09 dezembro 2014

tanto faz

Não sei quanto tempo demoram as outras a chegar a esta conclusão. Eu demorei sete anos, oito meses e mais uns dias. E foi com cábulas. Se fizermos as coisas à balda, é porque somos indiferentes. Se formos cuidadosas, é porque não damos liberdade. Se temos outras vidas além da maternidade, somos ausentes. Se os incluímos em tudo, perdemos a individualidade, desumanizamo-nos. E no fim tanto faz. Eles vão achar que foi de menos ou que foi demais. Vão, acima de tudo, sentir a urgência de não replicar os nossos erros e as nossas falhas. Sobretudo aquelas que são o produto das nossas melhores intenções.

11 comentários:

Naná disse...

Nestes dias que correm, isto faz tanto sentido para explicar o medo que sinto...

Ana disse...

Eu acho possível que isso coexista com sentimentos de reconhecimento e gratidão. Pelo menos é o que sinto.

gralha disse...

Não tenhas medo, Naná.

Eu também acho, Mãe Sabichona. É o que vale.

Pisco disse...

Sim.

Mas depois, quando forem pais, vão tentar também replicar as coisas boas. :)

D.S. disse...

gralha, eu ainda sou só filha, mas a mim o que me dá sobretudo vontade é de replicar o que os meus pais fizeram de bom. Não é que tenha tido a educação perfeita ou que sejam eles perfeitos, mas fizeram mesmo o melhor que estava ao seu alcance, com a melhor das intenções, e, modéstias à parte, fizeram um bom trabalho. :)
Se as coisas forem bem feitas - e tenho a certeza que no teu caso são - no final do dia é isso que eles se vão lembrar. As coisas más vão ser tão irrisórias em comparação que nem vão figurar nas contas.

gralha disse...

Quando me encontrares, não duvido disso. Afinal, é a referência que têm. Mas vai haver sempre um ponto qualquer de clivagem, alguma coisa que falha. O que é normal em crescer e ser humano, claro.

D.S., ao contrário de todas as mães com quem falo, foi só depois de tornar-me mãe que percebi muito do que não fizeram assim tão bem. Ou, por outra, talvez tenham feito bem demais. O que quero dizer é que pode dar-se o caso de os pais serem demasiado perfeccionistas no seu estilo de parentalidade, levando a uma insuficiente necessidade de desvinculação dos filhos. O que resultou, no meu caso, numa adolescência tardia (só agora me começaram a crescer as maminhas, por exemplo).

Ana C. disse...

gralha, eu quero ler uma crónica tua numa revista todas as semanas e vou dar inicio a um abaixo assinado de relevante interesse nacional sobre este assunto :)

gralha disse...

Ana C., acho que as revistas não se interessam por pessoas com dúvidas e muito poucas convicções. Felizmente há os blogues e o Facebook e as outras redes sociais todas onde, de graça, podemos pulular e likar, likar, likar até tombar :D

Naná disse...

Ana Cê, eu assino no teu abaixo-assinado já!!!

Amigo Imaginário disse...

Eu lembro-me sempre daquela frase do Oscar Wilde: "Children begin by loving their parents; after a time they judge them; rarely, if ever, do they forgive them."

Espero que um dia os meus filhos me perdoem,tal como eu perdoei os meus pais pelos erros cometidos... e - esta é que é para mim uma grande verdade que ninguém admite - continuo a perdoá-los diariamente pelos erros que continuam a cometer.

(E também concordo com a Ana C. e a Naná!)

gralha disse...

Na mouche, Amigo Imaginário!

Naná, guarda a tua assinatura para as petições pela decência do Serviço Nacional de Saúde (e depois diz-me onde posso assinar eu).