Lidar com livros também me recorda de quando trabalhava na biblioteca e desempenhava funções bem diferentes, completamente taylorizadas, medidas à peça, diariamente. Nessa altura era uma operária que classificava e arrumava, transportava carrinhos e chegava ao fim do dia com a sensação maravilhosa de ter cumprido cento e vinte porcento dos objectivos. Ou seja, não só passava os dias em absoluto silêncio, rodeada de luz poeirenta e de livros centenários, como ainda me davam a possibilidade de brincar ao Quem Consegue Etiquetar Mais Volumes Por Hora. E de extravasar a contrariedade de estar onde não queria com uma marreta de borracha, ajustando prateleiras à martelada e perturbando o estudo dos betinhos da Ivy League. Qual meditação, qual carapuça.
Créditos da imagem: Mark Anderson, Andertoons.
7 comentários:
:)
Nos últimos dias também andei enfiada numa biblioteca escura e poeirenta, a compilar dados de pesca. Apesar da trabalheira, é sempre mágico manusear livros dos anos 20, bafientos, pensar em quem os terá escrito, imaginar as máquinas de escrever barulhentas, pensar em quem seria o mestre daquela embarcação, descobrir a assinatura do "escriturário naturalista".
Acho que iria ser muito feliz a trabalhar numa biblioteca universitária, mesmo que as minhas funções fossem taylorizadas. Desde que não tivesse que ter contacto com os frequentadores, betinhos da Ivy League ou outros :)
Tu e a imagem da bibliotecária não batem nada certo...
Que cartoon tão fixe!
(eu tb acho que podia ser feliz a trabalhar numa biblioteca, mas eu sou suspeita, que tive uns meses a fazer de caixa do supermercado/quiosque da Students Union em Bath de manhã cedo e adorei)
Compliar dados de pesca é tentador, Quando me encontrares :P
D.S., tenho a certeza que serias, sim. (Piores que os Ivyleaguianos, só os meninos posh que são agora teus colegas de carteira - espero que em minoria, não?)
Naná, como assim? Não me julgas suficientemente sexy?
Rita Maria, nunca devemos desprezar o prazer do trabalho à peça.
Gralha: Oh não, isso é lá para os Oxfords e Cambridges, aqui em Sheffield é tudo descontraído :)
Quem me tira a paz da "minha" biblioteca, tira-me tudo. E já me cansei de explicar que sou mesmo feliz no meio dos livros e do pó.
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