24 fevereiro 2006

o crime não compensa

E andar de combóio também não. Hoje resolvi que não ia pagar um bilhete de duas zonas, já que não saio de Lisboa e ando apenas duas estações. "O pior que pode acontecer é ter de sair na estação anterior", pensei. Meu dito, meu feito. Logo à saída, apareceu o revisor, que se deve ter apaixonado pela minha linda bochecha insuflada e, depois de picar o meu bilhete, não arredou mais pé. Eu bem lhe gritava impropérios mentalmente mas ele resolveu ficar a contemplar esta bela ave à distância de uma respiração. O combóio ia quase vazio, será que posso processar a CP por assédio sexual?
Chegados, pois, à estação até onde se destinava o dito bilhete, o meu caro amigo pica fez ainda o obséquio de me abrir a porta e arregalar-me a dentuça, no esboço de um sorriso. Rosnei um "obrigada" com muito má vontade e lá saí de rabo entre as pernas, preparando-me para uma caminhada de meia hora até ao trabalho...
Conclusão, para a semana volto a poluir o ambiente e a contribuir para os engarrafamentos diários da minha linda cidade (também não é muito, não ando nas horas de ponta e o meu carro polui só um pouquinho). A poupança necessária far-se-á na supressão dos almoços fora.

P.S. Cenas dos próximos capítulos: gralha já esquelética é alimentada à força pela mãe.

23 fevereiro 2006

g(r)al(h)inhas com dentes

Não sou a única a precisar de ir ao dentista:

"Mutant Chickens Grow Teeth
By Jennifer Viegas, Discovery News


Feb. 22, 2006 — Chickens born with a mutated gene associated with tooth development were coaxed by researchers into growing functioning teeth, according to a paper published in this week's Current Biology.
Researchers previously caused teeth to grow in birds by combining mouse tooth-forming tissue with bird jaw tissue, but this time the scientists merely enhanced a genetic trait that exists naturally in the mutant birds.
The unusual feat represents the first evidence for tooth development in birds without grafts or tissue manipulation.
Lead author Matthew Harris told Discovery News that the early theropod dinosaur ancestors of birds possessed impressive choppers. "


In: http://animal.discovery.com/news/briefs/20060220/chicken.html

22 fevereiro 2006

um pequeno dente, uma grande diferença

Ontem fui extrair um dente do siso e acho que, de facto, como reza o ditado, estes dentes estão associados ao nosso juízo. Pelo menos, quando saí do consultório, depois de deixar lá metade do ordenado de um mês, fiquei com vontade rir - ou perdi o juízo, ou a anestesia tinha-me chegado ao cérebro.
Hoje, já não estou com muita vontade de rir, depois de uma noite a babar a almofada e com a sensação que tinha participado no Fight Club. Mas o melhor foi ver a cara com que acordei: pareço a Mulher-Elefante, mas assim uma versão querida (com brincos e cabelo aos caracóis).
Oh miséria! E logo hoje que decidi, por força das circun$tância$, passar a vir de combóio para o trabalho... É assim que, com menos um dentinho apenas, ganhei um look explosivo (no sentido em que a minha face ameaça explodir a qualquer momento) e um novo estilo de vida. Essa parte não faz mal, já tinha saudades da experiência etnográfica que é andar de transportes públicos.

P.S. Acho que esta noite vou pôr o dente debaixo da almofada, pode ser que a fada-dos-dentes me deixe lá um cheque generoso...

21 fevereiro 2006

momentos grálhicos em Lisboa

Com este tempo invernoso que não passa só me apetece cuidar das penas, dar uma arrumadela no ninho e enrolar as asas à volta da cabeça para que me deixem dormir. As terças-feiras são mesmo uma grande chaga...
Para me alegrar, aqui vai mais uma das tão femininas listinhas das minhas-coisas-preferidas. Neste caso, momentos marcantes na minha linda cidade, sem qualquer tipo de ordem.
1. Santo António, com os amigos e farturas, desde o Marquês de Pombal até Alfama;
2. Remar no Tejo ao lado de um golfinho (foi no século passado, mas aconteceu);
3. Dormir em pé no Metro, depois do encerramento da Expo '98 (a fome, a sede!);
4. Quarta-feira à noite num bar de Santos e uma rodada de kalashnikovs;
5. Dar de comer aos patos no Jardim da Gulbenkian;
6. Pequenos-almoços ao Domingo, no Chiado;
7. Saída de Santa Apolónia para o primeiro Interrail;
8. Intervalos das aulas, à porta do liceu, num mar de calças de ganga e ténis All Stars;
9. Andar de patins no jardim do Campo Grande;
10. Experimentar todas as variedades de Magnum na esplanada junto aos crocodilos, no Jardim Zoológico.
Pronto, já estou contente.

