05 novembro 2014
a partilha de tarefas domésticas é pouco produtiva
As semanas que o meu marido passa na Alemanha são as mais silenciosas. Silêncio do vazio de uma voz que me chame à razão quando preciso. E também de quem se sobreponha em alguns responsos curtos e graves à chinfrineira infantil. Podia repetir queixas de solidão nocturna e de sobrecarga nos afazeres da casa, mas hoje prefiro reconhecer as vantagens da gestão centralizada. Do alto da minha autocracia temporária, tudo se faz ao ritmo e do jeito que imponho. E é claro que assim é mais fácil. Cansa muito mais debater argumentos do que estender máquinas de roupa a solo. É por isso que é urgente reconhecer esta realidade: uma vida a dois (ou a três, quatro, etc.) não se faz por conforto, tem de fazer-se por prazer. E a vida do casal em que ambos têm um trabalho fora de casa porque assim o desejam é muitas vezes um desafio à organização de horários mas sobretudo de métodos, de prioridades, de valores. No entanto, em sendo encontrado o equilíbrio, não deixa de ser uma manifestação belíssima do encontro de liberdades individuais que se complementam. E agora que toda a gente já chamou os nomes que eu também poderia chamar ao António José Saraiva, deixo-vos apenas com este pequeno desabafo.
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6 comentários:
Verdade. Partilhar as tarefas dá trabalho e exige cedências. Acho que é por isso que tantas pessoas preferem ser elas a fazer tudo...
E depois queixam-se, Quando me encontrares. Enquanto as mulheres glorificarem o seu papel de rainhas do lar não há igualdade de género para ninguém.
Por via das circunstâncias sou muito frequentemente uma espécie de "mãe solteira" e também por isso reconheço as vantagens da gestão centralizada. Porque não há cá outro elemento em quem se refugiar e fazer queixinhas...
Mas sim, a vida a dois (com apêndices pequeninos) faz-se por prazer! Se assim não é, não vale a pena...
O Tó Zé que se vá catar para bem longe!
Naná, agora imagina o paraíso: nós só a acenar, enquanto enfardamos Reese's (se não sabes o que é, dá graças pelo teu desconhecimento) e o nosso muito bem remunerado prestador de serviços domésticos faz tudo de acordo com as nossas indicações. Ahh, o paraíso.
Antigamente, adorava centralizar as tarefas domésticas, quando ficava dias a fio sozinha com os miúdos. Poupava tanta discussão que compensava largamente. Mas há homens e Homens. Hoje a situação é outra, mas admito que os "nórdicos" sejam mais avançados neste aspecto. E, principalmente, admito que há toda uma nova geração que o António José Saraiva não deve saber que existe porque ficou encalhado algures no tempo da outra senhora...
Amigo Imaginário, este post é só um truque de ilusionismo para me fazer achar que há vantagens em todo o tipo de situações. Aprendi num daqueles workshops de pensamento positivo.
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