31 dezembro 2009

2009/2010

E cá está ele, o balanço do ano. Estive a ler o do ano anterior e a primeira coisa que pensei foi: que diferente! Gostava muito de me lembrar de mais coisas mas - e culpemos a gravidez pela amnésia - as que me vêm à cabeça são a crise económica, a paranóia da gripe A e, pela positiva, a (quase) aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo em Portugal. De resto, acho que houve menos catástrofes naturais e a "luta contra o terrorismo" deixou de ser a primeira prioridade aqui nesta terra que me acolhe, o que é um sinal de optimismo.
Pessoalmente, 2009 não foi um ano muito feliz. Os 30 anos trouxeram o primeiro creme anti-rugas e a sensação que, não, os 30 não são os novos 20. Este ano, perdi a inocência. Chorei muito. Tomei decisões muito difíceis. Abdiquei de mim em várias dimensões. Tive muitas saudades. Senti-me perdida. Enterrei os pés na neve. Mas estive mais tempo com o meu filhote e fiz outro, que não tarda muito aí a espreitar. Os meus rebentos são os raios de luz que espreita no meio das nuvens que antevejo para 2010. Mas disso falo mais amanhã. Por agora, os meus votos de um ano novo cheio de esperança, projectos e concretização de sonhos para todos os meus queridos leitores :)

30 dezembro 2009

até gostava de escrever uma coisa mais animada

Hoje foi o dia em que o meu filho disse que já não se lembrava dos amigos de Lisboa. E que só tem dois amigos (imaginários).
Eu também tenho saudades dos meus amigos.

28 dezembro 2009

hoje lá vou ter de me queixar um bocadinho

Hoje fomos fazer a última eco (em princípio), num centro de radiologia anexo ao consultório da minha médica. E que fiquei eu a saber? Nicles. Ou melhor: é rapaz (obrigada, já sei isso há muito tempo) e está na mesma posição que o mais velho estava antes de nascer (obrigada, já suspeitava pelos pontapés nas costelas do lado direito). De resto, não me dizem nada porque os técnicos não se comprometem e só os médicos podem transmitir os resultados, por causa da paranóia dos processos judiciais. Ou seja, só amanhã fico a saber mais alguma coisita. E entretanto passei toda a tarde a ver programas sobre gravidezes complicadas e problemas genéticos. Que angústia...
O que vale é que o sorriso do meu Guguita continua a ser a luz do sol. Caramba, que este miúdo nasceu mesmo para ser bem-disposto :)

26 dezembro 2009

balanço rápido

A neve está finalmente a derreter, benzádeus.
A casa está feita um estaleiro de obras, tal a quantidade de escavadoras e ferramentas que o Pai Natal deixou no sapatinho.
Fazem-me falta os doces de Natal ao lanche, aquele arrepio de enjôo quando salto dos fritos para a lampreia de ovos e para os frutos secos.
Ando cheia de contracções, espero que seja cansaço e que não ganhem ímpeto.

23 dezembro 2009

o natal custa

Não, não estou a falar do preço dos presentes, que foram quase todos produzidos com recurso à mão-de-obra infantil que encontrei por perto (i.e. Gugas). O que custa, senhores, o que me faz ter vontade de ir rebolar a pança para a neve antes de entrar na cozinha, é saber que vou ter de enfiar uma mão num orifício do perú, tirar de lá os miúdos, cortá-los, cozinhá-los, adicionar os restantes 87 ingredientes da receita da minha mãe, e voltar a enfiar aquela nhanha toda lá dentro antes de fazer um lifting aos fundilhos do animal. E, já agora, se não voltar a passar por aqui antes disso e o caro leitor não foi um dos felizes contemplados com um dos muitos postais e e-mails que mandei, votos de um Natal muito feliz. Que a doçura do Menino Jesus encha os vossos corações :)

21 dezembro 2009

não sei bem o que sinto

Ontem (e hoje), a minha mãe veio fazer mais uma das suas visitas "de médico" - isto é, fez o vôo Lisboa-NY, NY-Porto-Lisboa para passar cerca de 20 horas connosco em Princeton. É uma facilidade possível devido à profissão da minha tia e uma habilidade adquirida por uma avó muito babada que não aguenta muito tempo sem apertar as bochechas do neto. É bom, claro. E muito estranho. Porque chega e eu estou logo a pensar que já está quase a ir-se embora. Porque no meio da correria de viagens de avião, combóio, carro, malas, encomendas, presentes, novidades, quase não há tempo para aquele colinho de que preciso tanto. E se há coisa que não se pode apressar é um colinho. Felizmente, a próxima vez que vier já será por mais tempo, para apertar as bochechas do neto que vai nascer. Nessa altura, também devo estar a precisar bem de colinho.

19 dezembro 2009

hoje não me ocorre mais nada

Está a nevar com'ó c@r@ç@$.
Chega. Chega de neve!
Vou mas é fazer costoletas panadas com arroz de feijão.

18 dezembro 2009

uma escolha pouco sensata

Amanhã lá vamos de novo a NY (ter com a minha prima) e há um bichinho qualquer que me diz que isso, aos 8 meses de gravidez, com previsão de neve, vai ser mais ou menos tão fácil como ir para o Colombo no dia 24 de Dezembro, com um cachorro sem trela e uma arroba de batatas às costas. De saltos altos. Mas assim em versão "valha-nos-Nossa-Senhora".

17 dezembro 2009

tenho direitos

Se há coisa que me deixa chateada que nem um boi é, dada a minha condição de mãe a tempo inteiro, não ter a possibilidade de acordar com a telha e passar o dia com a telha. "Ai estás com a telha? Temos pena! Anima-te, que vais ter que ouvir xilofones e harmónicas, vais ter de brincar com legos e, sim, vais ter de fazer uma cara bem disposta. Ou isso, ou o teu filho também vai ficar com a telha e isso é muito pior." Caramba, hoje dormi mal. Apetecia-me enrolar-me como uma lesma e que me deixassem em paz e mainada!

16 dezembro 2009

duh!

Estava eu apoquentada porque este ano, pela primeira vez em muito tempo, não ia poder ver os Oscares em directo. Ah, é verdade, desta vez não tenho de ficar acordada até de madrugada, só tenho de deitar o Gugas um bocadinho mais cedo. Ah, e o Diogo tem de fazer o favor de nascer depois.

15 dezembro 2009

a minha avó

A minha avó é linda. Fala minhoto com uma doçura tal que me fez associar para sempre essa pronúncia aos mimos e às minhas raízes mais profundas. A minha avó não sabe o que é pensar ou dizer mal de alguém e a maior alegria que tem é imaginar o que anda a fazer o rebanho de filhos e netos. A minha avó tem mãos pequeninas e delicadas como as minhas, ensinou-me a tricotar e a rezar, mas ainda não me ensinou a fazer rabanadas - que tanta falta me farão neste Natal. A minha avó deixou de trabalhar (como professora) aos 25 anos para cuidar da família e voltou a fazê-lo, com grande alegria, 35 anos depois, quando perdemos o meu avô. Acho que continua apaixonada por ele, apesar de já ser viúva há 20 anos. A minha avó tem os olhos azuis mais transparentes do mundo, que passou ao meu pai em versão verde e a mim e ao Gugas em versão castanha-esverdeada. A minha avó escreve-me longas cartas a contar tudo e mais alguma coisa do que se passa agora e de como foi a ida dela sozinha para África, de navio, com quatro filhotes pequenos. E faz-me sentir que não sou só um ser inútil que foi viver para o fim do mundo, mas que faço parte de uma linhagem de mulheres corajosas que largaram tudo em prol de um bem maior que é a família. Adoro a minha avó.

12 dezembro 2009

nesting

Já fiz e enviei todos os presentes e postais de Natal. Engraxei sapatos, arrumei cintos, lavei camisolas, organizei armários. Ando num frenesim e, se isto não passa, vou ter de ir fazer biscoitos. Estou a tentar guardar o tratamento das roupas do Diogo para Janeiro, mas não sei se me contenho. Desta vez, o instinto de fazer ninho está a bater forte. Espero que passe depois do nascimento, ou ainda me transformo na minha mãe.

11 dezembro 2009

fresquinho

É certo que estou grávida e que a minha casa está aquecida a 21,1ºC, mas cada vez mais acredito que todos os termómetros em Portugal são altamente mentirosos. É que cá estão -4ºC mas tenho mais frio quando estão 10ºC desse lado do mar. Hoje, saindo à rua, senti as orelhas e o nariz a criar estalactites, não o nego, mas não ando a tremer a fungar, sonhando com um chá quente e várias camadas de tecido polar. A culpa deve ser da humidade que sempre banha a minha pátria.

07 dezembro 2009

ora venha de lá essa beijoca

Um grego, uma búlgara, dois ucranianianos e dois portugueses estavam sentados à mesa. Não, não é o início de uma anedota, foi mesmo o nosso jantar de ontem. Passo tanto tempo em casa que, às vezes, até me esqueço que estou na América. Depois, chego a casa das pessoas e faço figuras estranhas quando resolvo cumprimentar toda a gente com duas belas beijocas. É que, depois da primeira pessoa, não podia deixar de o fazer com os outras senão, para além de estranha, era sectária. E depois fiquei o resto da noite com a sensação que a minha alegria e calor humano estavam a ocupar demasiado espaço. Enfim, foi agradável conviver com outros europeus, ainda que das outras pontas do continente. Apesar de tudo, podemos todos fazer pouco dos hábitos do Novo Mundo.

05 dezembro 2009

um sábado como outro qualquer

Ikea pela manhã. Agora, ficar no quentinho a beber chá e tricotar, enquanto os machos da casa se entretêm a montar móveis. Daqui a pouco, vamos fazer a árvore de Natal. Tenho a certeza que o meu dia é semelhante ao de muitos de vós - a diferença é que aqui está a nevar :)

04 dezembro 2009

da emancipação da mulher

Nos dias em que lavo as casas de banho, gosto de pôr uma maquilhagem especial e ouvir a minha playlist "power". Ajuda-me a esfregar as sanitas com renovado vigor, enquanto tento não pensar nos 19 anos de estudo e 11 anos de trabalho que já deixei para trás.
Às vezes, acho que a ironia é a única coisa que me salva da auto-comiseração.

03 dezembro 2009

fui trocada por um iPhone

Pronto, eu sei que ele (o iPhone) é mais novo que eu, que é todo fofinho e tem montes de aplicações. Mas daí ao meu marido deixar de me falar à noite, depois do jantar, no único momento do dia a dois, em que eu podia conversar com um adulto... Já passam o tempo todo juntos! Quero ver se tem alguma aplicaçãozinha para quando quiser outro tipo de conversa.

01 dezembro 2009

esta noite vi-o

Era parecido comigo mas moreninho, com o cabelo e os olhos escuros como o pai. Esguio e com um olhar inquisitivo. A dar muito depressa às perninhas. Acho que vai ser assim o meu Diogo (da outra vez acertei).

28 novembro 2009

coisas mesmo boas aqui

Justiça seja feita, ao fim de quase dois meses de imersão americana. Há coisas aqui que são mesmo boas. A minha preferida é poder-se voltar à direita quando o semáforo está vermelho. Também é bom que haja um Starbucks em cada esquina. As maçãs são as melhores que já comi, quase me vêm as lágrimas aos olhos só de pensar no aroma e na forma perfeita como fazem *crisp* quando se dá uma dentada na polpa sumarenta (gosto de maçãs, pronto). Tudo é feito em medidas estandardizadas, o que significa que as caixas cabem nas estantes, as embalagens de comida no frigorífico e a roupa nos armários. Tudo o que é interiores está sempre tão quentinho que posso finalmente usar aquelas roupas tão giras (e inapropriadas em Lisboa) como os vestidinhos de malha e as camisolas de manga curta. Há mesmo quatro estações do ano, o que se reflecte na natureza e, imagino, no estado de espírito das pessoas. Há uma sensação de isolamento e lonjura, é certo. Mas também parece que o horizonte é maior e ficamos com muita vontade de nos fazer à estrada e andar, andar sem destino. E há bandos de gralhas que nos visitam de vez em quando.

27 novembro 2009

a prova de que princeton não é bem a américa

Hoje, numa das livrarias do centro, na bancada dedicada à "new fiction": José Saramago (buuuuu!) e Gonçalo M. Tavares. Claro, já tinha antes visto José Rodrigues dos Santos. Até me chora o coração lusitano.