20 fevereiro 2006

convicções e concessões

Quando uma gralha tem 16 anos e já tem muitas certezas acerca dos dos e don'ts para o resto da vida, é mais que evidente que se vai enganar uma década depois.
Acabei de assinar o contrato de arrendamento para a casa que finalmente marca a minha saída definitiva do ninho, depois da breve experiência de um semestre a estudar na Alemanha, que nem deu para lhe tomar o gosto. Ao mesmo tempo que isto simboliza a minha passagem definitiva para a idade adulta e o assumir de mais uma etapa numa relação, não deixo de me confrontar com o facto de estar a quebrar três promessas que tinha feito a mim mesma:
1. Nunca alugar uma casa - comprar! Ou seja, não deitar dinheiro pelo cano abaixo para uma coisa que (ainda*) não vai ser minha;
2. Não ir viver junta com ninguém - casar! Até a expressão "viver junta" me arrepia... Sim, sou completamente conservadora nesta questão;
3. Não pedir dinheiro emprestado aos meus pais - safar-me sozinha! Esta ainda está para ver mas com a quantidade de obras que vamos fazer, não sei como é que vamos pagar.
Não é que eu sonhe com uma vida de contos de fadas; não é que eu esteja à espera que todos os meus sonhos se realizem; mas há coisas que são muitíssimo importantes para nós e sobre as quais acabamos por ter de fazer concessões em nome do amor a uma pessoa com convicções muito diferentes das nossas. Será que estou a tomar a decisão certa? Só o tempo o dirá. Neste momento, sinto que sim e, de qualquer forma, nunca fui de fugir ao risco e à incerteza. Mais vale arrepender-me de alguma coisa que fiz do que de não fazer nada para evitar dissabores.

*É uma questão complicada, mas esperamos vir a comprar esta mesma casa daqui a um par de anos

17 fevereiro 2006

armadinhas tecnológicas

Detesto telemóveis. Nunca gostei de falar ao telefone e fico piúrsa com determinadas situações com que somos confrontados só porque estamos sempre contactáveis (a menos que se ande com o telemóvel desligado. Já experimentei essa estratégia e todos me cairam em cima).
Por que é que me mandam sms? Por que é que me mandam daquelas sms que me obrigam a reagir de alguma maneira? Uma não resposta já é uma afirmação da minha parte; qualquer mensagem que mande será interpretada ao mais ínfimo detalhe e guardada na eternidade de um chip. Esta comunicação que se transforma numa coisa forçada não é comunicação, é mercantilismo verbal, e deixa-nos sempre em dívida para com quem nos escreve.

casa

Passo a vida a mudar de casa. Mudei há 3 meses, vou mudar-me daqui a mais uns tantos. Começo a achar que não lido tão bem com isto como pensava.
A nossa casa é uma coisa mesmo muito nossa. Os vizinhos são nossos, o bairro é nosso, as paredes são nossas e a vista das janelas é só nossa. Não é uma questão de possessividade, é quase uma lei da Física do universo que nos povoa interiormente.
Quando mudei da última vez lidei com isso pela negação. Apesar de viver a 2 km dali, nunca mais passei na que era a minha rua e nem sequer quero pensar em como era a disposição do meu quarto. É como um namoro terminado em que prefiro fazer de conta que nunca conheci aquela pessoa. Isto, apesar de a casa actual ser maior e mais bonita.
Acho que há coisas grandes demais para lidar com elas com total frontalidade. Quando mudar de novo, será que vou deixar de passar em duas ruas? Qualquer dia ando aos zig-zags em Lisboa para escapar à nostalgia...

