Passada que está a fase da negação, é hora de encarar a realidade: não pode haver nada entre nós.
Há já algumas semanas que me davas a entender que precisávamos de dar um tempo. Cega pelo fogo da paixão, não quis saber de nada, pelo contrário, abraçava-me com mais intensidade, mais urgência, como se adivinhasse que o fim estava próximo. Agora acabou, mais uma vez.
Adeus planos de viagem ao Gerês. Adeus sonhos de atravessarmos a Lousã, a Madeira, quem sabe até o Monte Branco, um dia. Tu não queres compromissos dessa envergadura e eu já não me contento com breves encontros, com os mesmos percursos previsíveis. Tu segues o teu caminho, eu fico parada, envolvida num abraço de gelo azul.
Sei que a única maneira de lidar com isto é cortar todos os laços. Arrumei o equipamento. Afastei-me dos amigos que temos em comum. Desligo o rádio quando passa uma das nossas músicas e ponho os óculos escuros, engolindo as lágrimas, quando passo em Monsanto. Vai ser um resto de Outono muito escuro, sei que o frio me vai entrar até aos ossos. Que entre também nos tendões do joelho, já que não há como consertar o meu coração quebrado.
13 comentários:
Ohhh, não acredito!
Eu não corro, não é a minha onda, mas entendo muito bem o que sentes, porque quando os meus pulsos deram o berro e tive de parar de fazer as minhas aulas favoritas por me exigirem demasiado apoio de pulsos, fiquei também de coração partidinho...
Estas coisas são a prova irrefutável de que o corpo não segue os ritmos do espírito, mas enquanto houver vontade e paixão, todos os "desgostos de amor" são ultrapassáveis!
Força na recuperação, e que desta vez seja a 100%.
(Agora a quem é que vou levar chocolate quente ao Gerês, heim?!)
Outra lesão?
Nem me fales do teu chocolate quente, Ana :'(
A mesma cabra do ano passado, Inesa.
Oh gralha, que frustração! :(
Muita paciência e preserverança. Sei bem o que custa esperar a recuperação. Um abraço forte e as melhoras para o joelho e para o coração partido, também.
Obrigada, D.S. Não queres ficar com o meu dorsal? Não se arranja um voo baratinho de Sheffield ao Porto, para a semana? (alguém que me fique com o dorsal, por favor, senão não respondo pela minha inconsciência)
Oh, Gralhinha, vou acender uma vela ao meu anão para que sares mais depressa. Beijo, beijo. Não chores, já passa.
Oh, gralhita... :(
Sei o que custa. Vivi a minha adolescência toda a lutar com as dores nos joelhos (agora ainda as tenho, mas aprendi a aceitar as minhas limitações) e sei bem o que custa.
Há uns 15 anos tb tive uma tendinite dessas. Fiz uma rotura de ligamentos, a jogar voleibol e, como não repousei (continuei a coxear por todo o lado), desenvolvi o raio da tendinite. Cheguei ao ponto da inflamação se estender por toda a coxa e de o tecido das calças ser o suficiente para chorar com dores. A fisioterapia "convencional" já não foi suficiente. Acabei por ter de levar umas picadelas...
Enfim. Serve esta história toda para te recomendar: repousa MESMO! (Andar a coxear por aí não conta como repouso...)
Obrigada, Melissa. Já está a passar.
Quando me encontrares, sei que escrevi lá em cima que já passou a fase da negação mas estou em negação em relação a isso: parar custa mesmo muito, não é? Mas vou tentar ser uma linda menina.
Raios parta, pá! Quando o corpo não segue a nossa vontade é uma merda mesmo! Eu sei que custa, mas saber dar um passo atrás é essencial, Gralha. As melhoras!!!
Que chatice!
Durante a recuperação, dedica-te ao ioga - nunca ouvi os "ioguis" (?) queixarem-se de lesões.
Obrigada, Amigo Imaginário :)
mm, por acaso já uma vez magoei o joelho no yoga mas, se a coisa for feita com jeitinho, é sem dúvida uma boa opção.
Custa bastante, eu sei mas, com paciência, vais ver que mais fale uma paragem longa e uma recuperação certinha do que um calvário de intermitências.
Em corrida tenho-me safo de grandes dissabores mas, a jogar basket, já desloquei um ombro e durante dois/três meses chorei literalmente o adeus à minha carreira (qual carreira? também seria uma boa pergunta)
Mas fui com calma, segui os passos todos de recuperação e lá consegui retomar a carreira até hoje (mas qual carreira? continua a ser uma boa pergunta).
E, obviamente, isto agora é capaz de não servir de consolo nenhum por agora.
Sérgio Mak
Obrigada, Sérgio. O consolo está em haver compreensão da parte de outras pessoas com a carreira desportiva comprometida mas que deram a volta por cima.
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