06 julho 2010
revelações em movimento
Há qualquer coisa nos meios de transporte que me puxa a epifania. Sento-me numa estação de metro e lá vem poesia para escrever no intervalo de três dias de agenda, que não há espaço para moleskins nos meus alforges de matriarca. Conduzia o meu primeiro automóvel à saída da faculdade e surgiu a revelação: já não sou adolescente. Conduzo agora o jipe que uma alma caridosa me emprestou e baixa em mim: já não sou mesmo adolescente. Não faz mal, no espelho retrovisor vejo o banco de trás, onde há quatro olhinhos castanhos e redondos, doces e pestanudos, confiantes em mim. São meus estes meninos. São meus para cuidar e amar e mostrar o mundo. Às vezes ainda parece impossível que sejam tão meus assim.
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2 comentários:
Pensava que era só eu: às vezes páro e penso "já sou uma mulher, tipo adulta...". Mulher e não menina, Mãe além de filha, Adulta e não jovem, já nada inconsequente e tão mais responsável. Um dia destes percebo que tipo de Mulher sou e espero que goste do resultado, acho que não me estou a sair mal.
Eu farto-me de pensar nisto e sabes quando é que tenho as maiores e melhores epifanias? Dentro do carro com eles. É como se estivessemos dentro de uma pequena caixa comigo ao volante. Quando vamos os três no carro, sinto-me mais do que nunca uma mãe.
Mais um texto maravilhoso. O calor inspira-te.
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