26 novembro 2009

os presentes recebidos

Como americana praticamente de gema, comprei a edição de Dezembro da revista da Oprah, que tem alguns artigos muito interessantes acerca da importância da dádiva. A verdade é que tenho cada vez mais dificuldade em receber - e gosto muito de dar. Gosto de pensar em presentes personalizados para cada pessoa realmente importante, sou capaz de oferecer coisas de que não gosto porque sei que aquela pessoa gosta, e fico enervada quando não tenho tempo para comprar o presente perfeito para cada um. Já receber... Começou por ser aquela sensação estranha de não saber como reagir perante alguma coisa de que não gosto mesmo. Depois, sinto-me mal quando sei que foi um rombo grande no orçamento daquela pessoa. E agora estende-se a quase tudo o que não seja uma coisa pequenina e simbólica. Sinceramente, não percebo porque sou assim. Mas acho que deve ter alguma coisa a ver com o facto de também não gostar muito que me ajudem a fazer nada, como se isso fosse sempre uma sobrecarga para a outra pessoa. Enfim, gralhisses!
O melhor é que, este ano, como tenho muito tempo livre, um crianço para entreter (e pouco dinheiro), vou poder oferecer quase tudo feito à mão. Vamos lá ver como corre, já não me dedico à bricolage há muito tempo.

22 novembro 2009

a grande maçã

Depois de algumas visitas a Nova Iorque com a atitude de quem não é bem turista mas também não sabe ainda onde se come a melhor pizza, confirmo a opinião que já tinha há anos: é uma cidade de que gosto muito. É arquitectonicamente bonita, tem muita vida, muitas pessoas diferentes e "aves raras" que não se vêem em mais lado nenhum, e sabe sempre bem andar avenida acima, avenida abaixo, descobrindo novos pormenores.
Infelizmente, confirmo tambem que os nova-iorquinos são os bichos mais egocêntricos do planeta. Não há uma pessoa, UMA, que ceda um lugar sentado a uma grávida. Não há quem ceda o mínimo perante outro ser humano, quem repare em alguém que possa precisar de ajuda. A melhor foi hoje, quando uma c@br@ chegou ao ponto de me fulminar com os olhos e rosnar um excuse me muito enojado quando acidentalmente lhe toquei. O cenário: ela estava sentada de costas para mim no banco da uma estação de metro. Eu encostei-me ao banco para, de pé, descansar um pouco. Devia era ter-lhe dado uma valente barrigada, que era o que ela merecia.

20 novembro 2009

o desafio culinário

Daqui a (menos de) uma semana é o Dia de Acção de Graças e parece que vou ter de encher a mesa com não sei quantas coisas estranhas - acho que não sei o que é pelo menos metade - que nós os 3 não vamos conseguir comer até 2010. Mas tradição é tradição, em Roma sê romano, por isso tenho de começar a fazer a lista de compras.

Da Wiki:

"The centerpiece of contemporary Thanksgiving in the United States and Canada is a large meal, generally centered around a large roasted turkey. The majority of the dishes in the traditional American version of Thanksgiving Dinner are made from foods native to the New World, according to tradition the Pilgrims received these foods from the Native Americans. (...) Many Americans would say it is "incomplete" without cranberry sauce; stuffing or dressing; and gravy. Other commonly served dishes include winter squash; sweet potatoes; mashed potatoes or rice (in the South and among Asians); dumplings; corn on the cob or hominy; deviled eggs; green beans or green bean casserole; sauerkraut (among those in the Mid-Atlantic; especially Baltimore), peas and carrots, bread rolls, cornbread (in the south and parts of New England), or biscuits, rutabagas or turnips; and a salad. For dessert, various pies are often served, particularly apple pie, mincemeat pie, sweet potato pie, pumpkin pie, chocolate meringue pie and pecan pie, with the last four being particularly American."

18 novembro 2009

gripe A, vacina e gravidez

Este assunto já cansa mas estou a vivê-lo na primeira pessoa (do plural) e não posso assobiar e olhar para o lado. Não percebo nada de medicina. Percebo alguma coisa de estatística. Os média conseguem pegar em alguns casos e multiplicar a importância dos mesmos de uma forma exponencial. E os laboratórios têm todo o interesse em despachar o maior número de doses possíveis.
Quanto tempo passou e quantas pessoas se sujeitaram aos testes de segurança? Por que é que os EUA recusaram usar a vacina que se usa na Europa? Por que é que uma grávida não pode beber um copo de vinho sem que isso passe para o feto mas a vacina não afecta o feto? Não afecta um feto mas as crianças até aos 6 meses não devem ser vacinadas???
Não sei muitas coisas, é certo. Só sei que vou continuar a lavar as mãos semi-compulsivamente e, pelo menos nos próximos tempos, vacina não entra na minha asa.

17 novembro 2009

refilão

Hoje de manhã, às 8h e pouco, acordo com o som do corta-relva e do piolho no quarto ao lado a dizer (imagino que com um dedito em riste): "Xiuuu! Senhor jardineiro chato! Ai, ai, ai, deixa o Gugas dormir!" É mesmo meu filho :)

14 novembro 2009

e agora, para um tema levezinho

No meio do batalhão de papelada que tenho de preencher aqui pelo facto de estar com esse grande achaque que é a gravidez, há um questionário acerca da minha ressuscitação em caso de desgraça, como vemos nos filmes.
Isto da eutanásia é uma questão muito, muito complicada. Provavelmente, uma daquelas acerca das quais tenho mais dúvidas. Quem é que pode determinar coisas como "qualidade de vida", "possibilidade de recuperação" ou "minimização do sofrimento"? Quando é que não há mesmo esperança? Que direito tenho eu de privar alguém da possibilidade da minha recuperação ou, pelo contrário, que direito tenho de impôr a minha existência vegetal a quem precisa de continuar com a vida normalmente? E o que é que o Deus em que acredito (e não apenas a religião oficial) acha sobre isso? É muito, muito complicado. Espero que o papelito não tenha de vir a ser usado.

(e, mais ao menos a propósito, fico parva com a renitência que o pessoal aqui tem em doar os orgãos. Fazem-lhes falta as córneas para ver os escaravehos debaixo da terra, é? Nhónhós.)

12 novembro 2009

lendo a Anna Karénina

Será que todas as mulheres se acham mesmo infalíveis na sua virtude ou sou eu que vivo parada no fim do século XIX?

11 novembro 2009

a Oeste, nada de novo

Não tenho novidades, não tenho assunto. Hoje comi o meu primeiro cupcake e posso dizer que é muito enjoativo. E eu sou senhora amiga do seu docinho. Doem-me os abdominais, de tão esticadinhos que estão os músculos. E ainda vão levar mais 3 meses de esticadura. Pronto, acho é tudo.

06 novembro 2009

bicho hormonóide

Noto que estou grávida quando dou por mim a chorar a ver os Ídolos (versão portuguesa) no YouTube. Vá lá, não estamos em tempo de Jogos Olímpicos, senão era ver-me a sustentar a Kleenex. É que eu quase nem chorei a ver o ET.

04 novembro 2009

a eterna questão

Hoje de manhã, enquanto tomávamos o pequeno-almoço:
Gugas: "Mamã, só tens um bebé na barriga?"
gralha: "Só."
Gugas: "Eu queria três."
gralha: "Três?!?"
Gugas: "Não. Cinco."
gralha: "Querias ter muitos manos, era?"
Gugas: "Era. Depois eu fazia disparates e eles riam."

Pois é, eu também gostava muito de ter vários filhos. Gostava de fazer um bando de gralhitos a gralhar à minha volta. E aqui vêem-se tantas famílias com vários bebés! Mas também há uma parte grande de mim que gostava de não viver quase exclusivamente para a família. Uma parte vaidosa, que gostava de poder fazer todo o desporto que me apetecesse e não ficar com o corpo arruinado ao fim de várias gravidezes. Uma parte empreendedora, que gostava de ainda fazer alguma coisa compensadora e útil a nível profissional. Uma parte preguiçosa, que gostava de poder dormir noites seguidas antes dos 40 anos. Uma parte materialista, que gostava de poder comprar algumas futilidades e de viajar. Uma parte individualista, que precisava de não ter várias alminhas a estender constantemente os bracinhos para mim. E é por isso que acho que, dentro do meu desejo de ter entre 2 a 4 filhos, o par parece cada vez mais a conta certa.

02 novembro 2009

coisas pequenas de que tenho saudades

A entrada da garagem de casa dos meus pais.
O "meu" Pingo Doce.
O toque do meu telemóvel português.
Notas de 5 euros.
O semáforo verde dos peões (agora tenho de dizer: "anda Gugas, está branco").
A bica na Gulbenkian.
Os jornais portugueses no quiosque ao lado de minha casa.

(nem vamos pegar em coisas como o Terreiro do Paço, o Chiado, o castelo, etc., etc.)

O mais difícil de digerir é não fazer a mínima ideia de quando tornarei a ver qualquer uma delas.

30 outubro 2009

só uma coisinha parva

Estou um bocado invejosa porque devo ser a única pessoa da blogosfera (do sexo feminino, entenda-se) que não foi convidada para madrinha do casamento da Pipoca. O facto de ela não me conhecer de lado nenhum é perfeitamente irrelevante.

coisas de que não estava à espera

É muito engraçado ter um filho com dois anos e meio (e mais uns trocos). É uma idade em que, acho, são todos muito pespinetas, curiosos e aventureiros. Morrem de amores pela mamã mas, ao mesmo tempo, querem fazer tudo sozinhos. Aquilo que eu não antecipava tão cedo é que a aldrabice se tornasse tão comum. O meu filho está um trapaceiro. Acho que não distingue a realidade da ficção, o que é normal, mas a ficção sai com muita facilidade. A juntar a isso, agora colecciona amigos imaginários (essa parte compreendo bem... faltam-lhe os outros). Pronto, é giro, pelo menos enquanto for na mais perfeita inocência.

26 outubro 2009

outono 09

É nestas alturas que gostava de ter uma máquina fotográfica decente. O Outono explodiu por aqui nos últimos dias e está tudo tão bonito, desde o lago ao canal, ao centro da cidade e até o nosso bairro. Sempre gostei do Outono mas este ano é em grande. Se quiser comer castanhas assadas, é só ir a NY. Pensavam que não havia cá, heim? Não vêm é embrulhadas em jornal. Nem se comem com vista para as primeiras iluminações de Natal da Baixa...




21 outubro 2009

ups, engoli mais uma bola de basquete

E, de repente, aproximo-me do terceiro trimestre de gravidez e já estou com um barrigão com um ar todo empinado de quem diz "tcharan, preparem-se que estou quase a chegar". Desta vez, o malandreco do rabo está a ver se acompanha o desenvolvimento da barriga - mas a culpa não é da barriga, é das Chips Ahoy White Fudge Chunky, do Ben & Jerry's Stephen Colbert's Americone Dream e das Honey BBQ Chicken Strips. É claro que, se ainda estivesse a trabalhar e a andar uma hora a pé todos os dias, como na outra gravidez, a coisa não seria problemática. Que saudades do meu ginásio! Que saudades de subir a Av. das Forças Armadas a arfar e a sorver aquele CO2 todo. Que saudades de poder simplesmente sair de casa de ténis calçados e correr, correr, a tentar acompanhar os corvos marinhos. Agora, as minhas formas esbeltas vão ter de esperar uns meses. C'est la vie.

Adenda: Estava eu a mirar-me ao espelho e o Gugas perguntou:
"O que estás a fazer, mamã?"
"Estou a ver se o meu rabo está grande."
"Umm... Não. Está pequenino."
E é assim que ele vai conquistar o mulherio todo daqui a uns anos.

19 outubro 2009

se ele pode dizer as barbaridades que quer, eu também

O José Saramago é panisgas. Não é uma questão de homossexualidade, é de um gosto compulsivo por que lhe limpem a canalização com objectos que podiam ser meros artefactos de tribos africanas mas, não, são tarolos improvisados para o fazer babar enquanto se recorda das aulas de Português do 5º ano, em que o professor nunca cedeu aos avanços de um aluno demasiado medíocre. E com cara de ogre. De certeza absoluta que cheira mal da boca.

16 outubro 2009

tenho rede, tenho rodas, tenho vida própria

Não podem imaginar o alívio que é saber que, se precisar de papel higiénico, posso ir comprá-lo. Bastaria isso para alegrar este fim-de-semana gelado e chuvoso. Mas não, além disso, já posso falar com os meus pais e ver o Matias no Skype quando quiser. E tenho baldinhos de Ben & Jerry's no frigo para ver as séries todas que só vão passar em Portugal daqui a 3 meses. E vou a Nova Iorque no Domingo, nha nha nha nha nha nha.
Segunda-feira, começo a trabalhar no meu novo projecto profissional, vou começar a estudar para tirar a carta de condução nova-jersiana e vou arranjar amigos para o Gugas nem que tenha que andar a raptar criancinhas nos centros comerciais. Beijinhos para os meus queridinhos e até breve.

