31 dezembro 2010

balanço de 2010

Quem me conheça já sabe que este ano foi para mim, em geral, uma merda. Desculpem a expressão menos bonita.
Ora bem, felizmente a memória apaga muito do que não queremos lembrar por isso não vou fazer do blogue uma cábula da desgraça, pelo contrário.

2010 foi maravilhoso porque:
Nasceu o meu filho Diogo!
Passei dois belíssimos meses em Portugal.
Fui ao casamento das minhas primas, em Portugal.
Soube que ia ser tia de pelo menos 3 bebés (ainda tenho esperança de mais em breve).
Recomecei a trabalhar e conheci algumas pessoas interessantes.
Temos tido saudinha, graças a Deus (e ao clima seco e ao aquecimento central em todo o lado).
Não tive de aturar nenhuma campanha eleitoral, telenovela da TVI, taxista ou funcionário de repartição pública.

Desejos para 2011:
Continuação da saudinha (nomeadamente a mental).
Mais sobrinhos.
Ir a Portugal a tempo de fazer praia e comer peixe grelhado com sangria branca.
Arranjar um emprego que pague o suficiente para cobrir os custos da creche.
Arranjar amigos aqui.
Que seja depressa 2012 para voltar para Portugal.

Resoluções para 2011:
Não emagrecer mais (só para ser original).
Não me irritar com os meus queridos filhinhos quando o desejo nº1 para 2011 estiver em questão.

29 dezembro 2010

solidariedade parideira

Esta-me a nascer um sobrinho neste momento. Uso a forma reflexiva do verbo porque ja passei pelo mesmo e partilho um bocadinho da excitacao, da angustia, da curiosidade - e do medo, do cansaco, das dores, ai caramba... Estamos todos em suspenso, a espera que apareca um bonequinho muito branquinho e louro. E eu so penso na coragem que a M. precisa de ter neste momento. Forca ai, mulher! Espero que corra tudo o melhor possivel.

28 dezembro 2010

Natal 2010 e neve

Mimos, mimos e mais mimos. Passeio de comboio a vapor, criancas a espera do pai natal e muita comidinha boa. A melhor coisa do mundo, que e ter a minha familia comigo. E hoje de volta ao trabalho, apesar do meio metro de neve. Haja roupa impermeavel e cenouras para narizes de bonecos de neve!

24 dezembro 2010

Natal, segundo a Mãe

Umas dores nos rins desgraçadas. A noite gelada ainda vai a meio e não há onde parar num sítio abrigado. Será que é agora que o Menino vai nascer? Ups, a sela do burro está toda molhada! José, pára aí se faz favor, que a Criança está com vontade de vir ao mundo. E ninguém para ajudar... Dói tanto... Custa tanto... Ahhhhh...
...Tão lindo, o meu Menino! Tão perfeito! Não é por ser Filho de Deus, mas é mesmo o bebé mais bonito que já vi. E agora? Será que vou saber como amamentá-lO?? Parece que Ele sabe sozinho... Que cheirinho tão bom, o cheiro a filho. Meu filho... Mas quem são estas pessoas que chegam e que se ajoelham junto a Ele? Será que sabem como é precioso, como é único, como eu sei? Será que alguém O vai alguma vez amar como eu O amo? Por favor, meu Deus, afasta-O de todo o sofrimento ao longo da vida. Não deixes que adoeça, não deixes que sofra, não deixes que seja alvo de injustiça. É o meu Menino... Sei que vou partilhá-lO com todo o mundo que O queira conhecer mas esta noite deixa que seja só meu. Deixa-me acreditar que este amor, esta serenidade perfeita duram para sempre.

Feliz Natal a todos, já agora!

21 dezembro 2010

a cultura do músculo

Que caia por terra aquela ideia de que as bibliotecárias são meninas tímidas e frágeis, escondendo-se por trás de óculos com lentes de 2 cm de espessura (de tranças, mini-saia e sorriso travesso, para agradar ao imaginário masculino). Não, senhores, as bibliotecárias podem até usar esse disfarce mas são, na verdade, autênticas estrelas do halterofilismo, dotadas de músculos capazes de fazer inveja a certos governadores da Califórnia. É que passar 8 horas seguidas (com meia hora de almoço pelo meio) a levantar livros, arrumar livros, mudar livros de prateleiras é desporto de alta competição. Tenho de começar a comer bifes ao pequeno-almoço!

18 dezembro 2010

estamos prontos para as festas

Hoje fiz as compras para as refeições do Natal e saí do supermercado com um talão tão comprido que dava para dar a volta à minha cintura - caso eu estivesse grávida de 9 meses de gémeos, entenda-se. Demorei meia hora só para arrumar tudo na minha cozinha de 3 metros quadrados, felizmente dotada de um gigante frigorífico. Valha-nos a generosa contribuição dos comensais que chegam de avião no dia 24. Só espero não salgar demasiado o bacalhau nem estorricar o perú, é a minha honra de mãe de família que está em jogo.

17 dezembro 2010

que é para não estar sempre a dizer mal dos americanos

O meu coração empedernido, rochedo inderretível de mistérios insondáveis, derreteu-se hoje quando uma das minhas colegas do trabalho de que me despeço me estendeu um embrulho com toda a simplicidade. Abri: um livro. Um livro dela, que ela leu e, pelo que conheceu de mim nestes breves meses, achou que eu ia gostar. Não me podem oferecer nada melhor do que isto. Saber que toquei alguém, que essa pessoa me conheceu um bocadinho de verdade, e que vai lembrar-se de mim. É capaz de ser extremamente lamechas da minha parte, mas acho que essa é a minha noção de humanidade.

