Nisto da contenção de gases, toda a gente sabe que não se deve contrariar a vontade da natureza por muito tempo. Sendo assim, não te inibas: explode e liberta lá à vontade as cinzas todas. Se possível, amanhã. Sei que pode parecer fácil falar, visto que não sou islandesa (e não irei visitar-te tão cedo, infelizmente), mas até me dava um certo jeito que condicionasses do espaço aéreo europeu*. É que voamos daqui a pouco para Itália e não temos pressa de regressar logo na segunda-feira. Podemos muito bem vir de comboio, aproveitar a paisagem da Riviera (onde só passámos durante a noite, no Interrail, uma pena), rever os Pirenéus, quem sabe até dar até um saltinho a Barcelona e a Madrid. Os meninos estão com os meus pais para a semana, ninguém se vai zangar no meu local de trabalho, e parece-me justo que um casal que já contraiu matrimónio duas vezes tenha uma segunda lua-de-mel, mesmo que com 16 meses de atraso. þakka þér!
* Excepto no dia 1, nos voos para a América do Sul. Boa viagem, mãe capotada!
29 agosto 2014
28 agosto 2014
somos tão criativos, nós os portugueses
Ideias, conceitos, projectos inovadores, tudo isto brota da alma lusitana como o refluxo de uma sanita sem sifão. Faz-se muita coisa jeitosa, de valor. Mas também estamos em grande na especialidade da recauchutagem criativa. Se alguma coisa funciona com outros, nós replicamos mas em mais barato, numa espécie de contrafacção conceptual. Encontrei há dias nessa nova Meca do audiovisual que é o Youtube estes vídeos. Abram uma excepção e vejam um ou outro, sim?
Vá, venham cá agora dizer-me que aquilo do ser em cafés é original, que os argumentos estão decentes, os actores têm o seu valor e a construção cénica é mimosa. Sim, senhor, é verdade. E o sotaque portuense da protagonista é originalzinho de gema, lá isso é. Mas o tipo de humor que pretendem fabricar é um cruzamento descarado e coxo da Porta dos Fundos com a Odisseia. Ora, falta-lhes umas boas colheradas de gemada com vinho do porto para roçarem o nível do Fábio Porchat ou do Bruno Nogueira. E isto vindo de alguém que já está um bocado farta de ambos.
Vá, venham cá agora dizer-me que aquilo do ser em cafés é original, que os argumentos estão decentes, os actores têm o seu valor e a construção cénica é mimosa. Sim, senhor, é verdade. E o sotaque portuense da protagonista é originalzinho de gema, lá isso é. Mas o tipo de humor que pretendem fabricar é um cruzamento descarado e coxo da Porta dos Fundos com a Odisseia. Ora, falta-lhes umas boas colheradas de gemada com vinho do porto para roçarem o nível do Fábio Porchat ou do Bruno Nogueira. E isto vindo de alguém que já está um bocado farta de ambos.
27 agosto 2014
desmistificando aquilo do lisboeta livre e desempoeirada
Se eu não fosse uma grande totó, até era capaz de ser mais giro passar uma semana sem marido nem filhos, aproveitando esta frescura própria de Agosto. Sucede que sou uma totó que:
1) teimou em correr antes de estar recuperada da tendinite e agora vai ter de parar mais tempo enquanto se besunta de anti-inflamatórios e coloca gelo no joelho em vez de ser no copo;
2) não consegue não lavar a louça, não fazer a cama, não arrumar o que espalha, pelo que apenas subtraiu uns pontos ao nível de sopeirice crónica;
3) anda esquisita com os filmes que vê e já não se contenta com coisas leves e coloridas (A Viagem dos Cem Passos, por exemplo. Behh);
4) tem efectivamente saudades das pessoas com que coabita e custa-lhe saber que – está bem que não passam fome nem andam nus mas – os filhos choram com a falta do regaço materno.
5) nem sequer tem mais livros de Verão para ler. Se for agora agarrar-se ao Camus é capaz de não melhorar o estado de espírito por aí além. E das folhas começarem a amarelecer e cair das árvores.