13 outubro 2009

63a, table 4 please

Acho que qualquer português tem curiosidade em saber se há alguma instituição no mundo que funcione pior que a Segurança Social da nossa pátria lusa. Bom, ainda não vi na Guatemala, no Malawi, ou noutros destinos improváveis, mas nos EUA é que não é. A Segurança Social aqui não tem polícias a acompanhar discretamente (?) as movimentações das famílias de etnia cigana que choram a gritam a não atribuição do Rendimento Mínimo de Inserção. Não demoramos 4 horas a ser atendidos para ficarmos a saber que o serviço de que precisamos é noutro local. Não, aqui há fotografias do Obama, muitos hispânicos, asiáticos e negros gigantescos que não cabem nos lugares sentados. Toda a gente se porta bem e, ao fim de 45 minutos, saímos de lá com o papel de que precisávamos. Assunto arrumado.

Não querendo ser injusta, também gostava de mencionar que os nossos serviços da Segurança Social online, esses sim, funcionam muito melhor. Portugal online, de resto, é melhor do que os EUA online com que tenho lidado.

12 outubro 2009

entre mundos

Custa-me não estar na minha terra mas, ao mesmo tempo, não ser tratada como turista. É estranho. Neste país, é comum o meu estado de recém-chegada. Acabámos todos de cá chegar e andamos à procura do nosso espaço. Ainda reajo mal a este espaço, como um recém-nascido que quer voltar para a barriga da mãe. Apetece-me espernear, dormir e sonhar que estou em terreno conhecido. Apetece-me sair de casa e apoderar-me dos passeios. Mas o que ainda me custa mais que tudo é saber que esta sensação vai passar e, um dia, vou dar por mim a sentir-me em casa.

09 outubro 2009

it's my blog and i cry if i want to

Por favor não me encham a caixa de comentários (yeah, right) para dizer coisas como "ainda agora aí chegaste" ou "as coisas hão de melhorar", reagindo ao que vou escrever de seguida. Este é o último reduto de eu-só-eu-e-não-tenho-satisfações-a-dar-a-ninguém, por isso, cá vai:

ODEIOESTARAQUIODEIOESTARAQUIODEIOESTARAQUIODEIOESTARAQUI

E bom fim-de-semana para vocês.

07 outubro 2009

are you over 18?

Já estamos em Princeton. Isto é tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo que nem sei bem por onde começar. Tenho muito pouca rede porque esta é "emprestada" por isso, por enquanto, não vou poder dar novidades com muita regularidade.
Princeton é muito bonita. É uma pequena cidade literalmente plantada no meio de uma floresta. No caminho da minha casa para o centro já vimos uma marmota, um veado e muitos esquilos. Aqui, não há bandos de pássaros - há gansos que passam a grasnar. Aliás, e como era de prever, isto é tudo grande. As distâncias são grandes. Os pacotes de leite são grandes. A minha cama é grande. Só é pena ainda não ter um carro grande para me poder deslocar porque estou completamente confinada a casa. Nem sequer posso ir ao supermercado! A última vez que entrei numa superfície comercial e tentei comprar cola o funcionário perguntou-me se tinha mais de 18 anos (!). Conduzir aos 16 anos, não há problema. Isso da cola é que vamos lá com calma :)
Neste momento, as dificuldades - a juntar às saudades - ainda são maiores que o deslubramento mas, aos poucos, lá vamos conseguindo organizar a nossa vida. Agora vou ver se compro um carro na net. Hasta!

02 outubro 2009

e pronto, lá vou eu

Alguma vez sonharam que estavam no vosso próprio funeral? Pois bem, estes últimos dias têm sido uma pequena amostra do que me espera quando estiver estendidinha à espera de entrar no forno (desculpem lá, mas ou gozo com isto, ou passo o dia todo a chorar). É tocante e muito comovente (ainda que não o demonstre) ver a reacção das pessoas para quem faz alguma diferença eu ir-me embora. Cada uma o faz de uma maneira muito própria e a cada uma eu queria dar um abraço apertado daqueles. Queria mesmo. E queria que soubessem que também lhes desejo o melhor. E que aproveitem cada minutinho precioso. E que não se desgastem com o que não vale a pena.
Amanhã de manhã, lá me elevo aos céus. Espero que esteja um dia assim bonito. Espero que não demore muito até voltar. Até breve, vemo-nos do outro lado do mar.

(Já agora, e porque isto ainda não estava suficientemente mórbido, quando for o meu funeral a valer, agradecia que passassem o "Why Should I Cry For You" do Sting. E, se quiserem oferecer flores, podem ser vermelhas - a minha cor - ou brancas, que também dá muito bem com o meu tom de pele)

30 setembro 2009

patas de gralha

Pois parece que o destino não tem reservada para mim a rica vida de dondoca. Vou ter de trabalhar qualquer coisita (o que é bom, claro) entre tachos (Bimby, sobretudo), fraldas e aulas de inglês para bebés.
Mas a notícia mais importante do dia é que fui fazer a eco morfológica e o Diogo está todo direitinho, lindo, e tem os pés e as mãos iguais aos meus. Que importância é que isso tem? Se calhar, nenhuma. Mas é giro.

29 setembro 2009

é sempre sempre assim

Por que é que é sempre tudo ou nada? Está uma pessoa já em modo dona-de-casa americana, de havaiana praticamente colada ao pé e a milhas de sonhar com questões laborais, e surge uma entrevista de emprego (à distância, claro) no dia seguinte. Senhores, eu nem tenho roupa onde colocar o barrigume. Já nem me lembro das palavras de circunstância para estas coisas. Mas que é uma oportunidade absolutamente sensacional, lá isso é. Vamos lá ver como corre.

28 setembro 2009

primos

Já disse aqui antes que sou muito apegada à família. E uma das coisas de que mais gosto é de estar com a primalhada. Tenho 15 primos direitos, mais velhos e mais novos. E houve dois que só conheci este fim-de-semana - é a velha história dos casamentos e dos funerais. É estranho só os conhecer agora mas imediatamente os adoptei no coração. Uma das forças da família é surgirem novas gerações que conseguem ultrapassar amarguras das anteriores. Partilhamos um nome, uma forma de sorrir, a história dos antepassados. E queremos acreditar que é possível fazer almoços de Natal ainda maiores, que faz todo o sentido encontrar outras afinidades. Só foi pena calhar exactamente quando me vou embora.

25 setembro 2009

só para recordar que o(s) meu(s) filho(s) é(são) o(s) mais querido(s)

O Gugas esteve 45 minutos sentado no sofá do cabeleireiro onde me penteavam para o casamento de amanhã. Sem piar. A brincar com duas motas. Depois, chegou a casa e disse que queria brincar com os avós para ficar contente, porque estava triste porque o balão dele rebentou. Este meu filho é mais doce do que doce de leite com leite condensado e uma pitadinha de açúcar.

24 setembro 2009

sou portuguesa

Não há esperança de algum dia vir a gostar de touradas mas já há vários pratos de bacalhau que aprecio. Já deixei de sofrer com a selecção nacional de futebol mas não deixo de verter a lagriminha quando somos consagrados no atletismo. Ontem venci o último tabu e comprei o meu primeiro CD de fado. E um de Rodrigo Leão - como é possível que tenha sido preciso ver o Equador para descobrir esta coisa maravilhosa?

23 setembro 2009

sou europeia

O meu sentido de humor é britânico. A minha exigência é germânica. As minhas manias intelectualóides são francesas. O meu sentido de família é italiano. A minha vivência da Fé é espanhola (mas não sou da Opus Dei, sosseguem). A minha melancolia é portuguesa. O brilho dos meus olhos é o reflexo do Atlântico nas ondas do Guincho, na calmaria da Arrábida, na perfeição a perder de vista da baía da minha praia. Toco as pedras da Acrópole ateniense, da Porta Nigra de Trier, do castelo de Edimburgo, da Sé de Lisboa, e sinto que tudo isso é meu. Que sou filha da Europa e dos seus muitos séculos de História entrelaçada. E agora vou viver na Burgerlândia e não sei bem como encaixar lá a minha identidade.
Pronto, hoje deu-me para isto. Agora vou espreitar a Experimenta Design ao CCB e comer pastéis de Belém. Que lindo dia de sol para começar o Outono, a estação mais bonita nesta cidade.

21 setembro 2009

há dias assim

Em que tudo corre mal. Eu já acordei mal disposta, até parecia que adivinhava.

(houve uma palmada, um telefone desligado à pressa, lágrimas, muita vontade de gritar com alguém que fosse para o cocó, e termina com o sentimento de impotência)

20 setembro 2009

30 pares de meias a 5 euros

País acima, país abaixo, um fim-de-semana em viagem para visitar a família minhota. Fomos à feira, ouvimos os bombos, passeámos junto ao Lima e ao Minho, comemos Serrabulho (infelizmente não farturas) e ouvimos a barulheira dos carrinhos de choques e dos vendedores de pechinchas. Demos muitos beijinhos, respirámos aquele ar puro (e fresco, e húmido) e vimos os cavalos selvagens no alto do monte. O Gugas andou numa roda viva e eu já tenho uma barriga descomunal. Roupa de grávida, aqui estou eu.

18 setembro 2009

da segunda gravidez

Sei que se costuma dizer que cada gravidez é uma gravidez, mas esta segunda não está, francamente, a ser muito diferente da primeira. Pelo tamanho e formato da barriga, pelos sintomas, pelos ritmos a que tudo acontece, tudo aponta para que venha aí um gémeo do Gugas. Se assim for - um bebé bem-disposto, bom comedor, bom dormidor - não me queixo nadica. Mas sei que não vai ser. O Diogo é um ser humano completamente diferente, só que tenho alguma dificuldade em imaginar como será. Enquanto, no caso do Gustavo, tinha formada uma imagem bastante definida do que idealizava (e que até corresponde bastante à realidade), nesta altura não sei mesmo o que antecipar. Só posso dizer que os receios da primeira gravidez - que ele não esteja todo direitinho, que haja algum problema no parto - se repetem tintim por tintim, não faz diferença nenhuma. A única diferença é que eu já sei a carnificina que é um parto (desculpem, mas continua a ser o melhor substantivo que conheço para a situação). Mas não fico ansiosa com isso. Pelo menos, por enquanto.

15 setembro 2009

a situação mais embaraçosa

Há pouco, enquanto via a Manuela Ferreira Leite entrar no cenário onde ia ser entrevistada pelo Ricardo Araújo Pereira, com um ar de "ai meu Deus, o que é que vai sair daqui?",

(e aqui permitam-me comentar, apesar de não ir votar nela, que fiquei surpreendida com a estaleca e o sentido de humor que demonstrou)

lembrei-me da situação profissional em que me senti mais um peixe fora de água, sem saber bem para onde me virar. Foi quando trabalhei num operador turístico e, por uma série de circunstâncias mal conjugadas, dei por mim a ter de fazer de guia turística, em Sintra, a um grupo de franceses. Ora, eu não sou guia turística. Não conheço bem Sintra. O Francês não é a língua em que me sinto mais à vontade. O que é que uma pessoa faz nessa posição? Gralha. Belas estórias ouviram aqueles senhores, sem a mínima relação com a realidade. Espero que não voltem a Sintra com um guia turístico a sério. Aliás, espero que nunca se lembrem sequer de googlar nada sobre esta linda vila, tão maltratada pela minha ignorância naquela linda tarde de Primavera.
E vocês, qual foi a situação mais embaraçosa por que passaram na vida profissional?

13 setembro 2009

o despojamento

Estou sem emprego, sem casa, com a minha vida às costas até aterrar nos EUA daqui a três semanas. É uma sensação muito estranha deixar a nossa casa - que continua a ser a nossa casa - vazia para outra pessoa a ocupar. E é de um certo espírito cigano andar com as tralhas todas atrás enquanto não chegamos ao nosso novo poiso.
Neste tempo de transição, tenho alguma inveja dos nossos caixotes que seguem no porão de um navio. Têm 8 dias para fazer a travessia do Atlântico. Gostava de poder sentir na pele a distância geográfica até à nova realidade, como se isso me ajudasse a reconfigurar a minha vida. Mas de avião também se vai bem, obrigada, que eu enjôo desgraçadamente em mar alto. E, hoje em dia, nunca se sabe se não há um iceberguezito à espreita por estas latitudes.

10 setembro 2009

e se, afinal, até gostar daquilo?

Nos poucos minutos por dia em que não tenho o Tico e o Teco ocupados a resolver coisas pendentes, de vez em quando, dou por mim a pensar que até pode haver algumas coisas boas em ir viver para Princeton. Diz que aquilo é bonito. Diz que vou conhecer pessoas novas e descobrir o melhor (e o pior) de uma cultura que qualquer europeu acha que conhece de gingeira. Sou bem capaz de até conseguir passar umas tardes nos cafés dos estudantes a fingir que passo por um deles. E a biblioteca da Universidade há de valer a pena. Ainda perco a cabeça e arranjo maneira de voltar a pegar num par de remos. Isto, no meio de todas as tarefas domésticas e dos dois filhos pequenos e etc., etc., não falemos disso agora. Às vezes, não consigo contrariar esta tendência para não conseguir sentir-me infeliz. Se calhar, até é giro ter um Natal com neve.

