20 março 2025

Coreografia

A dança coletiva das mães, ah!, rodopios de roupa por passar, os esqueletos cansados que sustentam aqueles repuxões contemporâneos, atravessando o palco a toda a velocidade para acabarem estendidas no chão, atropeladas. Tenho a certeza que até as mães que não têm um trabalho a tempo inteiro, que têm com quem partilhar a paternidade, que não passam horas no trânsito, no ginásio, no voluntariado, que têm aldeias, creches, bimbys, coaches, todas dançam desesperadamente para uma audiência às escuras. Na última fila, estão as mães delas.

Sem comentários: