28 abril 2007

a idade da inocencia

Ao contrario do que pode parecer, este post nao e sobre o meu filho. Alias, ja era tempo de escrever um post que nao fosse sobre ele, ja que isto nao e um beibiblogue. Nao que tenha alguma coisa contra os beibiblogues (e tao giro este neologismo, nao e? Acho que vou regista-lo), nem sequer acho possivel falar sobre alguma coisa na minha vida que exclua completamente o Gustavo, mas sinto a necessidade de redefinir a minha identidade. A gralha e mae gralhinha, mas nao deixa de ser a gralha por si so, nao e?
Bem, este post ja esta a ficar demasiado "de gaja" para o meu gosto (deve ser de ver demasiados episodios da Anatomia de Grey. E so a mim que a Meredith comeca a irritar um bocadinho com tanta indecisao, interrupcao e demais lacarotes linguisticos e comportamentais? O que a safa e que anda sempre com roupa muito gira) e estou a divagar. Aquilo sobre o que queria mesmo falar e a minha nova condicao de "senhora". Caras leitoras: a partir de quando e que as comecaram a tratar por "senhora"? E que, a mim, foi desde o momento em que comecei a andar com um carrinho de bebe para todo o lado (e verdade, sou uma mae desnaturada, ate ao banco, ate pelo meio de um relvado com rega automatica - felizmente, so eu apanhei uma molha -, ate dentro de um gabinete de provas de roupa o levei). Nao tenho cara de ter dezasseis anos, e certo, mas continuo a andar de calcas de ganga, tenis e despenteada. Um bebe faz de nos senhoras. Ponto final.
Mas e tao engracado voltar a casa dos meus pais, deitar-me na minha cama de solteira e olhar a minha volta: esta tudo na mesma, a excepcao de uma cama portatil para quando o Gustavo la for dormir. As fotografias com os amigos, os elasticos de cabelo na mesa de cabeceira, as mil caixas e caixinhas cheias de papeis e inutilidades que nunca deitei fora nem sei porque. Eu sou a mesmissima pessoa agora que era ha 11 meses atras, quando vivia naquela casa. Tenho um filhote que me consome de paixao so de olhar para ele enquanto dorme - tenho mesmo de escrever um post sobre isso, para tentar convencer os indecisos de que vale MESMO a pena ter filhos - mas continuo a ser a gralha que gosta das coisas que gosta, com as mesmas certezas, na mesma inocencia. Comeco a acreditar que a idade da inocencia e toda a idade para aqueles que nao perdem, tragicamente, essa inocencia. Mas se, na infancia, essa inocencia e o resultado da impreparacao para o mundo, na idade adulta, reflecte a falsa conviccao de que agora e que somos os donos da nossa vontade. Agora e que sabemos tudo. Agora e que tomamos as decisoes certas, quase sem hesitar.
Olho para as fotografias da minha mae, nos anos 70, de cigarro na mao, quem sabe se a dancar ao som dos Rolling Stones, e para mim, a escolher o seguro automovel, o pediatra, os ingredientes para o jantar de amanha, e vejo que nada muda. Somos sempre inocentes neste mundo enorme e insondavel. E que bom que e.

p.s. Peco desculpa pela grafia desamigavel mas o meu computador e insuportavelmente lento e so acabaria de escrever cada post no mes seguinte.

21 abril 2007

tira de lá as cagadas

É incrivel o que a paternidade faz às pessoas. Ontem o meu esposo veio queixar-se que eu tinha usado a palavra "cagadas" em relação ao nosso filho. Em primeiro lugar, eu não usei "cagadas" mas, sim, "cagadelas". Ora existe toda uma diferença monumental entre ambas as expressões: a primeira é o resultado de um verbo muito feio que eu nunca utilizo; a segunda é um termo semi-carinhoso com uma linda sonoridade, que rima com belas, janelas, mozarellas... Também podia ter dito "caganitas" mas ai não estaria a representar os objectos em questão que eram, de facto, volumosos. Isto tudo para dizer que me parece que vão desaparecer cá de casa todas as palavras feias, que vão ser substituidas por eufemismos infantis muito mais divertidos. Está aberta a porta aos punzetes, rabiosque, pipoca, pirilau, poo, xixizinho, etc. É mais uma das transformações que um filho traz às nossas vidas.

ps - daqui fala o L. Isto são tudo mentiras!

pps - daqui fala a gralha: arranja o teu próprio blogue. Lá porque te peço para escrever um post, isso não te dá direito de pilhar o meu blogue.