09 setembro 2009

trovoada

Portanto, fui eu a única que pensei que talvez estivessemos a ser bombardeados hoje de manhã? É que nunca ouvi trovoada assim, senhores. Eu não tenho medo de trovoada, a sério. Incomoda-me os cabelos da nuca.

07 setembro 2009

filho de gralha

O meu filho consegue levar-me à rouquidão, tal é a quantidade de perguntas que debita por minuto.

04 setembro 2009

coitadinha da nelinha

O fim do Jornal Nacional da Manuela Moura Guedes foi a decisão mais inteligente dos espanhóis desde que resolveram patrocinar a expedição do Cristóvão Colombo às Índias. E mainada.

dondoquisse: aqui vou eu

Numa altura em que muitos de vós regressam ao trabalho, eu despeço-me do meu. Muah-ah-ah-ah-ah! Pronto, até nem fazia questão nenhuma de deixar de trabalhar. Aliás, chego à triste conclusão que este é apenas o segundo trabalho que tenho, em 11 anos de carreira contributiva, que não abandono com o alívio de alguém que tem o rabo em chamas. Será que sou muito exigente? Acho que não. Mas coisas como chefes malucos, tarefas que me assassinam o cérebro ou salários que não dão para pagar metade das contas não costumam reunir uma legião de fãs. A partir de agora, é só ficar o dia todo a ver televisão e a comer nachos. Os homens da casa que tratem das tarefas domésticas, que têm bem corpinho para isso. Mas também tenho um projecto na manga para trabalhar a partir de casa, vamos lá ver se consigo avançar com isso.

(como é óbvio, estou a brincar acerca de ficar o dia todo a ver televisão - eu nem sequer gosto particularmente de nachos)

02 setembro 2009

post meio feminista, meio pequeno-burguês

Que bela altura que o marido da minha querida Marlene (a senhora peruana que nos faz as limpezas) arranjou para decidir que a sua esposa tem de largar o emprego (sim, porque ela tem contrato comigo) para se dedicar exclusivamente a tratar da mãezinha dele! Ai do desgraçado que decidisse POR MIM que eu TINHA de deixar de trabalhar para tratar da mãezinha DELE! Rásparta estes homens do século passado e mais o seu machismo/meninismo-da-mamã.
Pobre Marlene.
Pobre de mim, que já não me bastava a pança, os vómitos e a mudança intercontinental. Estava mesmo a apetecer-me passar roupa a ferro nos tempos livres.
(vá, agora chamem-me egoísta e preguiçosa e digam que vocês fazem isto tudo e muito mais e ainda calçam as pantufas ao marido)

01 setembro 2009

as duras verdades

(este post não é sobre bebés nem mudanças - sim, há vida para além disso)

Hoje acordei a lembrar-me de uma conversa que tive com alguém que me disse uma daquelas verdades difíceis de ouvir (e de contar). E voltei a sentir-me agradecida e a admirar a coragem dessa pessoa. É que quase ninguém nos diz estas verdades. E eu gosto, preciso que mas digam. Magoa, é certo, mas nada é pior do que a santa ignorância. Para ignorância já nos basta aquela de que não nos livramos por muitos anos de escolaridade e pestanas queimadas que tenhamos investido. Por isso, amigos que são meus amigos, por favor digam-me as verdades. Se eu tiver 5 cancros e 2 semanas de vida, digam-me. Se o meu marido andar enrolado com uma paquistanesa (ou um paquistanês), contem-me. Se eu tiver dito qualquer coisa de absolutamente bruto e insensível, como é tão meu apanágio, confrontem-me. Se for só para dizer mal da minha religião, do meu clube de futebol ou do meu partido, deixem lá, pode ser que eu concorde convosco nesta ou naquela questão.

31 agosto 2009

ena! ena! desta vez só demorou 4 meses

O embutido nº 2 já tem direito a nome - Diogo. Acho que soa bem: "Diogo! Sai de cima do Gustavo! Gustavo, Diogo, parem de saltar em cima do beliche! Diogo, came rir pliz! Ai o diabo do garoto que leva todo o dia a jogar beisebol..."
E a propósito da diáspora, o nosso novo blogue. Ah, pois, é que o gralha dixit já é praticamente um ser com personalidade jurídica, não vai transformar-se de um dia para o outro (só porque a minha vida vai levar uma grande volta).

28 agosto 2009

eu, desleixada, me confesso

Nestes últimos dias de (imeeeenso...) trabalho, tenho pousado por alguns dos blogues femininos com mais saída da blogosfera nacional. Há alguns que até são engraçados e bem escritos, e é sempre interessante imaginar como seria a minha vida se eu não fosse casada e mãe de filhos. Acho que também era assim: saídas, viagens, jantaradas com amigas, compras, planos, dúvidas existênciais. Mas não é, e é por escolha própria, por isso não me angustio por não ter vivido essa roda-viva que é a vida da mulher solteira numa qualquer urbe nacional.
Só que esses blogues fazem-me sentir culpada. É que elas passam a vida a comprar roupa, experimentar perfumes, fazer tratamentos de beleza. Estão sempre em cima do que está in e out, andam impecavelmente maquilhadas e sem um cabelo fora do sítio. Dão a ideia de ter uma imagem irrepreensível. E não há nada de mal nisso. Eu gostava de ter tempo e dinheiro para fazer o mesmo. Mas recuso-me a acordar uma hora mais cedo para alisar o cabelo e fazer exfoliação corporal, e não estou disposta a prescindir dos meus livros, de alguns jantarinhos agradáveis, do meu ginásio para poder comprar roupa todas as semanas (e já nem vou falar do fascínio das marcas!) ou para fazer extensões e nuances cada vez que acordo com a telha. Desculpem lá, mas as minhas prioridades não são mesmo essas. O meu "ritual de beleza" diário limita-se a tomar banho, usar creme hidratante e desodorizante, antes de vestir qualquer coisa que combine (e que esteja sem nódoas), que magiquei durante os 3 minutos que durou o meu duche, pôr uns brincos e o meu relógio lindo. Às vezes, uso maquilhagem. Às vezes, pinto as unhas. Às vezes, ponho perfume. Às vezes uso um colar ou um anel diferente. Às vezes compro uns sapatitos novos e corto o cabelo. Se isto significa que sou uma grande desleixada, olha, sou uma grande desleixada. A minha auto-estima não sofre nem um beliscão com isso.

27 agosto 2009

shame on me

Durante a gravidez do Gugas, portei-me bem. Fui às consultinhas todos os meses, tomei os comprimidos todos os dias, massagei religiosamente o corpinho com o creme anti-estrias, tive todos os cuidados com a alimentação. Fui uma linda menina.
Desta vez, a linda menina anda um pouco mais distraída com os comprimidos, com o creme, descanso - isso é que era bom!, passo a vida a pegar no Gugas ao colo, mas o pecado capital foi mesmo a gula. Não resisti e comi sushi na semana passada. Ah, e tal, que tem tudo um ar muito fresquinho. Tumbas, levas logo com uma gastroentrite que é para não seres ladina! Parvalhona inconsciente, não aguentavas um ano sem as delícias daquelas lasquinhas banhadas em soja com muito wasabi? Não...

26 agosto 2009

o que vai e o que fica

Não vamos propriamente para uma ilha deserta (diz que aquilo até tem um restaurante japonês e tudo), mas temos de fazer uma selecção muito grande ao que vamos levar para Princeton. Felizmente, sou uma pessoa muito desprendida de tudo quanto é bem material. Felizmente, tenho muito pouca roupa - e, sim, ao contrário do que pensa o meu marido, poucos sapatos e malas. Felizmente, tenho a música toda que interessa no iPod. Custa-me deixar os livros - e deixo tudo, menos uma colectânea de poesia portuguesa, dicionários e dois livros de apontamentos. Deixo o meu baú do tesouro, com os meus diários e os artefactos da minha adolescência. Levo o MacBook, a roupa essencial (o resto é para dar), fotografias, um galo de barcelos, a Bimby, o faqueiro (não dispenso os talheres de peixe), e muitos brinquedos do Gugas. O que é que isto dirá de mim enquanto pessoa?

25 agosto 2009

do amor filial

Entro no quarto às 23h para compôr a habitual revolução de lençóis. Levanta a cabeça como um tartarugo e entreabre os olhos. "Shhhh. Estou só a tapar-te, Gugas." "A mamã é querida." Sorri e adormece de novo. Os nossos filhos não são sempre uns anjinhos. Mas são muitas vezes.

24 agosto 2009

fim-de-semana fraquinho fraquinho

(que se prolonga por hoje)

Sábado - Mudanças, que ainda me valeram uma traulitada na cabeça com uma cadeira da minha sogra. NB: não foi a minha sogra que me bateu com a cadeira, fui eu! Uma canseira tremenda.
Domingo - Afinal a canseira tinha outra razão. De cama com febre e cólicas, a torcer que não fosse gripe A, que este vírus não é nada amigo das grávidas. E um sol lindo lá fora. E os meus fins-de-semana em Portugal a eclipsarem-se.
Segunda-feira - Notícias muito tristes. Espero que a semana comece só amanhã, com coisas boas.

20 agosto 2009

o sexo do anjo

Princesas, príncipes e cavalinhos brancos. Côr-de-rosa, florinhas, estrelas e luas. Cutchi, cutchi, ursinhos e muitas coisas fofinhas. Ganchinhos, tranças e vestidos esvoaçantes. Suspiros, bailarinas, Barbies, Bratz e sininhos. Cutchi, cutchi, cutchi, tudo tão amoroso e flausino. É bom que me comece a habituar à ideia. Mas como, ó como é que eu vou criar uma menina? Eu não percebo nada de meninas! Eu não sei brincar como as meninas. Para dizer a verdade, não me recordo de alguma vez ter sido uma.

Ehehehe. Enganei-vos, não foi? É mais um rapaz! :D

19 agosto 2009

sobre a mudança

Se acreditasse no karma, diria que o facto de me ter escapado de fininho a organizar um casamento me faz agora pagar com a trabalheira burocrática que implica a mudança de uma família para outro continente. Quem me dera que tudo se limitasse a fazer não sei quantas malas! Mas não, há um sem-fim de documentos, regulamentos, fornecedores, prazos, entrevistas, papéis, papéis e mais papéis. Ah, e cada um destes serviços paga-se bem. Vendo bem a coisa, até é bom andar entretida com tudo isto. Assim, não começo a pensar que ainda não temos casa lá; que não faço a mínima ideia de quem será o meu médico; que vou ter de ter o bebé sozinha porque alguém tem de ficar a tomar conta do Gustavo; que não vou receber ordenado durante (pelo menos) um ano; que vou passar o Natal sem a minha família; que não sei quando voltarei a mergulhar na minha praia, pisar as pedras da calçada, comer peixinho grelhado, estar com as minhas pessoas... Pronto, venha de lá mais papelada - antes isso que Kleenex!

17 agosto 2009

e lá se acabaram as férias

De volta ao trabalho, apenas durante 3 semanas, e depois... Vou finalmente viver à custa do meu homem :)
As férias foram óptimas e correu tudo bem, felizmente. Quatro semanas de praia não foram demais. Ainda está por descobrir o tempo na praia que me sobra. Não é à toa que tenho esperança de um dia ser náufraga numa ilha deserta. Nadar no mar foi o maior bálsamo para os meus enjôos (pastilha elástica também ajuda), que começam a querer deixar-me em paz. De resto, consegui dormir algumas sestas, ver uns filmes, ler uns livros e passar tempo com a minha família, que era o que desejei, certo?
O Gugas também adorou as férias. Fartou-se de chapinhar e é maluquinho por água como eu. Na piscina, só queria dar mergulhos, apanhar tesouros e estar debaixo de água. Tinhamos de o puxar para ele vir respirar porque pensa que tem guelras. Finalmente largou as fraldas de dia e é com muito orgulho que faz xixi de pé. Nunca pensei que ia ter de segurar em pilinhas para pôr alguém a fazer xixi, confesso que ainda não domino a técnica. Dá muitos beijinhos e faz muitas festinhas na minha barriga, traz brinquedos para o/a irmão/irmã e está com a maior mãezite aguda de sempre. Ai, que falta lhe vai fazer a escola... Não pára de fazer perguntas, é trapaceiro, gozão, e não se cansa de brincar. É o meu rapazolas querido!
Quanto à segunda cria, afinal estou mais grávida do que pensava, de modo que a eco que fizemos na semana passada não deu para medir a translucência da nuca. Só vamos saber se está tudo bem na eco morfológica, mas tem os órgãos e os dedos todos no sítio. Ah, claro, e já deu para ver que é lindíssimo :P Não mostrou foi coisa nenhuma entre as pernas, pelo que fizemos o teste para saber o sexo e estamos à espera do resultado esta semana.
E pronto, o testamento já vai longo e tenho muitos blogues para pôr em dia!
(tenho a sensação que o estilo deste post está muito estranho, acho que me desabituei de blogar durante este mês de ausência)

11 agosto 2009

yes I can IV

E quando a sede de mundo já for mesmo insuportável, há sempre o combóio para NYC. 10 dólares e pouco mais de uma hora parecem-me uma distância tolerável do centro do mundo.