16 fevereiro 2006

as coisas não ditas

Uma relação, para sobreviver - de uma forma que valha a pena e não simplesmente a arrastar-se -, precisa de ingredientes como os sentimentos, a admiração, o respeito, a capacidade de ajuste mútuo. E se é verdade que a comunicação é fundamental (até para mim, que não sou de muitas conversas), também é indispensável que certas coisas não sejam ditas. Se ambos contarem tudo, falarem de tudo, confessarem tudo, surgirá, mais cedo ou mais tarde, um pequeno tremor de terra silencioso.
Não podemos dizer que não gostamos mesmo nada daquela música, a preferida do outro ("não se ama alguém que não ouve a mesma canção").
Não podemos admitir que achamos aquele amigo um grande imbecil.
Não podemos reconhecer que aquela saia linda que nos ofereceu é a coisa mais horrível a sair de uma loja desde a invenção daqueles tops que alargam da cintura para baixo, e que só ficam bem às grávidas.
Sobretudo, não podemos dar a entender que nunca nos poderemos entender com os pais do respectivo.
Nunca, por nunca, tecer comentários menos abonatórios da masculinidade/ feminilidade do outro.
Mas o pior dos pecados relacionais é abrir-lhe as portas àquele quartinho onde temos guardadas (mentalmente, entenda-se!) todas as outras pessoas que já tiveram ou poderão ter significado romântico na nossa vida: ex-namorados, paixões não concretizadas, flirts sem importância. Todos estes têm de estar bem guardadinhos, sem nomes, sem cara, sem aparente protagonismo, como demónios domesticados que só nós, na mais extrema intimidade, podemos gerir.

15 fevereiro 2006

lufada

Estou encantada com este blogue. É uma lufada de ar... com cheirinho a mofo: reconfortante, nostálgico e cheio de auto-comiseração despretensiosa.

7 minutos com a Chefe Gralha

Ora não é que tenho descurado as minhas obrigações de bloguista do sexo feminino e ainda não coloquei aqui nenhuma receita? Esta é muito fácil, barata, original e mundialmente famosa (ie, há gente algures na Alemanha, Ilha da Reunião, Cazaquistão e Argélia - ex-colegas de ERASMUS - que já a provou).

CARIL DE BANANA
(Não neguem à partida uma ciência que desconhecem! É muito saboroso! E não, não é suposto ter nenhuma conotação ordinária)

Ingredientes (2 PAX): Arroz, 2 bananas um pouco verdes, sortido de legumes, Um pacotinho de leite de soja de baunilha (cc. 25 cl), azeite, pó de caril, côco ralado, 1-2 piri-piri, sal e pimenta q.b.

Preparação: Faz-se o arroz bem sequinho para acompanhar. Dá-se uma escaldadela nos legumes, seguida de uma rápida passagem na frigideira quente, em azeite, com o piri-piri, sal e pimental. Baixando um pouco o lume, adiciona-se o leite de soja e o pó de caril, envolvendo bem para ficar homogéneo. Adiciona-se o côco a gosto e continua-se a envolver. Junta-se a banana cortada em rodelas grossas e envolve-se com cuidado para não a desfazer por completo, apesar de desfazer um pouquinho para dar consistência à molhenga. Rectificar os condimentos e servir.

Apresentação: Arroz e caril vão para a mesa em separado, para adicionar ao gosto de cada um e se, como me acontece a mim quase sempre, tiver ficado picante demais, pode acompanhar-se com compota de morango. Para beber, um bom tinto aveludado ou batido de manga. Água não, para não enxaguar os sabores!

Bon Appétit!

14 fevereiro 2006

Dia do Só Eu É Que Não Tenho Namorado

Acho que este dia tinha mesmo de ser abolido. Quem tem namorado não liga e acha que é uma manobra de marketing; quem não tem, é massacrado o dia inteiro com mensagenzinhas pseudo-românticas e insinuações, como se fosse algum crime não ter namorado. Só tem uma vantagem: pode encher-se a caixa de correio dos colegas de trabalho com poemas pirosos e fotografias de pombinhos e ursos de peluche. Uma delícia, eheh.

13 fevereiro 2006

cheirinho bom

É segunda-feira, ainda faltam duas semanas para o Carnaval, e é melhor nem contar as semanas que faltam para as férias de Verão...

...Mas há um cheirinho a Primavera no ar!

E ontem até deu para almoçar na esplanada, junto ao rio, e apreciar a beleza da minha cidade. Pensar que há quem ache que é impossível viver em Lisboa e ter qualidade de vida...