17 abril 2007

repuxo

No espaço de duas horas, depois de xixis e cagadelas tão gigantescas que sujou duas mudas de roupa, fraldas de pano, almofada e a minha t-shirt e calças, dei-me por vencida e fui dar banho ao gralhinho. Fresquinho, lavadinho e, mesmo antes de lhe vestir a última muda de roupa lavada e passada (nós devemos ser os únicos pais que não compraram roupa a mais), brindou-me com um valente repuxo enquanto sorria, encantado da vida. Alguém já está a desenvolver o sentido de humor...

13 abril 2007

vinte e oito

Descubra as diferenças: o que é que a gralha comemorou no ano passado com mojitos, praia, iguanas e a dançar salsa e merengue com muchachos cubanitos (no maior dos respeitos, que eu sou uma senhora respeitável) e este ano comemora com sprite, zoo, crocodilos e a dançar o Best of dos Police com o gralhinho? O aniversário!!! Parabéns para mim, nesta data querida, lá lá lá lá, lá lá lá, etc. E não é que este aniversário ainda está a ser melhor que o passado? ;)

12 abril 2007

1 mês

Coisa mais linda e querida da minha vida, já tens um mês de vida! Estás crescido, atento, curioso e cada vez mais glutão. Infelizmente, com os primeiros sorrisos a valer, que me deixam tontinha de alegria, vieram também as malditas cólicas, que não te largam o dia inteiro (quem disse que eram só ao fim da tarde enganou-me tão bem como quem disse que os enjôos da gravidez eram só "matinais"). Começámos agora com o Colimil, vamos ver se faz alguma coisa...
O que sinto neste dia é muito intenso. Este mês foi muito intenso. Desvanece-se o trauma do parto - que é um experiência traumatizante, quer se queira quer não - e criamos um novo e definitivo espaço na nossa vida e no nosso coração para ti, filhote! Não consigo encontrar as palavras adequadas para tudo o que despertas em mim: os medos, as alegrias, as dúvidas, os acessos de paixão... Deixo-vos com algumas fotografias do dia :)


07 abril 2007

só porque condiz com os olhos



Que lindo que ele fica, não é? (não, aposto que a maioria de vós está a pensar). O paizinho benfiquista (buuuu!) é que não acha muita graça a esta fotografia mas tirei-a de propósito para mandar ao meu irmão.
Finalmente consegui ligar o meu computador à Internet. É ultra-lento mas, pelo menos, dá para escrever com acentos - isto é, quando o Gustavo me der uns intervalinhos - e tentar visitar de vez em quando os blogues que já não frequento há muito tempo.
Boa Páscoa a todos são os votos da família gralha. Por falar nisso, apesar de o gralhinho ser fisicamente igual ao pai, dá-me ideia que está a ficar um verdadeiro gralhinho: gralha, gralha, gralha, acordado, a dormir, a mamar então nem se fala! É o orgulho da mãe :D

04 abril 2007

tributo a todas as donas de casa

Mulheres (e homens, que também os há) incompreendidas deste país, que passais horas e horas, dias e dias, meses e meses a circular entre o fogão, a tábua de passar a ferro, o aspirador e o pano do pó: como nunca antes, compreendo-vos e admiro-vos. Dona de casa não tem hora de almoço. Dona de casa não tem férias. Dona de casa não tem estatuto, nem ordenado, nem colegas de trabalho com quem conviver.
Adoro estar com o meu bicharoco pequenino mas já não posso ver o ferro de engomar! A roupa multiplica-se no cesto da roupa suja e os rolos de cotão acumulam-se nos cantos. E os cães nem estão lá em casa (por enquanto). E o meu moço ajuda-me imenso (agora até monopoliza os cozinhados e tudo). Help! Sou uma control freak, faz-me muita confusão não estar a conseguir dar conta de tudo decentemente...
E no meio disto, as noites interrompidas começam a ter efeitos no meu cérebro de já-não-teenager-há-uns-anitos: o L. diz que ando a fazer coisas estranhas, como acordar sobressaltada a pensar que me esqueci do bebé na nossa cama, ou acordá-lo para lhe dizer coisas das quais não me lembro no dia seguinte. Isto está bonito, está. Enquanto não fizer nenhum disparate maior, lá se vai andando...