05 agosto 2009

yes I can III

...have a baby at home. É fácil: aquece-se uma panelinha de água, espalha-se umas toalhitas turcas em redor e alguém me dá um pau para trincar cada vez que vem uma contracção. Não era assim que faziam n'Uma Casa na Pradaria? Pelo menos não fico deitada, atada ao CTG e ao soro.

"A normal vaginal birth will cost an average of $7,000, while a Cesarean birth will cost an average of $11,000." Aqui

30 julho 2009

yes I can II

Não tenho de me preocupar com a minha vida espiritual, já tenho o contacto dos amigos da cientologia lá do sítio. Será que o Tom Cruise vai lá dar palestras?

27 julho 2009

yes I can

No esforço de me motivar para a minha nova vida americana, consultei a agenda de eventos em Princeton nesta temporada. Estou muito entusiasmada, não sei se vou conseguir ir a tudo isto, mas não posso falhar:
*Happy Hour , BT Bistro , 3499 Route 1 South, West Windsor, 609-919-9403
4 p.m. to 7 p.m. , Discount appetizers and drinks;
*Caregiver Support Group , Alzheimer's Association , 196 Princeton Hightstown Road, West Windsor;
*Overeater's Anonymous , Princeton Alliance Church, Schalks Crossing Road, Plainsboro;
*American Boychoir Experience , Princeton Public Library , Witherspoon Street;
*Scrabble , Classics Used and Rare Books , 117 South Warren Street, Trenton.

The joys of living in Geekville...

22 julho 2009

as notas do gugas

E lá chegou o momento (já na semana passada) em que tivemos reunião de pais e recebemos aquela folha a falar do nosso filhotinho lindão e a dizer todas as coisas que nos fazem chorar porque transbordamos de orgulho (e hormonas de gravidez, essas parvas). Pronto, vou fazer um esforço de modéstia e não transcrever tão sábias palavras das educadoras. Vou só dizer que temos mesmo muita sorte em ter um menino tão querido e tão especial (pelo menos para nós). Como será o que aí vem?

20 julho 2009

objectivo: lua

E que dia é hoje, que dia é hoje? é o dia em que faz 40 anos que o Homem chegou à lua. Deve ter sido giro mas eu ainda não existia. Quem também ainda nem era espermatozóide era o Senhor Grande Cientista Meu Marido que, ainda assim, foi convidado para dissertar sobre este grande momento da nossa História (acho que também convidaram mais pessoal, mas o SGCMM é o giraço de camisa aos quadradinhos - eu bem lhe disse para ir de riscas). Não percam hoje, na RTP Memória, às 21h30. E, já agora, depois contem-me como foi, que eu não tenho TVCabo.

18 julho 2009

praia, aqui vou eu

Este ano não quero calor, não quero muito sol, não quero caipirinhas, não quero noitadas. Este ano só quero sentir o cheirinho do mar e dormir a sesta. Ler uns livrinhos. Adormecer no ombro do meu maridinho. Fazer castelos na areia com o Gugas e não contar os dias até à partida. Este ano, quero umas férias sossegadas, sff. Os posts que virem aqui até meados de Agosto serão, por isso, pré-agendados. Boas férias a todos e até qualquer dia!

17 julho 2009

último dia de creche

(declaração de uma mãe grávida e absolutamente lamechas)
A quem tem dúvidas acerca da capacidade de socialização dos bebés e das crianças pequeninas, a quem tem dúvidas acerca das vantagens de os nossos filhos estarem numa creche, só tenho a dizer que ainda tenho lágrimas a escorrer cara abaixo com o gesto que a turma do Gugas teve hoje, na sua despedida. Todos os meninos, com a ajuda das educadoras, pintaram grandes desenhos para o Gugas. Tudo isso foi junto num grande caderno de cartolina e completado com um pequeno texto de despedida.
Não há palavras para descrever o que sinto neste momento. Eu própria vou ter muitas saudades de todos eles, crianças e adultos da creche. É muito, muito bonito ver como o nosso filho é tão amado e acarinhado, por tanta gente.

16 julho 2009

cusquisse

Faço parte de uma daquelas famílias em que as pessoas não sabem guardar um segredo. Eu só faço segredo quando isso é mesmo importante, não é por brincadeirinha, por isso fico mesmo irritada quando vejo que uma notícia já se espalhou por centenas de quilómetros. Depois admiram-se que eu não conte mais coisas sobre a minha vida! Posso ser gralha mas também sei muito bem quando tenho de passar a ficar calada.

15 julho 2009

já só faltam 2 dias. ou 2 semanas e meia

Estou cansada de vomitar. Estou cansada de me babar. Estou cansada de estar cansada 10 horas por dia. E trabalho com mulheres que me dizem que não sabem o que é isso de enjoar durante a gravidez. Eu já não sei o que é isso de comer alguma coisa sem medir a distância até à sanita mais próxima. O que vale é que vou de férias no Sábado, durante um mês. Pode ser que, na horizontal, sob os cuidados da minha mamã, o resto do primeiro trimestre não custe tanto.

14 julho 2009

preserverança: precisa-se

Hoje ouvia no Revolutionary Road uma mulher a acusar o marido de nunca começar nada de novo porque assim não corria o risco de falhar. E pensei para com os meus botões que, felizmente, o meu marido é tão querido que nunca me disse o mesmo. Mas podia (se calhar, devia...).
Tenho muitos defeitos mas um dos que mais me incomoda é a minha grande dificuldade em terminar um projecto. Ideias, chovem torrencialmente. A energia está lá no início. Bora, vamos, eu faço, eu aconteço! E depois arranjo desculpas, adio, suspendo. E isso chateia-me para burro. O mal é que não sinto prazer nem realização num objectivo alcançado, só sinto que tirei um peso de cima. Todas as teorias da motivação que estudei a Psicologia Social são muito bonitas mas não estão a falar de mim de certeza. Como é que eu consigo obrigar-me a levar até ao fim um projecto que, de início me parece tão interessante e que tem tudo a ver comigo?

13 julho 2009

mudanças

Portanto, daqui a menos de três meses tenho de deslocar o agregado familiar, os trapos e a quinquilharia daqui até ao outro lado do Atlântico. De bucho já proeminente. E não é que ainda não consigui encontrar UMA empresa que me faça as mudanças por barco? Vá lá, eu não quero levar muita coisa, só quero empacotar alguns bens pessoais, equipamento de bebé, a Bimby, e fazer isso tudo chegar a Princeton. Tenho taaaaantas outras coisas para tratar - como me dava jeito agora um assistente pessoal - que ao menos isto gostava de ver resolvido. Estou a ver que vou ter de enfiar tudo em garrafas e atirá-las à sétima onda na praia, com esperança que cheguem ao destino.

09 julho 2009

do primeiro ovo

Agora despe-se durante a noite. Não é calor, não senhor, deve ser exibicionismo. Quando damos por ele, lá está esparramado de fralda (ou menos) e o pijama em bola a um canto da cama. Tem cada vez mais características que me fazem lembrar a mãezinha dele: é refilão, mandão, muito falador, tão depressa a ignorar-nos quanto a vir fazer festinhas e dizer que gosta muito de nós. Dá beijinhos na minha barriga e diz que sou linda (alguém havia de achar, só mesmo amor de filho!). Ri-se às gargalhadas quando o Matias se porta mal e está sempre a perguntar-me onde estou (tipo, 80 vezes por dia), para me ouvir inventar que estou na piscina, no Zoo, no trabalho, na praia, na casa de várias pessoas. Fica parado a sonhar com sei lá o quê e exige ajudar em tudo e mais alguma coisa. Continua com a mania das limpezas e das arrumações. Às vezes, porta-se mesmo mal, principalmente quando sente as costas quentes. E fica com uma cara muito séria e um ar muito sentido quando nos zangamos com ele por causa disso. Ainda nem sabe que está a uma semana de deixar a escola por muito tempo e a 3 meses de deixar o país, a casa, os amigos, o cão, os Avós... Não sei como lhe vou dar a notícia, mas vai ter de ser aos pouquinhos, de uma forma muito simples e com a cara mais alegre que eu conseguir fazer.

08 julho 2009

do segundo ovo

Afinal os desejos não são um mito. São um verdadeiro imperativo, que já me fez quase quase ir de saltos altos até à Portugália mais próxima para comer um bife (e no dia seguinte não poder sequer imaginar comer um bife). A fome é imensa, não aguento mais de duas horas sem enfiar alguma coisa no bandulho, de preferência fast food. Salivo como um cão, a ponto de ter de andar com saquinhos para verter baba no automóvel (não é uma imagem bonita, eu sei). Já dei alguns abraços sentidos à sanita. E o sono, senhores, o sono não é amigo de quem trabalha até às 22h. Mais uma vez, confirma-se o equívoco: onde está a graça deste estado? Pronto, vem lá um bebé, valha-nos isso.

06 julho 2009

ploc

O que é aquilo lá em baixo? Sim, lá em baixo dos meus posts recentemente publicados. Vão lá ver, vá.
Ahhhh! É verdade, a gralha tem mais um ovo. Ou, se preferirem a versão do Gustavo, "a mamã tem um bebé na barriga". E este já vai nascer americano, de peúga branca e ténis Nike :)

02 julho 2009

múúúú!

Espera lá, espera lá, o (ex) Ministro da Economia acabou de fazer corninhos ao Bernardino-cara-de-frete-do-PC em plena Assembleia da República?? E eu perdi isto? Para quando aquele Senhor Deputado do CDS que está sempre a balir "muito béém, muito béééém" a soltar um valente traque? São estes pequenos nadas que fazem de Portugal um país tão encantador.

01 julho 2009

e a pergunta (bloguística) do dia é:

Quantas pessoas vão hoje ao lançamento do livro da Pipoca Mais Doce só para FINALMENTE ficaram a saber como ela é? (E o Arrumadinho. E a Brilhozinhos) Espero ao menos que comprem o livro, que a menina até escreve bem e é uma piroseira ir lá só pelos canapés e para ver que sapatos leva calçados.

gralha, arranja uma vida para além da blogosfera, sim?

30 junho 2009

a sério que eu queria ser dócil e boazinha

Gostava tanto de ter nascido uma daquelas criaturas que espalham a paz e o bem-estar à sua volta! Mas não, nasci assim: bruta, torta, refilona. A culpa não é minha, se for de alguém, é dos meus pais. Mas eu gostava tanto de ser boazinha. Gostava de ir no trânsito e não desejar que alguns condutores fossem empalados. Gostava de atender pessoas extremamente burras e não estar a bufar por dentro. Gostava, sobretudo, de tratar muito melhor as pessoas de quem gosto e que têm a bondade de me tratar bem a mim. Às vezes, consigo. Mas muitas vezes é mais forte do que eu. E é pena. Devia haver comprimidos para isto. Será que uma lobotomia funciona?

29 junho 2009

amor de mãe

É não ter vontade de lhe torcer o pipo à 1h da manhã, quando ainda não me deixou adormecer porque passa a noite aos pontapés ao colchão (não, não me parece que venha a ser futebolista). Em vez disso, arrasto uma manta, a almofada e as olheiras para o escritório, enquanto penso que o meu filho é tão querido. Mas hoje não dorme no meu quarto (estamos acampados em casa dos meus pais).

26 junho 2009

michael jackson

Portanto, hoje é aquele dia em que toda a gente da minha geração perde um bocadinho a vergonha e admite que sempre gostou das músicas do Michael Jackson. A verdade é esta (deixando, por hoje, de lado as acusações não provadas de abuso de menores): grande cantor, grande bailarino, um símbolo incontornável do século XX, responsável por uma das maiores revoluções musicais da história recente. Foi com o tema "Black or White" que pensei pela primeira vez a sério na questão do racismo. E foi o meu primeiro grande concerto, em Alvalade (com uma então desconhecida a abrir, a Sherryl Crow).
Grande Michael, espero que tenhas um lugarzinho no céu onde possas continuar a ser a eterna criança.

