31 dezembro 2009

2009/2010

E cá está ele, o balanço do ano. Estive a ler o do ano anterior e a primeira coisa que pensei foi: que diferente! Gostava muito de me lembrar de mais coisas mas - e culpemos a gravidez pela amnésia - as que me vêm à cabeça são a crise económica, a paranóia da gripe A e, pela positiva, a (quase) aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo em Portugal. De resto, acho que houve menos catástrofes naturais e a "luta contra o terrorismo" deixou de ser a primeira prioridade aqui nesta terra que me acolhe, o que é um sinal de optimismo.
Pessoalmente, 2009 não foi um ano muito feliz. Os 30 anos trouxeram o primeiro creme anti-rugas e a sensação que, não, os 30 não são os novos 20. Este ano, perdi a inocência. Chorei muito. Tomei decisões muito difíceis. Abdiquei de mim em várias dimensões. Tive muitas saudades. Senti-me perdida. Enterrei os pés na neve. Mas estive mais tempo com o meu filhote e fiz outro, que não tarda muito aí a espreitar. Os meus rebentos são os raios de luz que espreita no meio das nuvens que antevejo para 2010. Mas disso falo mais amanhã. Por agora, os meus votos de um ano novo cheio de esperança, projectos e concretização de sonhos para todos os meus queridos leitores :)

30 dezembro 2009

até gostava de escrever uma coisa mais animada

Hoje foi o dia em que o meu filho disse que já não se lembrava dos amigos de Lisboa. E que só tem dois amigos (imaginários).
Eu também tenho saudades dos meus amigos.

28 dezembro 2009

hoje lá vou ter de me queixar um bocadinho

Hoje fomos fazer a última eco (em princípio), num centro de radiologia anexo ao consultório da minha médica. E que fiquei eu a saber? Nicles. Ou melhor: é rapaz (obrigada, já sei isso há muito tempo) e está na mesma posição que o mais velho estava antes de nascer (obrigada, já suspeitava pelos pontapés nas costelas do lado direito). De resto, não me dizem nada porque os técnicos não se comprometem e só os médicos podem transmitir os resultados, por causa da paranóia dos processos judiciais. Ou seja, só amanhã fico a saber mais alguma coisita. E entretanto passei toda a tarde a ver programas sobre gravidezes complicadas e problemas genéticos. Que angústia...
O que vale é que o sorriso do meu Guguita continua a ser a luz do sol. Caramba, que este miúdo nasceu mesmo para ser bem-disposto :)

26 dezembro 2009

balanço rápido

A neve está finalmente a derreter, benzádeus.
A casa está feita um estaleiro de obras, tal a quantidade de escavadoras e ferramentas que o Pai Natal deixou no sapatinho.
Fazem-me falta os doces de Natal ao lanche, aquele arrepio de enjôo quando salto dos fritos para a lampreia de ovos e para os frutos secos.
Ando cheia de contracções, espero que seja cansaço e que não ganhem ímpeto.

23 dezembro 2009

o natal custa

Não, não estou a falar do preço dos presentes, que foram quase todos produzidos com recurso à mão-de-obra infantil que encontrei por perto (i.e. Gugas). O que custa, senhores, o que me faz ter vontade de ir rebolar a pança para a neve antes de entrar na cozinha, é saber que vou ter de enfiar uma mão num orifício do perú, tirar de lá os miúdos, cortá-los, cozinhá-los, adicionar os restantes 87 ingredientes da receita da minha mãe, e voltar a enfiar aquela nhanha toda lá dentro antes de fazer um lifting aos fundilhos do animal. E, já agora, se não voltar a passar por aqui antes disso e o caro leitor não foi um dos felizes contemplados com um dos muitos postais e e-mails que mandei, votos de um Natal muito feliz. Que a doçura do Menino Jesus encha os vossos corações :)

21 dezembro 2009

não sei bem o que sinto

Ontem (e hoje), a minha mãe veio fazer mais uma das suas visitas "de médico" - isto é, fez o vôo Lisboa-NY, NY-Porto-Lisboa para passar cerca de 20 horas connosco em Princeton. É uma facilidade possível devido à profissão da minha tia e uma habilidade adquirida por uma avó muito babada que não aguenta muito tempo sem apertar as bochechas do neto. É bom, claro. E muito estranho. Porque chega e eu estou logo a pensar que já está quase a ir-se embora. Porque no meio da correria de viagens de avião, combóio, carro, malas, encomendas, presentes, novidades, quase não há tempo para aquele colinho de que preciso tanto. E se há coisa que não se pode apressar é um colinho. Felizmente, a próxima vez que vier já será por mais tempo, para apertar as bochechas do neto que vai nascer. Nessa altura, também devo estar a precisar bem de colinho.

19 dezembro 2009

hoje não me ocorre mais nada

Está a nevar com'ó c@r@ç@$.
Chega. Chega de neve!
Vou mas é fazer costoletas panadas com arroz de feijão.

18 dezembro 2009

uma escolha pouco sensata

Amanhã lá vamos de novo a NY (ter com a minha prima) e há um bichinho qualquer que me diz que isso, aos 8 meses de gravidez, com previsão de neve, vai ser mais ou menos tão fácil como ir para o Colombo no dia 24 de Dezembro, com um cachorro sem trela e uma arroba de batatas às costas. De saltos altos. Mas assim em versão "valha-nos-Nossa-Senhora".

