A minha Mãe e eu temos
uma postura em relação ao meu blogue semelhante à que as minhas primas e a Mãe
delas tinham (têm?) com o tabaco: não sei de nada, não vi nada, não comento.
Por isso vou aproveitar este espaço para lhe dizer coisas de que não podemos
falar, porque é assim que funcionamos há 33 anos e, olha, a coisa lá vai
funcionando.
Mamã, ainda bem que nasceste neste dia. De certeza que a tua
Mãe ficou muito feliz por te receber. Sei que os teus irmãos ficaram muito felizes
por te receber. E sei que a infância que recordas foi feita de luto, de
silêncios, de ausências, provavelmente de crianças demasiado pequeninas
tentando não incomodar. Não sei, infelizmente, quais os cenários em que
cresceste, aquilo a que brincavas, quem eram os teus amigos, como eram os teus
dias na escola, como eram as tuas tardes de Verão. Tenho muita pena de não
saber nada desse pedacinho daquela que é, também, a minha História, mas já fiz
as pazes com esse desconhecimento. Sei a Mãe que sempre foste, a irmã, a
mulher, a Avó, a pessoa única e imprescindível (pelo menos para mim) que és
ainda hoje. Consigo imaginar a forma e a textura das tuas mãos de memória e
penso em tudo o que fizeram por mim. Faz-me pensar naquilo que as minhas mãos
significarão um dia para os meus filhos. Tenho muita, muita sorte em ter-te e,
especialmente, em poder estar contigo hoje. Sei que somos diferentes como a
água e o azeite mas sei agora que não há ninguém no mundo que aceite e ame as
minhas fraquezas como tu. Sabe que também te tenho no coração dessa forma –
adoptei-te um bocadinho como minha filha, espero que não te importes. Muitos
parabéns, B.