25 junho 2009

chamem-me básica

Não há nada mais sexy do que um atleta de alta competição. E não é (só) por causa dos músculos. É pela determinação, resiliência, empenho, amor-próprio e auto-disciplina que têm de ter.

(Não incluo futebolistas. Os futebolistas são essencialmente rapazes que têm muito jeito para jogar à bola e ganham dinheiro com isso)

E antes que comeces a rosnar, nucleão: os melhores são os remadores, claro!

24 junho 2009

os pés

Leram o título deste post e, com um esgar esverdeado, disseram "puáhh!", não foi? Pois é, chega a esta altura do ano e temos de levar com os pés. E isso nem sempre é agradável. Com os nossos, que andam cheios de mazelas da guerra sazonal com as sandálias e outros artigos sapatais que dispensam as peúgas. Com os dos outros, que se exibem descaradamente e exalam quase sempre odores desagradáveis. Não sou fundamentalista ao ponto de achar que devia haver uma polícia dos pés, que parava o cidadão com pés impróprios para a mostra em espaço público e lhe entregava uns pózinhos anti-micóticos e um sapatinho (fechado) de farmácia. Mas o mundo (no Verão) era um lugar tão mais simpático se nem todos andassem de dedo ao léu... É uma questão de bom senso, senhores, bom senso.

22 junho 2009

tempos de crise

Depois de alguma limpeza das matérias mais privadas, o gralha dixit vai voltar a ser um blogue público. As empresas nacionalizam-se, a onda privada está completamente out e a minha vida está a atravessar mudanças grandes que me fazem ter vontade de voltar ao grande público. Além disso, como vou viver para o estrangeiro, diminuem os perigos associados à exposição da minha vida pessoal. Por isso, queridinhos que me acompanharam ao longo deste período, vocês estão aqui (batendo com o punho no lado esquerdo do peito) mas agora isto vai ser de todos. É a rebaldaria.

19 junho 2009

agora é que ele vai ficar convencido

Para além de gourmet, o Matias sempre teve um bocado a mania. Agora, então, nem quero imaginar. Não posso passar com ele junto ao quiosque dos jornais, senão ainda começa a reclamar bifes para o jantar.

a idade está na cabeça my ass

Se estou de pé, enchouriçam-me as veias das pernas.
Se estou sentada, agudiza-me a ciática.
Isto só ia lá com uma semana de spa, essa é que é essa.

18 junho 2009

último dia de catequese

Tive muita sorte com os meninos que me calharam este ano, apesar de ter andado sempre a correr e não ter preparado nada decentemente. São exactamente aquilo que eu gosto nos pré-adolescentes: curiosos, atrevidos - alguns mais tímidos - tumultuosos q.b. mas respeitadores, inquisitivos e, sobretudo, muito queridos. Espero ter consigo fazer aquilo que é suposto nesta hora semanal: ajudar a crescer a sementinha do verdadeiro Amor. Agora não sei quando (se?) voltarei a dar catequese, depois de quase 10 anos de "serviço". Sai-me do pêlo mas é sempre um prazer. E vou ter muitas saudades dos meus meninos (ui, lá vem a lagrimita).

17 junho 2009

pistachios

Era um baldinho cheio, faz favor. E podem acompanhar com Sumol de laranja com muitos picos.

15 junho 2009

pelo menos dá um lindo post

(as palavras que se seguem irão provavelmente causar o nojo)

Penso que já é por vós conhecido que o meu cão, Matias, é um gourmet. Isto, se o conceito de gourmet incluir a degustação da minha roupa interior. Pois bem, hoje lá foi uma meia. E, lei da Física, aquilo que entra sai. Também é costume do meu delicado cão, quando urge bolsar, fazê-lo sobre um tapete. Felizmente, só tenho dois tapetes em casa. Lá me vomitou todo o tapete da sala (e estava a ver que a Inesa, a assistir à cena, se juntava à festa). Lavei tapete. Lavei toda a minha casa-de-banho que ficou coberta de nhanha. Mas a festa ainda ia no início. É verdade, pensam vocês, ainda há um segundo tapete. E no segundo tapete ele vomitou. E segundo tapete eu esfreguei. E a cozinha, e o corredor, e a casa-de-banho (de novo), e o diabo a quatro. E é nestas alturas que eu acho que, afinal, a minha vida não é assim tão fácil.

12 junho 2009

Santo António II

Ó meu rico Santo António, meu rico Santo Antoninho,
Já faz tempo que esta noite não me puxa para o bailinho.
Sabes que não é por desgosto ou falta de vontade
Porque sempre senti por ti verdadeira amizade.
Foi mesmo impossível, olha, não deu!
Mas este ano, se Deus quiser, lá estou eu.
E se não for pedir muito
- não quero estar a insistir -
antes da festa e das sardinhas,
hei-de ir acender-te umas velinhas
para o milagre de há 3 anos se repetir.

09 junho 2009

to do list (antes de deixar o meu querido país)

Ir à festa do Santo António
Ir a um concerto dos Deolinda
Ir ao cinema ver um filme decente
Jantar no Água e Sal
Almoçar no Senhor Peixe
Almoçar na praia da Sereia
Almoçar na praia do Meco
Almoçar na praia do Abano
Almoçar na minha praia no Algarve
Fazer um piquenique no Museu do Teatro
Ir ao Museu de Arte Antiga
Ir ao Zoo
Ir ao Oceanário
Ir à Arrábida
Ir a Óbidos
Dormir com a janela aberta (será que este Verão é possível?)
Tomar um banho na piscina à meia-noite
Enfiar os pés nos olhos de água da minha praia
Dar grandes passeios com o Matias pela falésia
Transplantar as minhas flores para os canteiros do meu pai
Comer castanhas assadas na rua
Estar com TODAS as pessoas a quem quero dar um abraço daqueles e dizer coisas muito lamechas, que eu nunca digo, mas desta vez vou dizer porque vou emigrar - e até levo um galo de Barcelos.

(lista em permanente actualização)

08 junho 2009

fim-de-semana romântico

Soube tão bem... Todos os casais deviam ter direito a uns dias assim.



(E reparem como fiquei tão bem nesta fotografia junto aos barcos - ampliem para ver se me encontram)

04 junho 2009

verificação de palavras

Suspeito cada vez mais que o Blogger contratou um senhor com um sentido de humor retorcido para criar as palavras que nos aparecem nos pedidos de verificação de palavras dos comentários. Não me venham com histórias que é um algoritmo, ou sei lá o quê. Tudo aquilo parece fazer um sentido, misterioso e ainda assim profundo. Uma espécie de oráculo blogosférico.

(ou então é só mais um problema da minha cabeça, como aquele que me faz ver palavras nas letras das matrículas dos automóveis - e sei que não estou só nesta demência)

03 junho 2009

detestodetestodetesto mentiras

Quando era miúda, era uma grandessíssima mentirosa. Mas já me perdoei porque é difícil para uma criança imaginativa separar a realidade da ficção. Curei-me quando tive uma relação (?) com um psicótico mentiroso compulsivo, que fazia, entre outras habilidades bem mais graves, telefonemas para pessoas que não existiam. Numa língua que ele não sabia falar. Desde então, detesto mentiras. E, se há mentiras em que todos acabamos por caír porque, às vezes, não há outra saída, as que me deixam mesmo doente são as mentirinhas desnecessárias. As tretas ditas só por hábito, porque dizer a verdade é uma decisão consciente e que temos de tomar todos os dias. Dá trabalho. Estou rodeada por pessoas que constróem teias destas mentiras e acho que já nem dão por isso. Agora, não me peçam a mim para mentir quando isso é absolutamente desnecessário, isso é que não.

02 junho 2009

dúvida existencial à séria

Quando é que a expressão "a sério" se transformou em "à séria"? Quem foi que começou esta mania? E porquê? Serei a última pessoa do planeta (português) a dizer "a sério"? A sério que isto me transtorna à séria. Quer dizer, se me apetecer agora, posso decidir que deixamos todos de dizer "a brincar" e passamos a dizer "à brincadeira", ou qualquer coisa do género?

01 junho 2009

dia mundial da criança

Este ano, já tenho uma lá em casa (antes era bebé). As 24 horas do dia são sempre insuficientes para tudo o que ele tem que brincar. Que bom!

29 maio 2009

onde estão as vítimas silenciosas?

A propósito deste post da Brilhozinhos, apeteceu-me falar do problema das vítimas silenciosas que ainda povoam (pelos vistos) Portugal. A violência não é uma assunto simpático para as Sextas-feiras, mas é um tema que me dá a volta à cabeça e ao estômago porque me parece absurdo em termos racionais. Por que é que há pessoas que se acham no direito de exercer alguma forma de violência sobre alguém?
Há muitas vítimas, pelos vistos. Mas parece que não encontro nenhuma no meu meio. Isso só pode significar que ainda há muito quem sofra calado. Porquê? Por que é que as pessoas perdem até a confiança e auto-estima para denunciarem estes casos? Para uma refilona como eu, que não deixo passar o menor atropelo, isto faz-me uma comichão desgraçada. Queixem-se! Denunciem! Não vivam paralisados! Dêem uma oportunidade a vós mesmos de terem uma vida melhor.

28 maio 2009

é desta! é desta!

Agora é que é. Agora o tempo vai ficar bom, pelo menos até dia 3 de Outubro, e vou poder usar todas as sandálias, dar todos os mergulhos no mar, ir a todas as esplanadas, beber todas as caipirinhas, dançar todas as músicas de Verão ao ar livre e ouvir todas as cigarras a que tenho direito! E nem mesmo a perspectiva de amanhã poder ficar sem a única sanita lá de casa consegue demover o meu bom humor.

26 maio 2009

a terra do sol nascente

Sempre disse que não tinha interesse nenhum no Japão e menos ainda em ir ao Japão. Não me atraía aquilo que eu simplificava estupidamente como uma sociedade obcecada com o trabalho e com uma estética pirosa e um pouco panisgas.

Por que é que eu ainda sou parva e uso a palavra "nunca"? Pronto, a partir dos 30 nunca mais digo "nunca".

Mas depois veio a fixação pela comida japonesa. E os compositores japoneses. E os escritores japoneses. Já é muita coisa boa junta. E agora dou por mim a achar que um dia tenho mesmo de lá ir.
Toyotas é que nunca, isso nunca!

25 maio 2009

faz de conta que já chegou o calor II

Se o meu rabo deixasse, bebia Coca-Cola todo o santo dia. Rabo tirano, que me obrigas a beber água às litradas até ter plancton no estômago.

(O que é que isto tem a ver com o calor? Calor = praia = bikini = rabo. Duh)

23 maio 2009

mamas vs. rabos

Já devem ter reparado que a gralha gosta de discutir dicotomias (e de falar na terceira pessoa acerca de si própria, pelos vistos). É verdade, cá temos mais uma. E esta também não vai contribuir para o avanço científico da humanidade.
Ora então, por que é que há homens que gostam mais de mamas e outros mais de rabos? Apresentem-me um que fica indeciso, vá? Conseguem? Eu não, e até conheço alguém que é do Sporting e do Benfica ao mesmo tempo (alô Estocolmo?). Compreendo que se goste de ambas as coisas. São redondinhos. Têm por onde agarrar. A pele é mais macia do que no resto do corpo (pelo menos quem não faz top less). Tendem a saltitar em momentos de euforia ou apenas quando se corre para apanhar o autocarro. São coisas bonitas de se ver, até para mim que não sou particularmente apreciadora de mulheres. Mas por que é que há uns que são mais a favor do pára-choques frontal e outros do traseiro? E será que há alguma misteriosa correspondência entre estes subgrupos e os que gostam mais do Marco Paulo ou do Tony Carreira? É por causa destas inquietações que continua a haver gente a estudar Sociologia.

22 maio 2009

iGralha


É lindo. É da minha cor favorita. Tem uma mensagem personalizada gravada nas costas. É meu. E foi o meu maridinho querido que me ofereceu de surpresa. Já posso andar por aí a bailar sempre que me apetecer. Estou tão contentinha :)

21 maio 2009

ai caramba que está quase

Já só tenho 20 fins-de-semana antes de dar à sola aqui do nosso cantinho à beira-mar plantado. E isso até pode parecer muito só que, no Verão, quase todos os fins-de-semana já estão há muito reservados para casamentos, jantaradas, aniversários e mais o diabo a 7. Começo a ficar com a sensação que tenho de aproveitar cada bocadinho, estar com todas as pessoas, ir a todos os meus lugares preferidos, e isso é fisicamente impossível. O que vale é que ainda tenho um mês de férias pelo meio. Já falta tão pouco...

