29 maio 2008

a juventude está perdida

Pensava que as únicas coisas que o Gustavo tinha em comum com o Marco Paulo (nos seus tempos áureos) eram os caracóis e o gosto musical duvidoso. Mas não, ele também tem dois amores.
Já sabia que a Clara andava a arrastar a asa - as Claras têm todas um fraquinho pelo Gustavo, não é Sara? ;) -, que isto de dar empurrões toda a gente sabe que é uma manifestação de interesse, mas parece que a paixão da Sila não é menos assolapada. Pelo menos hoje, mal chegámos à creche, ela veio a correr pelo corredor, toda espavorida, abraçou-o e beijou-o em cada centímetro de bochecha que apanhou a jeito (e há muita bochecha no meu filho, senhores). O Gustavo estava meio em choque, meio a curtir aquilo tudo. Isto é que é uma pouca vergonha!

(Mas eu achei tão lindo!!! Afinal acho que não vou ser uma sogra assim tão má)

28 maio 2008

o que nos alimenta a fornalha

Sempre fui pessoa de desejos simples e ambições moderadas. No fim de um ano lectivo, comemorava com um banho de imersão e uma coca-cola. E que prazer que isso me dava!

(não vamos pegar por aí, pelas férias de Verão, que ainda vamos parar à falta de férias e à falta de Verão, e hoje ainda não vou refilar por isso)

Junho trazia a Feira do Livro e uma noitada seguida, de janela aberta para as cigarras encaloradas (mais uma vez, não vamos por aí), a devorar um ou dois volumes do que tivesse comprado.
Julho trazia as férias na praia, o melhor bálsamo que sempre me puderam dar.
Agosto trazia as férias em Lisboa, deserta, a fazer só e apenas o que me apetecia.
Setembro trazia os livros escolares novos e as encomendas para o Outono do catálogo da La Redoute.
E pronto, isto era o meu Verão, a minha época de ouro. Aquilo que me motivava para o resto do ano, de chuva e frio, que sempre tive dificuldade em suportar.

Agora parece que (me) roubaram isso. O que é que me alimenta a fornalha? Uns miminhos bons pela manhã. E a esperança de que o fim-de-semana dê para passear.

(mas em Junho logo voltamos a falar do estado do tempo, porque isto é um assunto que levo muito a peito)

27 maio 2008

o dom da palavra

Como qualquer blogomamã que se preze, também eu gosto de vir para aqui apregoar os dons do meu filho. Neste caso, as muitas palavras que ele já domina (acrescento a tradução para os menos fluentes nesta língua):

Mamã = Mamã
Mã-mã-mã = Peguem-me ao colo para eu chegar às facas sobre a bancada.
Mamããã = Tenho sono.
Mamã = Passem-me aí mais dessa broa de milho, sff.
Mamã = Warning! A fralda está cheia (ups, tinha prometido não falar mais disto).
Mamã = Larguem-me, não gosto de colo.
Mamã = Quem és tu e por que é que estás a fazer essa cara palerma à espera que me ria?
Mamã = Faz-me miminhos, mamã.
Mamã = Parem lá de falar uns com os outros, não vêem que eu também quero participar?
Mamã-ão-ão = Onde está o Matias?
Mamã = Quero brincar com o telemóvel.

p.s. Pronto, ele até já sabe outras palavras, mas estas servem para quase tudo...

23 maio 2008

temos homem!

O meu filho (atentem no orgulho com com uso esta expressão, "o meu filho") come arroz com feijão e tabasco - e gosta. O resultado é facilmente imaginável.

(Isto para acabar uma semana que tem sido um hino à escatologia. Ah, já agora, muito bom: cocó na fralda. Obrigada Inesa. Pronto, eu prometo que se acabam por aqui os cocós)

22 maio 2008

ora, como e que eu hei de dizer isto?

Que cocó de tempo! (tenho que me desabituar de dizer asneiras, maternidade oblige)

Pelo menos, vai haver menos incêndios este ano.
Pelo menos, não vai haver seca.
Pelo menos, adia-se um pouco a desertificação do país.
Pelo menos, diminuem os acidentes de automóvel graves.
Pelo menos, não sobe o preço das hortaliças.
Pelo menos, não cheira tão mal nos transportes públicos.
Pelo menos, os estudantes não têm desculpa para não estudar para os exames.
Pelo menos, não tenho de lavar o carro.
Pelo menos, consome-se menos gelados e bebidas alcoólicas, que engordam horrores.
Pelo menos, não evapora a água das piscinas.
Pelo menos, não apetece comer bolas de Berlim na praia (que a ASAE já proibiu, de qualquer forma).

Que bom... É só vantagens.
(Cocó, cocó, cocó!)