11 fevereiro 2006

soneto invertido neo-contemporâneo

Após intenso estudo de mercado, cheguei à conclusão que a melhor maneira de conquistar audiência para o meu blogue é chegar às faixas mais alargadas da blogosfera, a saber: os intelectuais, os engraçadinhos, os que dizem asneiras, os artistas e os fofinhos (alguns deles sobrepõem-se). Resolvi então brindar-vos com o meu versejar praguejador, o que conquista, à partida, os primeiros, terceiros e quartos. Se alguém achar alguma piada, lá se conquista também os que gostam de dar a boa risada matinal. A parte dos fofinhos é mais complicada mas acho que a inclusão da palavra "beijinho" pode apelar a esta faixa da população.
Aqui vos deixo assim com esta pequena pérola da literatura grálhica.

PUTA

Mas que grande puta é ela,
Anafada e singela,
Acenando na beira da estrada

Aos carros que passam – não param
Como se não vissem nada,
Porque nada de jeito a acharam.

Do joanete, massacrada
Sobre um salto excessivo.
Mostra a mama despojada
Num jeito de estar sugestivo

De quem abre as pernas à hora,
Ou ao minuto, o que seja,
Por trás, pela frente, e embora
Faça beijinho, não beija.

© gralha dixit 2006

10 fevereiro 2006

o significado do meu ser

gralha

Do Lat. gracula; s. f., Ornit., pássaro conirrostro da família dos corvos; erro tipográfico; fig., pessoa tagarela; (no pl.) jogo popular. (In: Dicionário da Língua Portuguesa On-Line);
3ª pess. sing. pres. ind. de gralhar; 2ª pess. sing. imp. de gralhar.

Inquieta-me um pouco ser sinónimo de erro e de jogo. Ainda falam da coisificação da mulher, então e este menosprezo por um bicho tão importante? Vou queixar-me à Sociedade Protectora dos Animais.
Tranquilizam-me, por outro lado, as minhas aparentes raízes reais, dado o tão evidente parentesco com o Conde Drácula.

Este post está mesmo muito fraquinho. Tenham paciência, estou gonsdipada e com a moca dos comprimidos. Bom fim-de-semana.

09 fevereiro 2006

o politicamente incorrecto matrimónio

Há um grito no meu peito que não pode ser mais contido: por que é que, hoje em dia, parece um crime uma pessoa querer casar-se? Porquê? É piroso, sintoma de submissão, quadrado ao mais alto nível, sinal de que não se é ambicioso o suficiente para dedicar os 20s e 30s, em quase-exclusividade, à carreira. Quando fui à minha primeira entrevista de emprego, numa multinacional-queremos-o-seu-coiro-aqui-a-dar-no-duro-das-9h-às-23h, cada pessoa no grupo a ser testado tinha de ir respondendo sem pensar a perguntas-relâmpago do entrevistador-do-Mal:
Entrevistador-do-Mal: Qual é o seu maior sonho?
Gralha-pura-e-ingénua: Casar e ter filhos.
Como todos vós adivinhais, recebi um sorriso de desprezo e não uma bela proposta para começar na próxima semana.
Qual é o mal de se viver no século XXI e não achar que a carreira deve vir em primeiro lugar? Mais, qual é o mal de achar que há alguma coisa de sagrado na decisão de duas pessoas viverem juntas para sempre, e querem assumir perante a Lei - ou, no meu caso, perante Deus - essa decisão? Quando tento demonstrar o meu ponto de vista tratam-me como se estivesse a confessar que tenho piolhos: isso já lhes passou pela cabeça mas só quando eram crianças.
Partidários-do-casamento-já-não-se-usa: Mas que diferença faz um papel? O que interessa é o que se sente, sem haver prisões.
Gralha-terrorista-pró-matrimónio: Lá está! Não é um papel, é um voto, uma decisão formalizada. Os seres humanos têm destas coisas, um dos traços que nos destingue dos animais irracionais.
OK, é verdade que vivo num contexto urbano, provavelmente é diferente noutros sítios. O que é certo é que nenhum dos meus primos se casou ou casará tão cedo, e apenas uma das minhas amigas o fez. Será que tenho um efeito anti-enlace em meu redor?

cá estamos

Hoje o dia está cinzento. Estou a ver se trabalho qualquer coisa. Tenho fome, já ia lá abaixo comer um palmier, ia, ia. Amanhã já é sexta-feira. E, pronto, cá estamos.