20 maio 2009

americanices I

Ainda nem lá cheguei e já começo a ficar estupefacta com certas coisas. Uma pessoa já sabe que aquilo é um país com um sistema muito liberal e uma sociedade que premeira o individualismo, mas como se explica que eles achem normal os seguintes factos:
- Não têm licença de maternidade. Quais 4 meses, quais 6. Nicles, nada;
- Só se tem direito a uma semana de férias depois de um ano a trabalhar;
- Ai queres ir de férias? Sim senhor, mas não recebes nada enquanto arejas a pevide.
E nem vamos pegar pela questão da saúde e do ensino... Oh minha querida Europa, vou ter tantas saudades...

19 maio 2009

não compreendo os homens

O título deste post é plágio descarado do nome de um blogue absolutamente delicioso. E faço-lhe referência porque este texto é um belíssimo retrato do que são os homens naquilo que eles normalmente fazem pior: estar com mulheres. Vou já chicotear-me nas costas em nome de todos vocês que acharem que estou a generalizar - porque estou - mas a verdade é que acho que os homens tendem a ser muito desajeitados na presença de fêmeas que consideram interessantes, como se o entumecer de uma parte habitualmente pendente da anatomia lhes atrapalhasse o caminhar e os pensamentos. É verdade que deve ser ingrato cumprir o papel que lhes impomos: cativarem-nos. Pobrezinhos, lá começam a sacar dos truques que já experimentaram ou daqueles que só ouviram falar. Contam piadas, são gabarolas - mas de forma muito disfarçada - compram automóveis, partem ferro no ginásio, chegam até a tirar cursos de cozinha (ou apenas a aperfeiçoar o spaghetti a la carbonara, que é a única coisa que sabem fazer). Os homens são uns queridos, há que tirar-lhes o chapéu. Se calhar nem se apercebem de que metade da graça que lhes achamos está no esforço que fazem e não nos resultados.

18 maio 2009

faz de conta que já chegou o calor

Finalmente, no meio do marasmo jornalístico em que vivemos, uma nova revista que tem todo o ar de ser interessante:


(pronto, é hoje que ele me dá com o cinto)

15 maio 2009

não, a sério, ofereçam-me prémios, que eu gosto

gralha: Está?
senhora endrominada: Estou sim, boa tarde. Fala de casa do senhor (nome do meu marido, pronunciado de forma errada, como sempre)?
gralha: Sim, fala.
senhora endrominada: É a esposa?
gralha: Sim, minha senhora, diga.
senhora endrominada: Quero dar-lhe os parabéns porque o senhor (nome do meu marido, pronunciado de forma errada, como sempre) foi seleccionado numa lista de clientes das lojas Gourmet & Gout e ganhou um fim-de-semana nas Pousadas de Portugal.
gralha: Ah, que boa notícia me está a dar.
senhora endrominada: Será que me podia confirmar os dados do seu marido para que possamos tratar do envio da oferta?
gralha: Com certeza, minha senhora. Só lhe vou pedir que aguarde um pouco porque tenho companhia e estou ocupada.
senhora endrominada: Faça favor.
(5 minutos depois)
gralha: Estou sim? Desculpe a demora mas estou a meio de uma sessão espírita.
senhora endrominada: Diga?
gralha: É que eu sou médium e estou a receber uma presença de um espírito com uma aura muito forte. Não posso simplesmente mandá-lo embora sem mais nem menos.
senhora endrominada: A senhora não pode dar-me os dados do seu marido?
gralha: Espere aí, vou perguntar ao espírito - OHHHMMMM! OH TU QUE ESTÁS PRESENTE, REVELA-TE!
gralha (com uma voz assombrosa): SIIIIIIIM.
gralha: Posso dar os dados do meu marido a esta senhora?
senhora endrominada: Estou sim? A senhora está a ouvir-me?
gralha (com uma voz assombrosa): EU ACHAR QUE ESTÃO A TENTAR ENGARRRR-TE!
gralha: Olhe, pelos vistos o espírito é estrangeiro... Será que é a Rainha Vitória?
Tuuuuuuuuuuuuuuuuu

(Pronto, confesso que este diálogo ainda não aconteceu. Mas estou danadinha pelo próximo telefonema destes para sacar dos meus dotes mediúnicos)

14 maio 2009

o flagelo dos cabeleireiros II

Este foi um dos poucos casos em que a sequela foi muito melhor do que o primeiro take. Tenho as minhas penas castanhas de volta e estou muito feliz. De repente, até comecei a ter ideias e tudo.

13 maio 2009

festas na cabeça

Às vezes, é só disso que precisamos.
(e não de uma análise exaustiva do que nos angustia, do que nos faz chorar, do que nos preocupa. O meu vizinho arrumadinho é que me percebe)

12 maio 2009

altos e baixos

A crise já tem um rosto para mim. Antes, era só um bicho-papão que dava jeito aos media para arranjar notícias entre os Alertas Laranja do Inverno e os incêndios do Verão. A crise é feia, inoportuna, mal-criada. Espero que possa ao menos ser oportunidade para abrir novos horizontes.
Hoje foi também o dia em que soube que afinal estou bem. Depois de escrever mentalmente cartas de despedida a todos os que importam. Depois de pesar o valor destes 30 anos, do que foi feito e do que ficaria por fazer. De imaginar como deixar uma marca depois de partir. Mas afinal recebi, de presente, mais tempo para tudo isso - a menos que um camião me passe por cima. Depois disto, a minha vida não vai mudar da noite para o dia. Só vou gostar um bocadinho mais de mim e fazer mais coisas que me apetecem. E vou sorrir mais para toda a gente.

11 maio 2009

afónica

Estou sem piu vai para quase uma semana. Depois de ultrapassar a frustração de querer dizer coisas e as pessoas não me ouvirem, sinto-me repousada porque não tenho de falar. Toda a gente espera sempre que eu fale. Agora, fico calada. E sossegada. Ainda me habituo a isto e passo a um permanente estado zen. Mas aí deixo de ser uma gralha.

08 maio 2009

ofereçam-me prémios, que eu gosto

gralha: (Empresa onde eu trabalho), boa tarde.
senhora fanhosa: Boa tarde! As lojas Multimarca vão abrir uma nova loja e o seu número foi um dos 15 seleccionados para ganhar um vale de 500 euros em compras!
gralha: Ah, óptimo!
senhora fanhosa: Só tem de acertar numa perguntinha que eu vou fazer. Está pronta?
gralha: Diga lá.
senhora fanhosa: As lojas Multimarca vendem electrodomésticos de várias marcas ou produtos de informática?
gralha: Hummmm...
senhora fanhosa: As lojas Multimarca vendem ELECTRODOMÉSTICOS DE VÁRIAS MARCAS ou produtos de informática?
gralha: Produtos de informática!
senhora fanhosa: Pense lá melhor...
gralha: Ehhh... Roupa?
senhora fanhosa: Ouça com atenção - electrodomésticos de várias marcas ou produtos de informática?
gralha: Perfumes!
senhora fanhosa: Tem de ser uma das opções que lhe dou...
gralha: Ai, tenho sempre tanto azar nestes concursos... Nunca ganho nada.
senhora fanhosa: A senhora está a gozar comigo?
gralha: A senhora, claramente, está.
senhora fanhosa: Obrigada, boa tarde.
gralha: Boa tarde.
tuuuuuuuuuuuuu.....

07 maio 2009

hoje roubei um balão II

O crime compensa. Ao chegar a casa, tinha dois bracinhos a passarinhar e o sorriso-maior-do-mundo a receberem-me: "Mamã, mamã! A mamã gamou um balão!" (e são estas as coisas que o pai lhe ensina)

hoje roubei um balão

Acho que é a terceira coisa que roubo na vida, pelo menos que eu me lembre. Primeira: um pin, quando tinha uns 5 anos. Segunda: um pão, quando tinha 25 anos (estava na Alemanha, tinha fome e não tinha dinheiro). Mas é a primeira vez que roubo para outra pessoa, que isto de ouvir o filho dizer todos os dias "ohhh, o balão barrentou" é um forte incentivo à criminalidade.

06 maio 2009

o carapau

Carapau é a designação vulgar de várias espécies de peixes das famílias Scombridae e Carangidae, caracterizados por um corpo fusiforme, uma linha lateral terminada por escamas em forma de escudo, e uma camada de músculo vermelho na parte lateral do corpo (In: Wikipedia).
O carapau é essencialmente um peixito simpático que gosta de nadar nas águas frias da nossa costa. O carapau anda com os seus amigos em cardume, a apreciar a esplêndida conjugação entre os raios de sol que atravessam as ondas e a frescura própria do seu habitat. Tão bonito e querido que é o carapau, por que é que têm de o pescar? Sobretudo, por que é que o compram e grelham os meus vizinhos quando eu deixo a janela do quarto aberta todo o dia? Deixem viver o carapau e não me matem a mim com o cheirete.

05 maio 2009

quando a sabedoria e a subtileza se encontram

À passagem pelo estádio da Luz:
gralha: Buuuuuuuh! Benfica buhhhhhhhh!
Gustavo: O Benfica come cocó.

03 maio 2009

marco vs. tony

De tantos assuntos pouco interessantes que andam por aí, não compreendo como é que ninguém se lembrou ainda de dissertar sobre a rivalidade latente entre os dois auto-proclamados reis da música ligeira (?) nacional: Marco Paulo & Tony Carreira. Na minha opinião, este não é um tema menos fracturante do que as dualidades Coca-Cola vs. Pepsi, McDonald's vs. Burger King, ou Britney Spears vs. Christina Aguilera. Mas, por alguma razão, ninguém fala nisso.
Adianto-me a reconhecer que sou pró-Marco Paulo. Há qualquer coisa de porto de abrigo na imagem daqueles caracóis dos anos 80, como um daqueles aromas a sopa juliana que nos fazem regressar à infância. E depois, o senhor tem realmente alguma voz e não copia as músicas de outras pessoas. Sublinho esta parte do não copiar músicas de outras pessoas. Pois, é que o Tony Carreira bem pode encher Pavilhões e Pavilhões Atlânticos mas diz que tem alguma queda para o plágio. E isso é muito feio, senhor Tony. Além disso, se é para estarmos a comparar penteados, mais valem aqueles caracóis honestos - além do mais, parecidos com os meus - do que aquele risquinho ao meio com um ar muito manhoso. Marco Paulo rules.

01 maio 2009

habemus Doutorum

Finalmente, vou realizar um dos sonhos da minha vida que é poder referir-me ao meu marido como "o senhor Doutor", do género, "ó fulaninha, veja lá se tira os vincos das camisas do senhor Doutor". Este tipo de comportamento está ainda mais adequado agora devido ao meu novo visual parvónio.
Ontem lá foi a defesa do doutoramento do meu esposo - como é Doutor, a partir de agora também passa a ser "esposo" - e ele defendeu-se muito bem, como não podia deixar de ser. Acho que estava mais nervosa que ele. Aqui ficam, mais uma vez, os meus parabéns e a expressão do meu grande orgulho pelo trabalho destes 4 anos, que conseguiu fazer enquanto limpou muitas ranhocas e fraldas sujas, passeou o cão, lavou toneladas de louça, estendeu máquinas de roupa, aturou uma esposa-gralha e ainda conseguiu algum tempinho para ir voar de vez em quando.
Já agora, o novo (ou já nem tanto) blogue do artista, para quem ainda não conhece.

29 abril 2009

o flagelo dos cabeleireiros

Já me tinha esquecido da principal razão para, desde há uns anos para cá, ter passado a cortar o cabelo a mim mesma. E a fazer-lhe todo o tipo de experiências caseiras que, infelizmente, nem sempre correm como esperado. E a razão é a minha fobia aos cabeleireiros. Venham 20 consultas de dentista e 2 de ginecologista, cabeleireiros é que não.
Tudo começou com os belos cortes de cabelo no início dos anos 90, que me deixavam parecida com o Figo. Não preciso de dizer mais nada sobre isto, pois não? Adiante. Depois, todo o ambiente, em que me sinto permanentemente julgada e avaliada por aqueles espelhos terríveis que nos desenham olheiras até ao umbigo. Mas hoje foi a estocada final: na vã esperança de me livrar dos diferentes tons de castanho/acobreado/dourado que tenho coleccionado ao longo dos anos, pedi para me fazerem umas ligeiras nuances. Li-gei-ras. Agora que olho para trás, e penso nos 45 minutos em que os minhas penas estiveram a assar em químicos descolorantes, creio que "ligeiro" em Espanhol (o peluquero era espanhol) deve significar "louro tipo bimba".
Estou loura tipo bimba. Tenho riscas amarelo-caganita-de-pássaro na cabeça. Tenho alguma vergonha de sair à rua. E não estejam agora à espera que eu volte a pôr os pés num destes estabelecimentos do demo.