17 dezembro 2009

tenho direitos

Se há coisa que me deixa chateada que nem um boi é, dada a minha condição de mãe a tempo inteiro, não ter a possibilidade de acordar com a telha e passar o dia com a telha. "Ai estás com a telha? Temos pena! Anima-te, que vais ter que ouvir xilofones e harmónicas, vais ter de brincar com legos e, sim, vais ter de fazer uma cara bem disposta. Ou isso, ou o teu filho também vai ficar com a telha e isso é muito pior." Caramba, hoje dormi mal. Apetecia-me enrolar-me como uma lesma e que me deixassem em paz e mainada!

16 dezembro 2009

duh!

Estava eu apoquentada porque este ano, pela primeira vez em muito tempo, não ia poder ver os Oscares em directo. Ah, é verdade, desta vez não tenho de ficar acordada até de madrugada, só tenho de deitar o Gugas um bocadinho mais cedo. Ah, e o Diogo tem de fazer o favor de nascer depois.

15 dezembro 2009

a minha avó

A minha avó é linda. Fala minhoto com uma doçura tal que me fez associar para sempre essa pronúncia aos mimos e às minhas raízes mais profundas. A minha avó não sabe o que é pensar ou dizer mal de alguém e a maior alegria que tem é imaginar o que anda a fazer o rebanho de filhos e netos. A minha avó tem mãos pequeninas e delicadas como as minhas, ensinou-me a tricotar e a rezar, mas ainda não me ensinou a fazer rabanadas - que tanta falta me farão neste Natal. A minha avó deixou de trabalhar (como professora) aos 25 anos para cuidar da família e voltou a fazê-lo, com grande alegria, 35 anos depois, quando perdemos o meu avô. Acho que continua apaixonada por ele, apesar de já ser viúva há 20 anos. A minha avó tem os olhos azuis mais transparentes do mundo, que passou ao meu pai em versão verde e a mim e ao Gugas em versão castanha-esverdeada. A minha avó escreve-me longas cartas a contar tudo e mais alguma coisa do que se passa agora e de como foi a ida dela sozinha para África, de navio, com quatro filhotes pequenos. E faz-me sentir que não sou só um ser inútil que foi viver para o fim do mundo, mas que faço parte de uma linhagem de mulheres corajosas que largaram tudo em prol de um bem maior que é a família. Adoro a minha avó.

12 dezembro 2009

nesting

Já fiz e enviei todos os presentes e postais de Natal. Engraxei sapatos, arrumei cintos, lavei camisolas, organizei armários. Ando num frenesim e, se isto não passa, vou ter de ir fazer biscoitos. Estou a tentar guardar o tratamento das roupas do Diogo para Janeiro, mas não sei se me contenho. Desta vez, o instinto de fazer ninho está a bater forte. Espero que passe depois do nascimento, ou ainda me transformo na minha mãe.

11 dezembro 2009

fresquinho

É certo que estou grávida e que a minha casa está aquecida a 21,1ºC, mas cada vez mais acredito que todos os termómetros em Portugal são altamente mentirosos. É que cá estão -4ºC mas tenho mais frio quando estão 10ºC desse lado do mar. Hoje, saindo à rua, senti as orelhas e o nariz a criar estalactites, não o nego, mas não ando a tremer a fungar, sonhando com um chá quente e várias camadas de tecido polar. A culpa deve ser da humidade que sempre banha a minha pátria.

07 dezembro 2009

ora venha de lá essa beijoca

Um grego, uma búlgara, dois ucranianianos e dois portugueses estavam sentados à mesa. Não, não é o início de uma anedota, foi mesmo o nosso jantar de ontem. Passo tanto tempo em casa que, às vezes, até me esqueço que estou na América. Depois, chego a casa das pessoas e faço figuras estranhas quando resolvo cumprimentar toda a gente com duas belas beijocas. É que, depois da primeira pessoa, não podia deixar de o fazer com os outras senão, para além de estranha, era sectária. E depois fiquei o resto da noite com a sensação que a minha alegria e calor humano estavam a ocupar demasiado espaço. Enfim, foi agradável conviver com outros europeus, ainda que das outras pontas do continente. Apesar de tudo, podemos todos fazer pouco dos hábitos do Novo Mundo.

05 dezembro 2009

um sábado como outro qualquer

Ikea pela manhã. Agora, ficar no quentinho a beber chá e tricotar, enquanto os machos da casa se entretêm a montar móveis. Daqui a pouco, vamos fazer a árvore de Natal. Tenho a certeza que o meu dia é semelhante ao de muitos de vós - a diferença é que aqui está a nevar :)

04 dezembro 2009

da emancipação da mulher

Nos dias em que lavo as casas de banho, gosto de pôr uma maquilhagem especial e ouvir a minha playlist "power". Ajuda-me a esfregar as sanitas com renovado vigor, enquanto tento não pensar nos 19 anos de estudo e 11 anos de trabalho que já deixei para trás.
Às vezes, acho que a ironia é a única coisa que me salva da auto-comiseração.

03 dezembro 2009

fui trocada por um iPhone

Pronto, eu sei que ele (o iPhone) é mais novo que eu, que é todo fofinho e tem montes de aplicações. Mas daí ao meu marido deixar de me falar à noite, depois do jantar, no único momento do dia a dois, em que eu podia conversar com um adulto... Já passam o tempo todo juntos! Quero ver se tem alguma aplicaçãozinha para quando quiser outro tipo de conversa.

01 dezembro 2009

esta noite vi-o

Era parecido comigo mas moreninho, com o cabelo e os olhos escuros como o pai. Esguio e com um olhar inquisitivo. A dar muito depressa às perninhas. Acho que vai ser assim o meu Diogo (da outra vez acertei).