O meu namorado descobriu que tenho um blogue. Daí a indentificá-lo, são dois passinhos. Acabou-se a minha liberdade absoluta de fazer comentários a outros rabos masculinos (ontem o George Clooney estava mesmo giro no «E.R.», umm...) e a qualquer coisa que tenha a ver com ele, senão lá levo com a cara de amuo número 5. Isto significa que os meus posts vão passar a ser ainda mais aliciantes, não tarda nada o counter das visitas começa a andar para trás...

08 fevereiro 2006

o meu cão é o mais fixe do mundo (10 razões a título de exemplo)

1. Nunca roeu os meus sapatos (só meias, cuecas, canetas, óculos, torradeiras, aspiradores, guarda-chuvas);
2. Desconfia dos velhinhos que andam com bengala;
3. Bebe Frize Limão apesar das bolhinhas lhe fazerem comichão no focinho e o deixarem a espirrar;
4. Tem 2 pares de "peúgas brancas" mas acha-se cheio de estilo;
5. Ajuda-me sempre a fazer exercício (quando faço abdominais, senta-se em cima da minha barriga);
6. Continua a trazer-me os brinquedos para a rambóia, todos os dias, ainda que já tenha 5 anos;
7. Dá puns e fica a olhar para mim com ar escandalizado;
8. Descobriu recentemente a geometria (maçãs, laranjas, pêssegos = bolas);
9. Encaixa-se perfeitamente nas minhas pernas para dormirmos a sesta;
10. É meu.

07 fevereiro 2006

mulher do Norte

Esta bicheza lançou este desafio a todos os Portugueses, para que testemos o nosso portismo. Tenho a declarar que esta gralha é uma tripeira nata, o que não está nada mal para uma lisboeta ! :)

(pronto, confesso que tenho metade das costelas minhotas e até sou dragona)

estupefacientes

Não se preocupem, não vou fazer uma palestra sobre os malefícios dos ditos. Também não vou propor liberalizações nem descriminalizações de coisa nenhuma. Felizmente, há alguns estupefacientes que são legais e, com a devida moderação, não fazem muito mal. Há lá coisa mais fantástica do que ver as alterações no nosso estado de espírito quando bebemos uma caipirinha à beira-mar ou a bela bica de manhã, com os colegas? Até suspeito que, nestes casos, o alcoól e a cafeína desempenham um papel menor, sendo o contexto que dá a pica/ descontracção/ sensação de que a vida é mesmo fantástica. O que é certo é que, para uma pessoa da minha relativamente reduzida massa corporal, uma coisita destas de nada deixa-me logo cheia de vontade de ouvir aquela música inesquecível, conhecer aquele sítio de que nos falaram, experimentar culinárias exóticas, fazer novos projectos e - é verdade - até trabalhar.

06 fevereiro 2006

sentidos de humor

A minha relação com as pessoas é muito afectada pelo humor que se consegue estabelecer entre nós. Independentemente do tipo de relação, é preciso que haja alguma base de humor, que sirva de alicerce a uma linguagem comum, a dos subentendidos. É claro que não vou começar a contar anedotas à minha Big Boss como conto aos meus colegas, mas é preciso que haja qualquer coisa.
O problema é quando os sentidos de humor são incompatíveis. Como, por exemplo, quando, de visita à minha futura casa com a minha sogra-to-be, e tendo ela comentado que a cozinha é pequena, eu respondo que "não há problema, também não tenciono passar lá muito tempo." Ela ri-se? Não. Devolve-me outra graçola? Nem pensar. Fica é com uma cara de pânico, antevendo a inanição do seu rebento. A que acha ela piada, então? Aos Malucos do Riso.
A boa disposição genuína fica assim arrasada como estado normal da nossa relação e as conversas triviais têm de se ficar pelo "tempo anda instável". Alguém sabe se é possível reconverter sentidos de humor? Será que devo passar a ver o humor nacional que passa a seguir aos noticiários???
p.s. Eu tinha-me comprometido a deixar o sarcasmo de fora do blogue. Consegui durante duas semanas.