28 abril 2009

gralhólogo

gralha: Então, o que é que vais fazer?
gralha: Estou tão dividida, há tantas coisas em jogo...
gralha: Pois é, mas tens de decidir.
gralha: Gostava tanto de finalmente ter um trabalho que realmente importasse para alguém, que fizesse alguma diferença.
gralha: Sim, mas isso implica separar a família.
gralha: Não quero separar a família. Não tenho o direito de fazer isso ao meu filho.
gralha: Mas tu não pediste para ir.
gralha: Mas sempre disse que ia.
gralha: Então vai. Pronto, paciência.
gralha: Nem tenho hipótese, nunca poderia ficar cá sozinha a trabalhar com isenção de horário. Não é essa a mãe que quero ser.
gralha: O teu filho quer que sejas feliz. O teu marido quer que sejas feliz.
gralha: Eu também quero isso para toda a gente. Só é pena que seja impossível ser a melhor mãe do mundo e ter uma verdadeira carreira profissional.
gralha: Pois é, é muito injusto. Mas a vida é assim. E não tens de ser a melhor do mundo.
gralha: Tenho, pois. Já só faltam 4 dias para o Dia da Mãe e eu não estou disposta a perder o título.
gralha: Está bem. Pode ser que surja outra oportunidade assim.
gralha: Outra assim é quase impossível. Mas logo se vê o que a vida ainda tem para me oferecer.

27 abril 2009

inspira... expira...

Hoje tenho de tomar a segunda decisão mais difícil da minha vida.

25 abril 2009

estereótipos ou mitos?

Ouço falar de certos tipos de seres que me causam algum espanto mas que parece que toda a gente - menos eu - encontra por aí. Bem sei que só conheço para aí umas 17 pessoas e saí há pouco de uma gruta escura, mas gostava imenso de conhecer estas criaturas mitológicas, sobre as quais ouço tantas fábulas - na blogosfera, nas conversas de café, nas Tardes da Júlia (imagino eu, recuso-me a admitir que alguma vez vi as Tardes da Júlia).
E quem são estes seres? Alguns exemplos: as mulheres que estão com um homem só pelo dinheiro; os taxistas que não são do Benfica; as mulheres que gostam de verdadeiros machos latinos, a la Zezé Camarinha; já agora, as mulheres que gostam de metrossexuais; os homens que apreciam mesmo é louras burras; as mulheres que andam de mãos dadas com as melhores amigas e oferecem sempre peluches aos namorados; os homens que escrevem lindas cartas de amor. Pronto, os homens que escrevem alguma coisa que se assemelhe a uma carta de amor.
Existem mesmo? É que acho que não conheço ninguém assim.

23 abril 2009

calma aí

Já sei que tenho de admitir perante mim própria que vou viver para os EUA no Outono. Já disse isso a toda a gente. Já paguei a inscrição na nova creche do Gugas (e páginas e páginas do formulário que tive de preencher). Até já mandei uma candidatura a um emprego. Mas é normal que me sinta ligeiramente incomodada pelo facto de desconhecidos andarem a ver a minha casa, a perguntar quando é que está vaga e a tecer considerações acerca de novas cores para as paredes, não é? Aguentem aí os cavalos que ainda hei de trocar de escova-de-dentes antes de dar o fora.

22 abril 2009

onde acaba o critério e começa a esquisitice

Visto que tudo é relativo e que as opiniões que formamos sobre as outras pessoas são sempre baseadas na nossa própria experiência, é um bocado difícil julgar se somos ou não pessoas esquisitas. Quando digo esquisitas, não estou a falar de usar penteados pouco ortodoxos ou de ouvir qualquer tipo de música que não a comercial (senão isto incluía a Inesa, e a Inesa não é uma pessoa esquisita. Pronto, é só um bocadinho). Estou a falar daquelas pessoas que, confrontadas com algo de novo, com uma escolha, com um pedido de opinião, têm tendência a responder: "Hummm... Talvez, mas... Não sei se gosto muito", ou simplesmente: "Gostos não se discutem mas eu acho isso horrível".
O que é mais engraçado é que a maioria dos esquisitos que conheço não se considera esquisito. Eu não me considero esquisita (mas acho que devo ser). Mas aqueles a quem chamei de pouco criteriosos olham para mim com um ar fatalista como se os tivesse acusado de ter começado a II Guerra Mundial.
Ser esquisito é socialmente pouco simpático. Ser pouco criterioso é ser boa onda mas parece que fica mal. Acho isso um disparate porque, sinceramente, deve ser óptimo gostar de qualquer tipo de comida, de música, de cinema. Deve ser bonito ver o mundo como se fosse Verão todos os dias. Se houvesse um comprimido para ser assim, eu tomava (ah, se calhar é isso que faz o Prozac).

21 abril 2009

adeus chucha

A chucha do Gustavo "ficou" no avião quando voltámos da Boa Vista. Desde aí, e até ontem, quando se deita, limita-se a perguntar: "a chuchaaa?". Respondemos que ficou no avião, que ele já é grande, e a criatura afunda nos lençóis com um arzinho entre o triste, o desiludido e o compenetrado. E adormece. De causar uma enxurrada de lágrimas de sangue a qualquer mãe, portanto. Ontem disse apenas: "não há chucha, não há chucha. O Benny (o coelho de peluche) não tem chucha". É muito difícil, caramba.

20 abril 2009

primeiras impressões

É pena que a vida não me tenha demonstrado, até aqui, que há mesmo pessoas que nos surpreendem pela positiva. É pena, mas a experiência tem-me mostrado consistentemente que alguém que me deixou de pé atrás na primeira impressão vai acabar por revelar o porquê desse desconforto. No início, é só alguma coisa que não queremos ver, um cabelo da sopa. Mais tarde ou mais cedo, acabamos por ver toda uma realidade bem cabeluda e pouco simpática. É pena. E isto faz-me pensar que é bonito procurar o melhor em todos mas que o instinto não nos engana.

17 abril 2009

skoob

Finalmente encontrei a rede social que me interessa para alguma coisa. Alguma vez tentaram lembrar-se de todos os livros que já leram e de todos os que ainda vos falta ler? (OK, para 90% da população portuguesa, esta questão não exige o uso de mais do que os dedos das mãos. E dos pés, vá)
O Skoob é amigo e ajuda a fazer isso e muito mais. Até dá para encontrar outros coca-bichinhos que também acham que a página pode ser uma das maiores superfícies de gozo. Horas e horas que vou passar no skoobanço.

Já agora, se alguém conhecer alguma versão que não a brasileira, avisem.

15 abril 2009

boa vista II


Terra pedrícola, de pó e vento. Vista aos saltos de uma estrada esburacada, na caixa aberta de uma pick-up com pneus carecas, onde o Gustavo dormiu docemente a sesta à loucura de uns 40 kms/hora.

14 abril 2009

he's just not that into you

Este filme, ou o livro que lhe deu origem, devia ser obrigatório para todas as meninas com mais de 10 anos e menos de 100. Assim tipo vacina ou óleo de fígado de bacalhau às colheradas. É que não deixa de ser uma xaropadazita, mas diz grandes e duras verdades que precisamos de ouvir.

boa vista I

Quanto mais vou a África, mais africano se torna o meu coração. Infelizmente, de resto, de africana só a bunda.
Mas porquê?, oh por que é que eu tenho de viver acima do Trópico de Câncer?

13 abril 2009

the big three-o

Pronto, não doeu nada. Tive um dia de férias sossegado, que era o que me apetecia. A viagem foi óptima, mas isso conto depois.

04 abril 2009

boa páscoa

Quando esta mensagem for publicada, e se nenhuma gaivota resolver enfiar-se numa turbina do meu avião (lagarto, lagarto, lagarto!), já estarei a sobrevoar o Atlântico. Ah, é verdade, esqueci-me de dizer que vou de férias para Cabo Verde. Vá, podem chamar-me nomes. Adeus, queridinhos, e até ao meu regresso.

vocação V

Além dos episódios naturalistas, também passo por uns quantos episódios humanistas, associados ao sentido religioso do conceito de vocação. Infelizmente - e muito contra aquilo que faz sentido para mim - a minha religião ainda não me permite tomar o sacramento da ordem. É pena, se fosse homem, gostava muito de ser padre. Sendo assim, também teria gostado muitíssimo de ser missionária leiga. Imagino-me a arrastar a família e a filharada toda para onde fizessemos falta, por muito desencantada que esteja com o papel das missões humanitárias nas zonas mais necessitadas. Não deu, pode ser que haja uma outra vida em que isso seja possível.
Mas há outras maneiras de "ensinar a pescar" a quem não tem "peixe". A educação é provavelmente a maior delas. E é por isso, e porque sempre gostei e senti uma grande empatia pelas crianças, que também gostava de ser professora. Pode ser que ainda venha a ser.

03 abril 2009

vocação IV

No meio de todas estas vocações, e sobretudo quando o Inverno aperta e o meu instinto nómada vem ao de cima, surgem aqueles impulsos que me fazem querer largar tudo e viver na Natureza, à custa do esforço físico diário. Horizontes longínquos, animais selvagens (ou nem tanto), o abandono de tudo o que não seja uma vida simples em contacto com o planeta.
Geralmente, estas ideias passam ao fim de 2 ou 3 dias, são uma espécie de virose national-geographicana. Já me deu para ser agricultora, jardineira, bióloga marinha, professora de yoga, guia turística, ou simplesmente viajante. Faltaram-me sempre os legumes para abraçar uma destas artes. Mas pode ser que ainda termine os meus dias numa quintinha a fazer criação de burros. E cabrinhas.

02 abril 2009

vocação III

A seguir, veio a altura de escolher um curso superior. Ora, se há bicho que eu acho engraçado é o bicho gente. Vai daí, e na impossibilidade de estudar Antropologia porque, isso sim, era para viver debaixo da ponte (e uma ponte daquelas em risco de colapso, com o musgo dos pilares a fazer de almofada e ratazanas assadas para o pequeno almoço), lá fui para Sociologia. O curso foi interessante, que foi. A ideia de existir uma ciência que pode ajudar as pessoas a compreenderem-se melhor, a trabalharem melhor, a viverem melhor, é bonita, que é. Mas não há sim-senhor que aguente a esquizofrenia da vida académica em Portugal, pelo menos nas ciências sociais.

Na senda da compreensão e promoção do ser humano, também pus a hipótese de ser historiadora, arqueóloga e assistente social. Se calhar, se houvesse condições para isso no nosso país, seria mesmo assistente social.

01 abril 2009

vocação II

A segunda, entre os 15 e os 18 anos, foi ser jornalista. Parecia lógico, uma vez que aquilo que eu gostava de fazer era meter-me na vida dos outros e escrever, escrever, escrever. Esta vocação não foi avante porque, depois de uma noite em que acordei a achar que o que me chamava era a investigação e não a mera cusquisse, resolvi rasgar a candidatura ao curso de Ciências da Comunicação e fazer uma nova para Sociologia. Mas dessa bela escolha logo falarei noutro post.

De inspiração semelhante ao jornalismo, também já quis abraçar as seguintes profissões: escritora, copywriter, editora, revisora, bibliotecária e tradutora/ intérprete.

31 março 2009

vocação I

A primeira for ser estilista, que é como se dizia designer de moda nos anos 80. Durou até aos 15 anos. E por que é que queria ser estilista? Não, não era porque gostava de roupa e de moda (nunca gostei), era só porque passava os dias e as aulas a desenhar modelos com variados estilos de vestuário. Senhores, ainda bem que não segui esta vocação, que não tenho paciência nenhuma para a palhaçada toda que envolve o mundo da moda (com o devido respeito). Mas tenho saudades de desenhar. Já não desenho há tanto tempo...

Relacionadas com as artes plásticas estiveram também outras vocações como: ilustradora de livros infantis, publicitária, ceramista, desenhadora de jóias e desenhadora de banda desenhada.

vocação

(provavelmente já escrevi sobre este tema mas, depois de 3 anos e tal de blogue, com a esclerose assolapada nas sinapses dos neurónios que me morrem a cada dia, não tenho a certeza. A quem já leu aqui sobre o assunto, as minhas desculpas)

Não compreendo as pessoas que têm dupla personalidade. É que eu tenho pelo menos umas 37 e é nos dias em que não consumo nenhuma substância estupefaciente. Isso implica que, se pudesse, gostava de viver muitas vidas diferentes (e quem não gostaria?). E se consigo alguma estabilidade ao nível relacional, ao nível profissional já é mais complicado. É que eu gostava de fazer tantas coisas! Todos os dias me lembro de uma nova. Adorava ser como aqueles que, desde pequenos, têm muita certeza que querem ser astronautas, ou arquitectos, ou professores. Eu já quis ser isso tudo e muito mais. Por isso, vou iniciar uma ronda de algumas profissões que já pensei abraçar, com as suas vantagens e desvantagens, e vamos lá a ver onde é que isto vai dar.