Onze da noite do dia 25 de dezembro de 2016. A nossa família recomposta recém-nascida entrou para o carro com lugares a menos depois da quinta festa de Natal em série, com demasiados presentes ao colo, azia, zumbido nos ouvidos, a cabeça zonza de tanta conversa cruzada (Pronto, acaba aqui a aliteração. Quem é que também teve este livro?).
Estendi o braço para tocar o ombro do meu, então, namorado e sussurrei: "Em janeiro, isto acalma."
Até o diabo se ria da nossa inocência. Se o amor adolescente é crédulo, o amor na meia-idade não lhe fica atrás. Estava-se mesmo a ver que janeiro nunca chega quando a nossa árvore genealógica passa a ser uma ficus retorcida em torno de outras árvores, com ramos que não acabam, períodos de floração diferentes, ninhos de várias espécies e raízes cuja profundidade é impossível calcular. Devíamos ter adivinhado que, com a poda e a enxertia, daríamos forças redobradas ao matagal que se juntou, mas a TV Rural não deve ter abordado este tipo de culturas. Eu desligava a televisão a seguir aos desenhos animados, de qualquer forma. Ao contrário da visão popular, não acredito que o diabo tenha sentido de humor. O riso dele perante o nosso otimismo deve ser do tipo nervoso e razinza, como alguém que vai tirar um siso. Não pode beliscar a santidade de um bom mergulho no desconhecido. O diabo que continue para aí a rir enquanto nos dedicamos à silvicultura.
O diabo também se ri aqui:
Sem comentários:
Enviar um comentário