19 janeiro 2015
desenraizados
Tantas questões delicadas numa reportagem só. O negócio da adopção internacional. Uma sociedade que fragiliza dramaticamente a maternidade (e a mulher) fora do casamento. A legitimidade de cortar com referências culturais em prol “de uma vida melhor”. A (in)visibilidade do factor racial. Um caldo de variáveis que tornam muito complexo este fenómeno da migração forçada de centenas de milhar de crianças. Numa era em que os neo-malthusianos fazem cara feia aos países de pirâmide demográfica invertida que ousam procriar em vez de trazerem para casa o que sobeja noutras zonas do globo, importa pensar de que forma a circulação populacional, designadamente a que é feita de forma involuntária e desintegrada, pode ser uma resposta ao binómio envelhecimento/explosão demográfica. É que as pessoas não são mercadorias. Vale a pena ler na íntegra, já agora.
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2 comentários:
É verdade sim e urge partilhar essa perspectiva. Muitas das pessoas que pensam em adopção não estão a par dessas questões, nomeadamente do direito ao acesso às raízes, e vêm a adopção internacional como uma forma mais célere de se tornarem pais, ao mesmo tempo que julgam estar a melhorar a vida de uma criança. Eu própria não tinha essa consciência na altura que considerámos a adopção como uma possibilidade.
É mais um daqueles casos em que se usa o argumento do mal menor. Detesto estes casos. Mas gostei muito que a reportagem não tentasse acabar com uma espécie de redenção para deixar os leitores todos contentes, acreditando num mundo melhor. Enfim, há vidas muito difíceis.
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