31 março 2006

enamoramento

a curva de um lábio
a amplitude dos teus ombros
onde me encosto e adormeço
e nada mais me faz falta

o teu perfil quando conduzes
olhando sério quando me ouves
do alto de ti, a minha pequenez
preciosa, porque só tua

dançamos juntos
e sinto o teu corpo
quero alcançar-te num minuto

mas tu descobres-me
ao ritmo das coisas
que estão escondidas num segredo

Ainda bem que vamos estar longe um do outro durante 2 semanas para voltar a descobrir tudo isto.

29 março 2006

o meu pé de feijão

Cresceu 6 cm num dia. A sério. Não, não lhe dei viagra. Nem tive de tirar uma pecinha de roupa nem nada. Quase que dá para vê-lo a crescer. Estou muito orgulhosa. Se isto fosse traduzido automaticamente para inglês no Babelfish parecia um daqueles sempre adoráveis e-mails de spam.
Amanhã conto já sair do gabinete pela janela (2º andar).

28 março 2006

o calor

A Primavera revela-se finalmente, trazendo os primeiros ensaios de calor. Com o calor vem:
Um terrível sono depois de almoço;
A retoma do vício na Frize Limão (passo a publicidade);
O barulhinho bom dos grilos ao fim da tarde;
O cheiro a campo, mesmo que seja só no parque de estacionamento rodeado de canavial;
As tardes longas, em que já não há desculpa para ir para casa ver televisão;
A passarada a cortejar-se desavergonhadamente mesmo à frente da minha janela;
A vontade de comprar umas sabrinas, daquelas que já não uso desde os 10 anos;
Conduzir de janela aberta e sorrir com as músicas que vêm dos outros carros;
Os almoços no Jardim Zoológico;

E mais um novo colega. Com uns olhos que são uma auto-estrada daqui até à praia e uma pronúncia do Norte de fazer derreter os corações mouriscos.
(isto estava a ir tão bem, pronto, tinha de estragar!)

27 março 2006

os blogues e a vida

Hoje de manhã acordei a achar que ando a passar demasiado tempo pela blogosfera. Sonhei que estava em amena cavaqueira com alguns bloguistas que costumo ler com frequência e que, apesar da troca de comments e ocasionais e-mails, nunca conheci pessoalmente (eheh, agora vão ter de adivinhar quem são...). No entanto, depois de dar a primeira vista de olhos por alguns dos check-points obrigatórios, percebi que é inegável que acabamos por nos tocar uns aos outros; que aquilo que dizemos, às vezes sem muita importância, pode deixar alguém a pensar sobre isso; e que é verdade que se constrói redes de cumplicidade e gera mesmo algum afecto - felizmente, no meu caso, ainda não tive o efeito contrário mas já tenho visto que isto não é nenhum mar de rosas e também há odiozinhos de estimação.
Como socióloga, esta nova plataforma de relação, mais do que simples comunicação, faz-me uma comichão gostosa no intelecto. Até que ponto cada um de nós está disposto a desenhar e expor uma imagem de si mesmo? Há sempre um certo grau de exibicionismo em tudo isto, com maior ou menor pudor consoante os casos. Se assim não fosse, havia muita gente que se limitaria a ler blogues sem ter necessidade de escrever. Só que, mais tarde ou mais cedo, o ímpeto de gralhar acaba por surgir.
Já li alguém que dizia que quem muito bloga pouca vida tem. Não me parece que seja bem assim mas também não é obrigatório que os melhores blogues sejam aqueles que descrevem uma vida frenética e imprevisível. Somos bichos de afinidades e aqui elas estão dispostas numa vitrine gigante, sob luzes fluorescentes. Só compra quem quer.

