16 junho 2014
os consensuais
O consensual é um ser que se esforça constantemente por agradar a todos. O que é diferente de agradar constantemente a todos, feito impossível, pelo que o consensual serpenteia entre indivíduos e grupos agradabilizáveis, numa gestão cuidada de expectativas. O consensual é incansável no rebatimento de pequenas discordâncias que possam surgir. Domina o golpe de rins nas posições tomadas, sempre moderadas, e estica-se para chegar a todo o lado. O consensual não tem uma opinião; tem tantas quantas sejam necessárias para não desiludir ninguém. O consensual é galanteador, suave nas palavras, delicado nos gestos. O consensual tem por ambição fazer carreira política, e lá chegará se conhecer as pessoas certas (e conseguir convencê-las que, no meio de tanto consenso, tem um fraquinho secreto por elas). O consensual tem o sonho de ter um blogue que consiga para cima de imensas visualizações. O problema do consensual é que ainda não percebeu que o público precisa de sentir que é especial e cansa-se depressa de ouvir as mesmas banalidades mornas. O público quer distrair-se mas também procura quem o desafie, choque, provoque, confronte com autenticidade, ainda que isso arrisque perda de simpatia e audiência. É por isso que o consensual nunca será excepcional, por muito que se ponha em bicos de pés e acompanhe à hora certa cada tema quente da actualidade mediática.
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6 comentários:
Se soubesses o que me irritam os consensuais! Normalmente costumo chamar-lhes carinhosamente pessoas "sem espinha"... gosto de pessoas que tenham opinião, seja ela concordante com a minha ou diametralmente oposta, gosto de pessoas que sabem pensar por si, sem se sentirem obrigadas a ir com a carneirada!
Texto magnífico! Tantos consensuais neste nosso mundo morno! É cada vez mais importante ser-se frio ou quente, como diz o Apocalipse 3, 15! Ab Teresa Power
É isso mesmo...ser consensual e assim uma espécie de "sem personalidade" ...
Naná e Carla Isabel, muitas vezes é por insegurança. Mas lá que enerva, enerva.
Muito obrigada, Teresa :)
Eu trabalho como uma consensual e é a pior coisa mundo! É assim uma cena delicodoce atrás da qual se refugia para desculpar todas as lacunas possíveis e imaginárias...
:(
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