12 dezembro 2025

Dançar

De certeza que há montes de explicações científicas e pseudo-científicas do prazer que a dança dá aos seres humanos. Muito gostaria de ter tempo para procurar o que a antropologia tem a dizer sobre o assunto, por exemplo, mas alguém determinou que dezembro seria um mês perfeito para, ao trabalho habitual de um assalariado, juntar ainda imensas obrigações sociais, pelo que o tempo livre se torna escasso. De certeza também que quase ninguém quer saber das minhas insónias, mas ficam sabendo na mesma que, quando as tenho, tento visualizar-me a dançar. Danço em palcos, em ruas, pelos campos. Sereno e adormeço. Como regressei do Minho, os últimos saraus noturnos têm tido lugar nas veredas verdinhas dessas terras do norte. A propósito de norte, e porque nem só de cantoras cujos bilhetes dos próximos concertos se esgotaram sem que conseguisse comprá-los (😭) se faz o nome Rosalía, fiquem lá com estes versos e vejam se conseguem percorrê-los sem terem vontade de dar uma perninha.


Las campanas

Yo las amo, yo las oigo,

cual oigo el rumor del viento,

el murmurar de la fuente

o el balido de cordero.


Como los pájaros, ellas,

tan pronto asoma en los cielos

el primer rayo del alba,

le saludan con sus ecos.


Y en sus notas, que van prolongándose

por los llanos y los cerros,

hay algo de candoroso,

de apacible y de halagüeño.


Si por siempre enmudecieran,

¡qué tristeza en el aire y el cielo!

¡Qué silencio en la iglesia!

¡Qué extrañeza entre los muertos!

                              In Rosalía de Castro, Cantares Gallegos, 1863


p.s. Descobri que há uma escola de dança Rosalía de Castro em Havana. Se não é para isto que serve a Internet?


Pode ser que as minhas colegas do Largo se juntem à roda mais logo, aqui:

Apanhada na curva

A Gata Christie

Boas intenções

Dois dedos de conversa

O blogue azul-turquesa

Quinta da Cruz da Pedra

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