24 março 2006

o novo colega

Eu já era uma gralha sortuda mas agora ainda é mais agradável vir trabalhar todos os dias. No meu gabinete, além de mim, havia, até hoje, dois rapazes: o N., um miúdo distraído mas muito simpático, com quem troco palmadinhas nas costas futebolísticas e novas descobertas musicais; e o R., também muito querido, atencioso e educado, uma espécie de homem dos 7 ofícios a quem recorremos quando mais ninguém consegue resolver qualquer coisa (desde um problema de software ao desencravar de uma fotocopiadora).
Agora, chegou o G., um paulista muito simpático e que também não é mal jeitoso de todo ;)

Nada disto tem a ver com os sentimentos que tenho pelo L., sobre os quais não tenho qualquer dúvida. O engraçado é isso mesmo, a diversidade de sentimentos que podemos ter por várias pessoas, os vários níveis e tipos de amizade, companheirismo ou simples "engraçamento" com alguém.
Isto foi uma coisa que só consegui arrumar na cabeça há relativamente pouco tempo. Não há nada de mau, à partida, em termos afinidades com este ou aquele, em sentirmos até atracção por outro, enquanto estamos apaixonados por outra pessoa. Quando o amor é verdadeiro e o compromisso realmente assumido a 100%, o resto são peanuts, acessórios e pequenos momentos que dão côr ao dia-a-dia.

23 março 2006

under construction

A minha casa nova está tão completamente desfeita - para ser refeita mais bonitinha - que até me faz calafrios andar por lá. Os prédios em obras sempre me fizeram alguma confusão, é como ver a barriga da nossa Mãe pelo lado de dentro: não é suposto sermos confrontados com a fragilidade (aparente! algumas das paredes chegam a ter 50 cm de espessura) de uma estrutura que nos vai abrigar durante sabemos lá quanto tempo.
Quero ver a minha casinha pronta, com as paredes pintadas, o soalho novo a brilhar e aquele cheirinho de começo de alguma coisa mesmo importante!

Entretanto, esta chuva toda e algumas notícias deixam-me tão angustiada... Quando é que chega mesmo a Primavera, com sol, dias maiores e boas notícias?

22 março 2006

questão pertinente (aposto que ainda ninguém se tinha lembrado)

Será que a Primavera não chega este ano porque andam a exterminar as andorinhas que ficaram de a trazer, como medida preventiva contra a gripe das aves?

21 março 2006

as árvores

Gosto muito de árvores.
As árvores são dos bichos mais simpáticos que conheço.
As árvores passam o dia muito quietinhas mas aposto que, nas noites sem lua, fazem grandes bailados silenciosos (sobretudo no Outono, por isso lhes caem as folhas).
As melhores árvores são as oliveiras porque são nodosas e sequinhas como uma avó tricotadeira e dão azeitonas gulosas.
Hoje não plantei nenhuma árvore mas semeei um feijão-manteiga num ninho de algodão em rama (há quanto tempo não fazem isto?).

Assim termina o meu primeiro post naïf. Todos temos direito a um, de vez em quando.

20 março 2006

elogio da masculinidade

O verdadeiro homem é aquele que vem connosco ao cinema ver "O Segredo de Brokeback Mountain" e, no final, tocado por aquele amor tão intenso e indisputável, se deixa ficar na sala até todos sairem, trocando beijos urgentes e muito apaixonados.

17 março 2006

identidade

What animal would best suit your personality?

A DOG.

Personality Test Results

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Brought to you by YouThink.com quizzes and personality tests.

You are one of the best friends that someone could ever ask for. A very loyal, compassionate person who is always there for close friends and family members who are in a tough time. You are someone who can be counted on time and time again and never let small grudges get in the way of a good friendship. But unfortunately, you are very dependant, and every now and then someone will take advantage of your loyalty, and it is most often not until you end up hurt that you realised your foolishness.


Por que é que isto não me surpreende?

nostalgias

Pelos vistos não me está a dar só a mim :)
A querida minhoca faz esta ligação para aquele site que todos os portugueses entre os 20 e 35 anos estavam a precisar hoje (sobretudo se apanharam o trânsito que eu apanhei). Os acordes das Fábulas da Floresta Verde até me fizeram vir a lagrimita ao olho...
A tarde perfeita depois das aulas na primária: chegar a casa, iogurte líquido e torradinhas com doce de morango, e correr para a sala para ver o inegualável Dartacão! A menina que nunca sonhou ser a Julieta que atire a primeira pedra...

