28 novembro 2009

coisas mesmo boas aqui

Justiça seja feita, ao fim de quase dois meses de imersão americana. Há coisas aqui que são mesmo boas. A minha preferida é poder-se voltar à direita quando o semáforo está vermelho. Também é bom que haja um Starbucks em cada esquina. As maçãs são as melhores que já comi, quase me vêm as lágrimas aos olhos só de pensar no aroma e na forma perfeita como fazem *crisp* quando se dá uma dentada na polpa sumarenta (gosto de maçãs, pronto). Tudo é feito em medidas estandardizadas, o que significa que as caixas cabem nas estantes, as embalagens de comida no frigorífico e a roupa nos armários. Tudo o que é interiores está sempre tão quentinho que posso finalmente usar aquelas roupas tão giras (e inapropriadas em Lisboa) como os vestidinhos de malha e as camisolas de manga curta. Há mesmo quatro estações do ano, o que se reflecte na natureza e, imagino, no estado de espírito das pessoas. Há uma sensação de isolamento e lonjura, é certo. Mas também parece que o horizonte é maior e ficamos com muita vontade de nos fazer à estrada e andar, andar sem destino. E há bandos de gralhas que nos visitam de vez em quando.

27 novembro 2009

a prova de que princeton não é bem a américa

Hoje, numa das livrarias do centro, na bancada dedicada à "new fiction": José Saramago (buuuuu!) e Gonçalo M. Tavares. Claro, já tinha antes visto José Rodrigues dos Santos. Até me chora o coração lusitano.

26 novembro 2009

os presentes recebidos

Como americana praticamente de gema, comprei a edição de Dezembro da revista da Oprah, que tem alguns artigos muito interessantes acerca da importância da dádiva. A verdade é que tenho cada vez mais dificuldade em receber - e gosto muito de dar. Gosto de pensar em presentes personalizados para cada pessoa realmente importante, sou capaz de oferecer coisas de que não gosto porque sei que aquela pessoa gosta, e fico enervada quando não tenho tempo para comprar o presente perfeito para cada um. Já receber... Começou por ser aquela sensação estranha de não saber como reagir perante alguma coisa de que não gosto mesmo. Depois, sinto-me mal quando sei que foi um rombo grande no orçamento daquela pessoa. E agora estende-se a quase tudo o que não seja uma coisa pequenina e simbólica. Sinceramente, não percebo porque sou assim. Mas acho que deve ter alguma coisa a ver com o facto de também não gostar muito que me ajudem a fazer nada, como se isso fosse sempre uma sobrecarga para a outra pessoa. Enfim, gralhisses!
O melhor é que, este ano, como tenho muito tempo livre, um crianço para entreter (e pouco dinheiro), vou poder oferecer quase tudo feito à mão. Vamos lá ver como corre, já não me dedico à bricolage há muito tempo.

22 novembro 2009

a grande maçã

Depois de algumas visitas a Nova Iorque com a atitude de quem não é bem turista mas também não sabe ainda onde se come a melhor pizza, confirmo a opinião que já tinha há anos: é uma cidade de que gosto muito. É arquitectonicamente bonita, tem muita vida, muitas pessoas diferentes e "aves raras" que não se vêem em mais lado nenhum, e sabe sempre bem andar avenida acima, avenida abaixo, descobrindo novos pormenores.
Infelizmente, confirmo tambem que os nova-iorquinos são os bichos mais egocêntricos do planeta. Não há uma pessoa, UMA, que ceda um lugar sentado a uma grávida. Não há quem ceda o mínimo perante outro ser humano, quem repare em alguém que possa precisar de ajuda. A melhor foi hoje, quando uma c@br@ chegou ao ponto de me fulminar com os olhos e rosnar um excuse me muito enojado quando acidentalmente lhe toquei. O cenário: ela estava sentada de costas para mim no banco da uma estação de metro. Eu encostei-me ao banco para, de pé, descansar um pouco. Devia era ter-lhe dado uma valente barrigada, que era o que ela merecia.

20 novembro 2009

o desafio culinário

Daqui a (menos de) uma semana é o Dia de Acção de Graças e parece que vou ter de encher a mesa com não sei quantas coisas estranhas - acho que não sei o que é pelo menos metade - que nós os 3 não vamos conseguir comer até 2010. Mas tradição é tradição, em Roma sê romano, por isso tenho de começar a fazer a lista de compras.

Da Wiki:

"The centerpiece of contemporary Thanksgiving in the United States and Canada is a large meal, generally centered around a large roasted turkey. The majority of the dishes in the traditional American version of Thanksgiving Dinner are made from foods native to the New World, according to tradition the Pilgrims received these foods from the Native Americans. (...) Many Americans would say it is "incomplete" without cranberry sauce; stuffing or dressing; and gravy. Other commonly served dishes include winter squash; sweet potatoes; mashed potatoes or rice (in the South and among Asians); dumplings; corn on the cob or hominy; deviled eggs; green beans or green bean casserole; sauerkraut (among those in the Mid-Atlantic; especially Baltimore), peas and carrots, bread rolls, cornbread (in the south and parts of New England), or biscuits, rutabagas or turnips; and a salad. For dessert, various pies are often served, particularly apple pie, mincemeat pie, sweet potato pie, pumpkin pie, chocolate meringue pie and pecan pie, with the last four being particularly American."