21 maio 2008

ah, então é por isso

Está explicado por que é que eu tenho um "angel baby" (cf. Tracy Hogg). Segundo esta notícia, usar telemóveis na gravidez gera criancinhas irrequietas. Eu, por mim, quanto menos puder usar um telemóvel, melhor.

(o mesmo já não se aplica ao tal angel baby, que tenta, por todos os meios, surripiar-me essa ferramenta do demónio)

17 maio 2008

gostar de cães

Gostar de cães é uma armadilha. Eu até gosto de gostar de cães, mas dá tanto trabalho...
Aqui há uns milhões de anos, uma alcateia de lobos juntou-se e decidiu: vamos ser giros e queridos para sermos adoptados pelas pessoas e não termos de nos cansar para comer qualquer coisa. Meu dito, meu feito, pelo que vem de longe esta mania humana de ver um cachorro e levá-lo logo para casa. De certeza que eu descendo em linha directa do primeiro Homem que se deixou encantar pelos canídeos, a avaliar pela minha ascendência e, agora, descendência.

Senão, vede:

(mais 9 anitos e começas a levá-lo tu à rua 4 vezes por dia, meu filho, não seja por isso)

13 maio 2008

ai agora querem que eu perceba de cálculo financeiro?

Estou a tornar-me especialista em fingir muito bem que estou a perceber tudo o que me estão a explicar e que vou aplicá-lo, afincadamente, daí em diante. É simples: vou alternando entre o anuir com a cabeça, o segurar o queixo e fazer "hum, hum..." e um olhar interessado, curioso, sedento de mais sabedoria. Alguém me sabe dizer se esta minha nova competência serve para alguma coisa para além da política e do trabalho com doentes mentais?

08 maio 2008

ser senhora de mim (e não só)

Estou de volta ao meu espaço de trabalho, depois de um exílio forçado de demasiado tempo. Até me deu vontade de chorar quando me vi de frente para a minha linda vista para a Cidade Universitária, na minha querida secretária, com a flor de papel que recebi do Gustavo pelo dia da Mãe. Estou no meu espaço. Meu. E não me arredam daqui nos próximos tempos. E não tenho ninguém a chatear-me de 5 em 5 minutos e a fazer grandes dramas acerca de pequenos nadas. Uffffff...
E para comemorar a nova liberdade, ontem resolvi esquecer as rotinas e, chegando a casa, ala comigo e com o filhote para a banheira. Deitámos metade da água cá para fora. (Re)descobrimos as texturas um do outro. Ele apaixonou-se pelo meu umbigo. E rimos, muito. Foi tão bom! :)

06 maio 2008

mulher menina mulher

Para todas as que acordam de manhã e nem sempre reconhecem aquelas pernas e braços compridos.
Para as que gostavam de subir às árvores mas também se escapuliam, volta e meia, com os sapatos de salto alto da mãe.
Para as que guardaram muitas cartas de amor palermas, que nunca chegaram a ser enviadas.
Para as que passaram noites de Verão a olhar para as estrelas e a imaginar que alguém estaria também, naquele momento, a olhar para elas.
Para as que queriam ser bailarinas. E fadas. E sereias. E princesas.
Para as que escreviam diários, trocavam bilhetes com as amigas nas aulas, e desenhavam o nome na areia molhada da praia.
Para as que ainda têm tanta vontade de fazer estas coisas - não somos todas?

Para quem tiver paciência: The Lucky One (au revoir simone)

04 maio 2008

dia da mãe

Aproprio-me deste dia, a cada ano um pouco mais. Quero lá saber se me julgam extemporânea ou limitada, mas aquilo que me faz sentir mais realizada na vida é ser mãe. Adoro ser mãe. Adoro os abracinhos abrutalhados, os grandes sorrisos de chinoca, o mantra mã-mã-mã-mã-mã que entoa quando está ensonado. Adoro e sinto-me a explodir de orgulho com cada nova conquista do meu filho. E quem não sabe dar valor à preciosidade que é ser mãe é um totó. Obrigada ao meu marido, que me deu esta oportunidade e que é, ainda por cima, o melhor pai do mundo.

p.s. E esta noite sonhei que estava grávida do próximo. Já sabia o sexo e o nome do bebé. Vejam só a minha ânsia... e o meu desespero por ter de continuar a adiar...

p.p.s. E um beijinho também para a minha mãe, de quem eu gosto muito, apesar de me ter feito arroz de grelos para o jantar de ontem.

01 maio 2008

a primeira manif

De pequenino se mobiliza um gralhinho, de modo que, ontem à noite, o Gustavo lá foi à sua primeira manifestação (contra as touradas). Foi a segunda do Matias. Mais uns aninhos e já andam os dois a distribuir panfletos e a organizar abaixo-assinados, os meus lindos. Estou tão orgulhosa.


p.s. Escusam de comprar o jornal porque acabei por não assassinar ninguém. Ainda, pelo menos.