Alguns comentários a este post ficaram a debicar-me na consciência materna. Que valente embuste que sou enquanto educadora. Por um lado, insisto com fervor fundamentalista na importância da verdade. Se os meus filhos me perguntam, eu respondo. Sem me esquivar, sem desculpas, no devido formato adequado à idade. Por outro lado, não me dou a conhecer na totalidade. Não sendo doce, adoço-me. Escasseando a paciência, modero com esforço palavras e reacções. Não é que aspire a ser a mãe perfeita mas quero dar-lhes o meu melhor.
Claro que já me viram chorar. Não lhes escondo zangas nem irritações que precisam de escapar com urgência. Mas não me imaginam mesquinhez, maldade ou frieza. E sabe Deus que também tenho disso em boas doses. Eles acreditam piamente na minha essência compassiva e nem desconfiam do lado retorcido, das coisas mal resolvidas e do fundo mais negro, ausentes dos desenhos em que me retratam de vestidos coloridos, caracóis esvoaçantes e um sorriso a toda a prova. Suponho que isto de ser mãe tem sempre a sua dose de hipocrisia – quem nunca ofereceu colheradas de puré de legumes com pescada, fazendo uma refeição à parte para si, que atire a primeira pedra. Dê-se o eclipse na medida certa e para benefício de todas as partes envolvidas. Que seja por amor, não por insegurança nem por ideais socialmente impostos.
8 comentários:
Adoro esta tua fase!
E ao aceitarmos o nosso lado oculto também aceitaremos o deles, porque eles também o terão. Adoro os teus textos :)
Muito obrigada, minhas senhoras :)
Há pouco tempo, decidi conscientemente deixar de lhes ocultar certas partes da minha vida. Mas pensei tanto, tive tantas dúvidas! É muito difícil encontrar o justo equilíbrio entre o nosso amor defensivo, chamemos-lhe assim, e a realidade dos factos. Mas quando a adolescência nos entra portas adentro, temos mesmo de mudar a nossa atitude de mãe galinha. :(
Que interessante este teu post. Eu sou muito autêntica com os meus filhos, e tenho o compromisso de não lhes mentir. Por exemplo, à Mia de 4 1/2 digo quando vai levar vacinas e que estas doem um bocadinho.
Ainda não cheguei à parte da verdade pessoal e emocional e não tinha ainda pensado nisso. Hummmmm... Deixaste-me a pensar. Olha que bom!
Sorriso!
Amigo Imaginário, não, por favor, mais um espinho da adolescência. E se os meus adolescentes forem burros, será que continuo a conseguir disfarçar?
Maria Bê, também tenho esse compromisso (será da influência da cultura norte-americana?). Mas uma coisa são as dores deles, já as nossas... p.s. Ainda bem que voltaste. p.p.s. Eu respondo aos comentários! Posso é demorar um bocadinho.
Até nisso da "face oculta" pratico a verdade. Porque também quero que eles (ainda me estou a habituar ao plural) percebam que sou humana, que também sou falível e não é por isso que sou melhor ou pior
Isso é porque tu és muito boazinha, Naná :)
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