18 novembro 2009

gripe A, vacina e gravidez

Este assunto já cansa mas estou a vivê-lo na primeira pessoa (do plural) e não posso assobiar e olhar para o lado. Não percebo nada de medicina. Percebo alguma coisa de estatística. Os média conseguem pegar em alguns casos e multiplicar a importância dos mesmos de uma forma exponencial. E os laboratórios têm todo o interesse em despachar o maior número de doses possíveis.
Quanto tempo passou e quantas pessoas se sujeitaram aos testes de segurança? Por que é que os EUA recusaram usar a vacina que se usa na Europa? Por que é que uma grávida não pode beber um copo de vinho sem que isso passe para o feto mas a vacina não afecta o feto? Não afecta um feto mas as crianças até aos 6 meses não devem ser vacinadas???
Não sei muitas coisas, é certo. Só sei que vou continuar a lavar as mãos semi-compulsivamente e, pelo menos nos próximos tempos, vacina não entra na minha asa.

17 novembro 2009

refilão

Hoje de manhã, às 8h e pouco, acordo com o som do corta-relva e do piolho no quarto ao lado a dizer (imagino que com um dedito em riste): "Xiuuu! Senhor jardineiro chato! Ai, ai, ai, deixa o Gugas dormir!" É mesmo meu filho :)

14 novembro 2009

e agora, para um tema levezinho

No meio do batalhão de papelada que tenho de preencher aqui pelo facto de estar com esse grande achaque que é a gravidez, há um questionário acerca da minha ressuscitação em caso de desgraça, como vemos nos filmes.
Isto da eutanásia é uma questão muito, muito complicada. Provavelmente, uma daquelas acerca das quais tenho mais dúvidas. Quem é que pode determinar coisas como "qualidade de vida", "possibilidade de recuperação" ou "minimização do sofrimento"? Quando é que não há mesmo esperança? Que direito tenho eu de privar alguém da possibilidade da minha recuperação ou, pelo contrário, que direito tenho de impôr a minha existência vegetal a quem precisa de continuar com a vida normalmente? E o que é que o Deus em que acredito (e não apenas a religião oficial) acha sobre isso? É muito, muito complicado. Espero que o papelito não tenha de vir a ser usado.

(e, mais ao menos a propósito, fico parva com a renitência que o pessoal aqui tem em doar os orgãos. Fazem-lhes falta as córneas para ver os escaravehos debaixo da terra, é? Nhónhós.)

12 novembro 2009

lendo a Anna Karénina

Será que todas as mulheres se acham mesmo infalíveis na sua virtude ou sou eu que vivo parada no fim do século XIX?

11 novembro 2009

a Oeste, nada de novo

Não tenho novidades, não tenho assunto. Hoje comi o meu primeiro cupcake e posso dizer que é muito enjoativo. E eu sou senhora amiga do seu docinho. Doem-me os abdominais, de tão esticadinhos que estão os músculos. E ainda vão levar mais 3 meses de esticadura. Pronto, acho é tudo.

06 novembro 2009

bicho hormonóide

Noto que estou grávida quando dou por mim a chorar a ver os Ídolos (versão portuguesa) no YouTube. Vá lá, não estamos em tempo de Jogos Olímpicos, senão era ver-me a sustentar a Kleenex. É que eu quase nem chorei a ver o ET.

04 novembro 2009

a eterna questão

Hoje de manhã, enquanto tomávamos o pequeno-almoço:
Gugas: "Mamã, só tens um bebé na barriga?"
gralha: "Só."
Gugas: "Eu queria três."
gralha: "Três?!?"
Gugas: "Não. Cinco."
gralha: "Querias ter muitos manos, era?"
Gugas: "Era. Depois eu fazia disparates e eles riam."

Pois é, eu também gostava muito de ter vários filhos. Gostava de fazer um bando de gralhitos a gralhar à minha volta. E aqui vêem-se tantas famílias com vários bebés! Mas também há uma parte grande de mim que gostava de não viver quase exclusivamente para a família. Uma parte vaidosa, que gostava de poder fazer todo o desporto que me apetecesse e não ficar com o corpo arruinado ao fim de várias gravidezes. Uma parte empreendedora, que gostava de ainda fazer alguma coisa compensadora e útil a nível profissional. Uma parte preguiçosa, que gostava de poder dormir noites seguidas antes dos 40 anos. Uma parte materialista, que gostava de poder comprar algumas futilidades e de viajar. Uma parte individualista, que precisava de não ter várias alminhas a estender constantemente os bracinhos para mim. E é por isso que acho que, dentro do meu desejo de ter entre 2 a 4 filhos, o par parece cada vez mais a conta certa.

02 novembro 2009

coisas pequenas de que tenho saudades

A entrada da garagem de casa dos meus pais.
O "meu" Pingo Doce.
O toque do meu telemóvel português.
Notas de 5 euros.
O semáforo verde dos peões (agora tenho de dizer: "anda Gugas, está branco").
A bica na Gulbenkian.
Os jornais portugueses no quiosque ao lado de minha casa.

(nem vamos pegar em coisas como o Terreiro do Paço, o Chiado, o castelo, etc., etc.)

O mais difícil de digerir é não fazer a mínima ideia de quando tornarei a ver qualquer uma delas.