16 setembro 2014
como se não bastassem os genes
Todo o tempo que passamos com os nossos filhos é determinante para as pessoas que se tornam. Nada lhes passa ao lado, aquelas esponjinhas têm sempre as antenas no ar. Depois, com aquele jeito atabalhoado de nos amarem e admirarem, acabam por replicar comportamentos. Pelo menos enquanto não chega a revolta da adolescência, o que fazemos está perfeito. Se não parece perfeito, o defeito há de ser deles, filhos, que não compreendem. Um livro que li recentemente, A Arte de Chorar em Coro, chamou-me mais uma vez a atenção para isso. Mas nem era preciso entrar no campo da ficção: vejo a forma como os meus filhos copiam o meu tom de voz sarcástico, ou uma resposta seca do pai, e encolho-me. Nem tudo é mau, noto que também absorvem intuitivamente as atitudes de generosidade e de paciência. A responsabilidade parental vai tanto além das garantias básicas de amor, segurança, educação. Sem darmos por isso, estamos a criar personagens de uma narrativa própria de cada família e a dar o tom para a acção em todos os outros cenários da vida. Para o bem e para o mal.
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7 comentários:
Tão verdade que até dói.
O meu pai disse-nos várias vezes a frase "olhem para o que dizemos e não para o que fazemos" e eu continuo a achar, especialmente hoje que tenho filhos, que é o maior absurdo que se pode dizer.
Aparte isto, diz-me como explico à educadora do mais novo a fixação dele por espadas e pistolas, fazendo-nos parecer extremamente violentos e pessoas que só vêem a Fox Crime... ahahahaah
Mas há algum miúdo que não tenha fixação por espadas e pistolas?? Não sabia.
Ahahahahaah
Os meus mais velhos não tiveram esta fixação...
É que é mesmo grave, ele anda sempre a matar tudo e todos... A prof. diz que até na cozinha de brincar ele encontra coisas para fazer de pistolas...
Além dos genes e da imitação eu acho que deve haver aqui uma carga de outras vidas, ahahahahaah
Ansiosa por acabar o Pintassilgo para começar este! Obrigada, Miss G.
Bem lembrado, Melissa, tenho de acrescentar o Pintassilgo aos a ler!
A coisa mais bonita que o meu amor me deu foi o meu filho Vasco que não é dele, mas que é tão parecido com ele. Porque aqui o efeito-espelho vai muito para além dos genes e toca o âmago daquilo que somos. E é delicioso.
Que bela verdade!
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