Ontem o meu marido correu a sua primeira maratona. Neste momento está ainda mais contente do que empenado, e olhem que parece um morto-vivo de um filme de série B. Um lindo morto-vivo com um sorriso contagiante. Coloquei tanta fé nele que até me fui embora antes de ele cruzar a meta, por estar convencida que já o tinha feito há imenso tempo de certeza absoluta (estava incontactável). Bela mulher que lhe saiu na rifa, não haja dúvida.
Ontem o meu filho mais velho completou a sua primeira mini-maratona. E ficou quase tão coxo e feliz como o pai. Recebeu a medalha com a solenidade de um pódio dos Jogos Olímpicos. Coisa que acontecerá um dia, não duvido – provavelmente noutra modalidade.
Ontem o meu filho mais novo esteve refastelado no tabuleiro da ponte Vasco da Gama enquanto lhe faziam massagens. Foi levado de carrinho e ganhou um gelado mais duas medalhas. Como é que algum dia há de perceber que o esforço compensa, isso já não sei.
Ontem fui só espectadora. Gritei, bati palmas, dei tantos high-fives que tenho um dedo inchado. E percebi como é complicado conciliar dois papeis que mantenho separados, o de atleta e o de mãe. Enquanto tentávamos, a custo, ultrapassar as massas de excursionistas que desfrutavam do passeio domingueiro sobre o Tejo, invocava todas as fadinhas da Floribela para não mandar dois berros ao miúdo de sete anos que tentava acompanhar-me, de língua de fora.
Há que aceitar o que é irreconciliável: a mãe boa e paciente precisa de manter-se longe da mulher dura e lutadora. A primeira retira energia da segunda, e esta alimenta-se da paz da primeira. Mais vale dar espaço ao triunfo discreto de cada uma do que aspirar à perfeição completa e virar mumzilla.
7 comentários:
Grande família de atletas! Muitos parabéns a todos :)
Não sei qual delas - estou desconfiada que foi um misto de ambas - mas fez um trabalho do caraças! Um filho dessa idade a correr a Mini maratona... Se fosse o meu Vasco, bem podia ir buscá-lo à meta dois dias depois! :)
Obrigada, D.S. Qualquer dia és tu :)
Amigo Imaginário, o trabalho foi todo dele. Não sei se deu para perceber que eu não tenho jeito nenhum para isto de mãe-treinadora.
Estou tão empenado que hoje já me perguntaram 2 vezes se tinha sido atropelado. Ao que eu disse que "sim, fui atropelado por uma maratona". :)
Gostas pouco, gostas, LG :P
No dia em que corri a minha primeira maratona, a minha "better half" também correu a sua primeira maratona :)
Apesar dela ter demorado para aí mais uma hora e picos, tentei (partido como estava) voltar atrás 1 km ou 2 para a acompanhar nessa altura. Um tipo tentar correr depois de parar 1 hora depois de correr 1 maratona não é bonito. Portanto, aquela jovem teve de acabar a maratona com um artista ao lado a saltar ao pé coxinho e a fazer marcha em poses muito esquisitas.
Acho que foi a vez em que mais sofri como apoiante mas também, visto que por várias lesões e afins ela nunca mais conseguiu correr distâncias tão grandes, é a melhor memória nesse papel :)
Força para essa tropa toda de atletas ;)
SMak
Se isso não é amor, não sei o que será, SMak :)
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