúteis com que nos brindam em restaurantes, hotéis, casamentos e conferências, mas que para lá caminha. Dia a dia, novos desafios vão surgindo (Onde comprar coisas a granel nesta cidade do pré-preparado? Onde entregar os resíduos orgânicos para compostagem, já que não tenho jardim?), há que encará-los com determinação e realismo.
Imagino esta nossa linda esfera azul e verde cada vez mais coberta de entulho e arrepio-me. Se os níveis de consumo e de produção de desperdício continuarem assim (e estão a piorar em algumas zonas do globo), talvez não seja eu nem os meus filhos a viver numa lixeira pontuada de oásis pristinos para os mais privilegiados; mas tenho demasiado amor à Terra para carregar essa responsabilidade póstuma, pelo que continuarei a fazer o possível. E a evangelizar os meus filhos, que já começam a repetir instintivamente alguns destes gestos, provando que a educação é muito mais feita de atitudes do que de palavras.
Não tenho (ainda) a intrepidez da Bea para fazer uma revolução lá em casa e reduzir a nossa produção de desperdício a um frasco de porcaria por ano. Mas há algumas coisas que tenho vindo a introduzir, timidamente, mais por receio de ser vista como a fundamentalista do anti-lixo, o que seria contra-producente, do que por falta de vontade de ir mais além. Reduzi o consumo de carne, de produtos embalados e, sobretudo, estou a tentar eliminar o plástico lá de casa. Isso significa que sou a maluquinha que recusa sacos onde quer que vai e leva os seus próprios recipientes para as compras. E aquela que recolhe o desperdício reciclável nas zonas onde não há separação de lixo. E a que ainda não ganhou coragem para dizer não a todas as tretazinhas inúteis com que nos brindam em restaurantes, hotéis, casamentos e conferências, mas que para lá caminha. Dia a dia, novos desafios vão surgindo (Onde comprar coisas a granel nesta cidade do pré-preparado? Onde entregar os resíduos orgânicos para compostagem, já que não tenho jardim?), há que encará-los com determinação e realismo.
Imagino esta nossa linda esfera azul e verde cada vez mais coberta de entulho e arrepio-me. Se os níveis de consumo e de produção de desperdício continuarem assim (e estão a piorar em algumas zonas do globo), talvez não seja eu nem os meus filhos a viver numa lixeira pontuada de oásis pristinos para os mais privilegiados; mas tenho demasiado amor à Terra para carregar essa responsabilidade póstuma, pelo que continuarei a fazer o possível. E a evangelizar os meus filhos, que já começam a repetir instintivamente alguns destes gestos, provando que a educação é muito mais feita de atitudes do que de palavras.
20 abril 2014
a Páscoa é isto
(explicado no outro dia pelo frade que celebra a Missa em que costumo participar)
Se vocês vissem alguém a aproximar-se dos vossos filhos, dos vossos amigos, para lhes fazer mal, não se colocavam à frente, protegendo-os, de braços abertos? Assim fez Jesus.
Boa Páscoa minha gente :)
Se vocês vissem alguém a aproximar-se dos vossos filhos, dos vossos amigos, para lhes fazer mal, não se colocavam à frente, protegendo-os, de braços abertos? Assim fez Jesus.
Boa Páscoa minha gente :)
16 abril 2014
porque hoje é o teu dia
Desculpa lá a exposição do meio usado para te dizer estas coisas mas teria sido ainda mais estranho na cozinha, às sete e tal, entre o estender das toalhas de banho e o arrumar a louça do pequeno-almoço. E já sei que és ainda menos romântico do que eu, por isso vou investir mais nos substantivos do que nos adjectivos fofinhos, está descansado.
Hoje é o teu dia e eu comecei-o a agradecer pela tua vida. Já te conheço há mais de metade destes 33 anos e é mesmo verdade que tens vindo a melhorar com o tempo, ainda mais que o George Clooney com quem tanto te pareces (mas em melhor, claro). Nunca vais ser um grande dançarino nem o homem mais aprumado das redondezas mas, descontando essas grandes falhas, a verdade é que és tudo aquilo que podia pedir da pessoa com quem espero passar o resto da vida. E, olha, paciência se parece que os anos passam e vamos tendo menos gente à nossa volta. Os mais importantes vão lá estar sempre. E eu estou contigo, todas as manhãs, quando te levantas e eu já ando numa roda viva, e todas as noites, quando te deitas depois de trabalhar sempre mais um pouco e eu já estou a babar a almofada. Podes chegar-te a mim se estiveres com frio. Parabéns, meu amor.
Hoje é o teu dia e eu comecei-o a agradecer pela tua vida. Já te conheço há mais de metade destes 33 anos e é mesmo verdade que tens vindo a melhorar com o tempo, ainda mais que o George Clooney com quem tanto te pareces (mas em melhor, claro). Nunca vais ser um grande dançarino nem o homem mais aprumado das redondezas mas, descontando essas grandes falhas, a verdade é que és tudo aquilo que podia pedir da pessoa com quem espero passar o resto da vida. E, olha, paciência se parece que os anos passam e vamos tendo menos gente à nossa volta. Os mais importantes vão lá estar sempre. E eu estou contigo, todas as manhãs, quando te levantas e eu já ando numa roda viva, e todas as noites, quando te deitas depois de trabalhar sempre mais um pouco e eu já estou a babar a almofada. Podes chegar-te a mim se estiveres com frio. Parabéns, meu amor.
14 abril 2014
13 abril 2014
descobertas dos trinta e quatro
1) Tenho muito menos amor próprio do que imaginava. Espero que a imensa sabedoria dos 35 saiba lidar com esse problema porque
2) A falta de amor próprio arruina tudo à volta, o meu humor, a relação com os outros, a dedicação ao que faço, alimentando o monstro megalómano das expectativas, para além de que
3) Tenho mesmo dificuldade em lidar com maluquinhos, pessoas conflituosas e dias de frio húmido. E não há volta a dar a isso.
2) A falta de amor próprio arruina tudo à volta, o meu humor, a relação com os outros, a dedicação ao que faço, alimentando o monstro megalómano das expectativas, para além de que
3) Tenho mesmo dificuldade em lidar com maluquinhos, pessoas conflituosas e dias de frio húmido. E não há volta a dar a isso.
08 abril 2014
só depois do pentecostes
Acho que não estou a cometer nenhuma inconfidência celestial ao dizer aqui que, nesta Quaresma, estou a tentar fazer jejum de maus pensamentos e palavras. De modo que, visto que nada se passa de novo na minha vida, não tenho mesmo assunto para os próximos tempos. Olhem, imaginem-me a saltitar entre os raios de sol, que é fundamentalmente o que tenho feito. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe :)
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