13 março 2012

com licença, não se importa que sorria?

Cai muito mal uma risada num funeral (a especialidade de uma pessoa que eu cá sei). Não se pode gostar de segundas-feiras. Se nos contam estórias tristes, há uma espécie de protocolo oficioso que dita que devemos franzir o sobrolho e contar uma ainda pior, para relativizar a coisa. O caracinhas. Sol há só um* mas nuvens há-as por todos os lados (menos em Portugal nos últimos meses, claro). Nada desponta a minha gratidão como aquele que me faz sorrir ou aquela que me arranca uma gargalhada inesperada. No dia em que eu tiver 97 anos (ou depois de amanhã, sei lá) e as artroses me tolherem os dedos e as cataratas me velarem os olhos, no fim de tarde de Verão em que eu sentir que não verei o próximo dia e pedir mais um Mojito com muita menta, agradeço que me façam uma visita para dizer que compreendem o meu sentimento, sim, mas gostavam de confirmar só se já conheço aquela piada muito parva. Depois podem abraçar-me levemente.

* e não me estraguem a metáfora com o argumento de haver outras estrelas, se faz favor.

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