29 julho 2014
o autor-espelho
Deves achar que és muito especial. Sabe-la toda. Com meia dúzia de parágrafos, arruínas as certezas mais elementares. E parágrafos a atirar para o sofrível, num livro pouco mais que tolerável, mesmo se descontarmos a dificuldade em traduzir-te. Um chorrilho de passarinhos e uma adolescência soturna e aborrecida (olha a novidade!) são fraco recheio para esta sanduíche de azia com que nos presenteias. Com que então a minha consciência ambiental é uma forma de atenuar a culpa que carrego nos ombros de classe média? Ai quer dizer que os objectivos que estabeleço, as metas, a procura da superação física e moral são ridículas, pequenas, inúteis? Queres convencer-me que a vida é apenas uma solitária caminhada para a morte, que toda a busca de sentido é negação dessa evidência. Ah, Jonathan Franzen, e se fosses cagar na mata?
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4 comentários:
Ah, o alívio. Já começava a achar que era a única a achá-lo um pedante insuportável.
Estou a ver que é um daqueles casos em que as sinopses fazem jus aos livros... Ainda bem que o evitei!
Izzie, é um pedante insuportável cujo talento literário eu venero. Há mulheres que não escapam da violência doméstica, eu não escapo dos autores que me maltratam (comparação de péssimo gosto mas não me lembrei de melhor).
Quando me encontrares, este é francamente inferior ao Freedom e ao Corrections. Mas acredito que a tradução pode mesmo ter muito a ver com isso (os outros li no original).
Hahahah eu no primeiro parágrafo do post pensei: foi por esta merda que pousei o Freedom, livro sublime.
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