16 dezembro 2010

e sai mais um emprego novo para a gralha

Segunda-feira deixo as lâmpadas de baixo consumo, a climatização e o isolamento térmico. Vou agarrar-me aos cerca de 2,2 milhões de volumes, ao longo de mais de  88km de estantes, da biblioteca da Universidade de Princeton. Aposto que não vou ter tempo para ler nem uma linha de nenhum deles mas só o facto de estar rodeada de livros, no meio do silêncio e da poeira, dá-me uma serenidade que só quem ama os livros pode compreender. Vamos ver como é que este corre...

15 dezembro 2010

querido pai natal

A minha lista de desejos (que é para não dizer o previsível wishlist, eu que até falo americano e tudo) é:

Uma criada.

Pronto, em não havendo, pode ser uma senhora que preste serviços domésticos, que é mais políticamente correcto. Se tal for, de todo, impossível, por favor que o meu marido se converta em Mormon e arranje uma mulher nova para tratar da comida, da roupa e das limpezas em geral. Se for asseada, feiotita e não se meter na minha vida, fecho os olhos a trocas de carinho com a devida contenção. De preferência enquanto eu estiver a tomar um banho de imersão e a ler um livro sossegada, sem ouvir "mamããããã!!!" de 2 em 2 minutos.

14 dezembro 2010

viagem no tempo

Ontem ao jantar (aqui, visualizem o caos do costume) dei por mim a imaginar o que pensariam a gralha & su muchacho se aterrassem naquele cenário vindos directamente do dia em que se conheceram.
Interlúdio explicativo para quem não sabe: conhecemo-nos com 17 e 15 anos, respectivamente, no clube de remo em que ambos treinavamos.
O muchacho devia pensar: "Eh pá, enrolei-me com esta?!? Eh páááá... Enrolei-me com esta!"
A gralha, por seu turno, pensaria: "O quê? Eu casei-me com este pirralho??? Olha, olha, parece que é como o vinho do Porto..."
Depois, reparavamos nos dois rebentos à mesa, um fazendo golpes de karaté para deitar pelo ar as colheres de sopa, o outro choramingando que isto e aquilo e aquilo.
Reacção dele: "$&"$&±@!!! É nisto que eu me vou meter?!? Bem, pelo menos são parecidos comigo..."
A minha reacção: "Ahhhh... Tão queriiiidoooosss... Não acredito que vou ter uns rapazes tão lindos..."
E pronto, sendo assim, provavelmente haveria certos acidentes que aconteceriam na mesma, apesar do aviso prévio.

11 dezembro 2010

a título de advertência

Caso alguém sem filhos ainda desconheça este detalhe importante, saiba que a parte pior (de ter filhos) é sem dúvida quando estão doentes. É assim uma mistura explosiva entre angústia, impotência, e um cansaço comparável ao de um remador de galés. Mas que tem de conseguir cantar o The Wheels on the Bus a compasso com as remadas, enquanto esboça o sorriso possível.

09 dezembro 2010

a grande baralhação

Passo o dia a falar Português, Inglês e Espanhol. Estou a preparar-me para entrevistas em Francês e Alemão. Não é preciso dizer a confusão que vai na minha cabeça, pois não? Ora pronto, in that case je vais hacer etwas wichtiger. Tipo, o jantar.

06 dezembro 2010

let it snow, let it snow, let it snow

É mesmo giro sair do trabalho e ir buscar a filharada debaixo de uma tempestade de neve. Pronto, são só uns flocos miseráveis, mas uma menina pode sonhar, certo? E agora é fazer o jantar, tratar dos banhos e das roupas, responder a e-mails e mandar postais de Natal. Gosto desta rotina que temos agora, apesar do cansaço, por isso o mais provável é a minha vida levar uma volta e ficar de pernas para o ar, não tarda nada. Desde que tenha neve no dia de Natal, a minha família esteja comigo e o perú não fique estorricado, tudo bem.

03 dezembro 2010

10 meses

Meu filho querido, este mês aconteceu uma coisa: perdi-me de amores por ti. Não sei se foi por passar menos tempo contigo, apreciando melhor cada momento que temos juntos; se foi porque agora andas sempre bem-disposto, com um sorriso contagiante; se porque já levantas mesmo o bracinhos e chamas "Mamã". Sei que tenho o coração cheiinho e uma vontade constante de te espremer com mimos. És o meu bebé lindo, estás crescido e és perfeito na tua individualidade.
Quanto ao desenvolvimento, continuas a procurar todos os perigos, descobriste que gostas de comer os sólidos pela tua própria mão e pões-te de pé a tentar chegar a todo o lado. O mano é cada vez mais o teu super-herói e os brinquedos com que ele está a brincar são sempre os mais apetecíveis. Parabéns pelos teus dez meses, Diogo!



01 dezembro 2010

presentes de natal

Sendo eu aquela pessoa que, se pudesse, só oferecia e recebia presentes simbólicos, feitos pelos próprios, com todo o carinho e tempo do mundo, dispensava bem este lado material do Natal. Este ano, em efeito exponencial, visto que o facto de estarmos longe é razão para termos de comprar o que várias outras pessoas nos oferecem. Enfim, o mundo não é perfeito, a imaginação escasseia e o tempo ainda mais. Mas há uma coisa muito boa chamada Internet que permite que se esteja em frente ao portátil e compre tudo de uma assentada, sem filas, sem empurrões, sem bebés chorosos a pedir para ir para casa. Obrigada Amazon! Já que fiz publicidade, bem podiam fazer um desconto.