Não é novidade que uma das minhas epifanias doismilecatorzianas surgiu no solo escuro e pedregoso da floresta, primeiro na Costa Rica, agora nos trilhos em que corro de madrugada. A spin-offania que daí surgiu nestes últimos dias de Verão é que vou partilhar agora convosco, minhas alminhas sedentas de vislumbres da intimidade alheia: não é só de correr nos trilhos de que gosto tanto, é do que isso faz às pessoas que o praticam.
O praticante de trail é, na verdade, um embrião: mal começa nessas lides decide logo que afinal nada abaixo do ultratrail (distâncias superiores a 42 km) chega. É, portanto, um exagerado. E um bocado bazófias, sem nunca perder a humildade. Tem sentido de sacrifício, grande espírito de camaradagem, amor à natureza, é extremamente perseverante, dedicado e, sim, tem uns glúteos jeitosos.
Então mas afinal o que é que isto tem de íntimo, gralha? É que não estou a falar de mim nem daqueles com quem me cruzo nos trilhos. Estou a falar do meu marido, que (ainda) nem sequer corre trail. Mesmo sem ter dado mais à modalidade do que algumas subidas contrariadas em Monsanto, este homem já nasceu com o espírito. Tem todas as qualidades que enunciei acima e eu ainda não me tinha apercebido da coincidência. Tantas vantagens e não me traz lama para casa. Ainda bem que o cacei.
2 comentários:
E pronto. Muito obrigado pela parte que me toca, apesar de achar que não mereço tal elogio! :)
Qual deles? ;)
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