1) teimou em correr antes de estar recuperada da tendinite e agora vai ter de parar mais tempo enquanto se besunta de anti-inflamatórios e coloca gelo no joelho em vez de ser no copo;
2) não consegue não lavar a louça, não fazer a cama, não arrumar o que espalha, pelo que apenas subtraiu uns pontos ao nível de sopeirice crónica;
3) anda esquisita com os filmes que vê e já não se contenta com coisas leves e coloridas (A Viagem dos Cem Passos, por exemplo. Behh);
4) tem efectivamente saudades das pessoas com que coabita e custa-lhe saber que – está bem que não passam fome nem andam nus mas – os filhos choram com a falta do regaço materno.
5) nem sequer tem mais livros de Verão para ler. Se for agora agarrar-se ao Camus é capaz de não melhorar o estado de espírito por aí além. E das folhas começarem a amarelecer e cair das árvores.
26 agosto 2014
ora então é isto a vida de uma lisboeta livre e desempoeirada
Ter o frigorífico vazio e ir antes comer um gelado. Descobrir resguardos e lençóis para lavar e decidir dormir no saco-cama. Procurar a sessão de cinema que implique o mínimo esforço e máximo de prazer, permitindo ainda acordar de madrugada para ir correr. Ah, claro, correr todos os dias. Em qualquer momento que não atropele o horário de expediente. Ler capítulos inteiros e nem um par de pequenos olhos furando-nos a nuca a pedir atenção. Ouvir música alto. Mas só um bocadinho porque depois perturba a preciosa paz. Ir a pé para o trabalho. Ter a casa arrumada, as toalhas direitas no toalheiro, o chão à volta da sanita sem respingos (esta tenho um bocado de vergonha de confessar que é das minhas preferidas). Ir cortar o cabelo e, perdendo a cabeça, deixar que nos pintem as unhas. Sobrarem várias horas ao dia e haver uma certa surpresa e vergonha nessa constatação. Também sobra um bocado de silêncio, agora que penso no assunto. E falta-me o cheiro, o toque de outra pele. Mas não vale a pena estar para aqui agora a desfazer o cenário idílico, confessando saudades ao fim de apenas um dia.
25 agosto 2014
foram três semanas de férias, de modo que vai tudo a eito
Os meus filhos recusam-se a dançar rodeados de freaks amistosos. Também não gostam por aí além de acampar, lá se vai o meu sonho de uma vida de hippie. Ao menos fizemos festas aos burros que dormiam ao nosso lado. Antes de virmos embora, um espanhol deu-me tomates que ainda estão bons passado este tempo todo. Há neste país tractores conduzidos por pessoas que vão a olhar para trás (e nós andámos num deles). Nadar em água doce faz-me pensar em cágados e lagostins que me ameaçam os dedos dos pés. É oficial, tenho de descansar as pernas uma semana se corro mais de vinte quilómetros de seguida. A vista do castelo de Paderne não é grande coisa mas chegar lá acima e voltar foi o ponto alto das férias. O ponto baixo foi ver convertido em inferno o paraíso de há 20 anos: escorregas aquáticos. Já agora, despachemos lá isto das coisas desagradáveis: a temperatura do mar estava o que se sabe, os dias passaram-se a ler à sombra. Para três de nós, o quarto fazia suquinhas na areia. A praia estava impossivelmente cheia. Não vou dizer de que tipo de pessoas para não parecer ainda mais pedante. Esqueci-me de os levar à caça de gambozinos, ora bolas. Comi duas meias bolas de Berlim e bebi cerveja de várias marcas diferentes para a colecção de caricas dos miúdos. Jogámos muito Uno e fizemos relativamente pouca batota. As sestas foram poucas mas muito deliciosas. As minhas sandes são as melhores do mundo. A macieza da minha almofada não compensa o regresso a casa, ao trabalho, sozinha. O facto de estar sozinha pode compensar um bocadinho, ainda não sei mas depois logo vos conto.
01 agosto 2014
coisas que eu idealizo como espectaculares, porém cansativas, e depois ainda me conseguem surpreender pela positiva
Ir acampar sozinha com os miúdos para o Andanças. O que é que pode não correr maravilhosamente?
E com esta me despeço. Boas férias e até qualquer dia.
E com esta me despeço. Boas férias e até qualquer dia.
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