P.S. E à noite, o Roque Santeiro. Excepto naquele Sábado único no ano, em que se juntava a família toda para ver o Festival da Canção

16 março 2006

tenho saudades

Das aulas no liceu. Daquelas tão aborrecidas e inúteis que resolvia passá-las a desenhar a colecção Primavera-Verão (93? 94?), quando ainda pensava que ia ser designer de moda.
Daquelas em que os rapazes faziam bolinhas de cuspo e disparavam pelas canetas bic cristal, sem carga, fazendo montinhos brancos nos quadros de ardósia seculares.
Daquelas que, quando finalmente chegavam ao fim, com o toque de uma sirene que parecia mais aviso de ataque aéreo (sobretudo na altura da 1ª Guerra do Golfo), saíamos para o pátio, um batalhão calçado de All Stars e com calças de ganga demasiado justas, e íamos comer palmiers cobertos até ao enjôo. Oh adolescência...

15 março 2006

punzete

Aqui há dias, e pela primeira vez em mais de 4 anos de namoro, escapou-me um... Fiquei roxa de vergonha e o L. começou por ficar muito "zangado" (as meninas não fazem disso!) e agora diverte-se a gozar com a questão.
O mais importante é que isto recordou-me dos novos problemas que vão surgir, agora que vamos viver juntos. Como disfarçar/explicar/ lidar com pequenas maravilhas como a depilação que não pode estar permanentemente perfeita, a roupa interior que não é tão bonita, o dia em que tivemos tanto, tanto que fazer que não houve tempo para lavar o cabelo...?
Sei que a vivência a dois não será um mar de rosas e que tenho de me ir preparando, mas custa-me tanto ver desmoronar-se a ideia da gralha (quase) sempre impecável. Chuif...

14 março 2006

(im)paciência

Sou muito impaciente. Ainda agora, estava a escrever este preciso post sobre impaciência e o blogger apagou-me tudo. Aí é que fiquei mesmo impaciente!
Como eu estava a dizer, cada vez mais me apercebo que, em vez de isso me permitir fazer e experimentar mais do que os mais desacelerados (a desculpa que me dava), significa que vivo sempre a desejar e esperar, num grande entusiasmo precoce, sem que acabe por gozar devidamente o momento.
Não há nada como a semana antes das férias; a hora que antecede aquele jantar, em que nos vestimos, arranjamos e sonhamos com o que irá acontecer; o breve momento que precede um beijo há muito antecipado. Tretas! Não há nada melhor que as férias, o jantar e o beijo!
Em teoria, compreendo muito bem tudo isto. Já em prática...
Este é o mês de todas as esperas. À espera das férias, que me levarão para paisagens mais tropicais. À espera da conclusão das obras da minha casa, para dar início a uma nova fase da vida. À espera do desfecho de um sonho muito, muito antecipado, mas de tão improvável concretização neste momento.
Já experimentei fazer Yoga. Apesar de ser excelente para variadíssimas coisas, não me tornou mais paciente. Tenho de ter paciência neste combate à impaciência...

13 março 2006

às vezes sabe bem...

... Andar com a nossa colega pelos corredores da universidade e, de regresso ao gabinete, ela dizer: "Não podes trazer mais essas calças." Porquê? "Os rapazes ficam todos a olhar".
Não é vaidade, é uma bela festinha no ego que já estava a precisar, nos seus 26-quase-27 aninhos que já não vêem ginásio há uns meses.

09 março 2006

vozes masculinas

Não há nada que serene e assegure uma mulher como uma bela voz masculina. Não precisa de cantar, nem sequer de sussurrar, basta que tenha aquele timbre certo, de árvore muito antiga, navio que sabe para onde ruma, estrada de regresso a casa.
Há qualquer coisa de tão primitivo nisto... Posso apreciar música cantada por mulheres mas nenhuma me toca tão fundo na intimidade como certos cantores. Também deve ter qualquer coisa a ver com o facto de, por eles, a voz ser menos desperdiçada (quer queiramos, quer não, a maioria das mulheres é mais gralha do que os homens).
Seja como for, o que há de melhor do que adormecer ao som das palavras certas proferidas pelo homem certo? Às vezes basta até a respiração.

08 março 2006

dia da mulher

Manifesto o meu desagrado por terem criado um dia - com raízes históricas, é certo - especial para as mulheres, como se fossemos uma minoria que precisa de ser tratada de uma maneira especial. Os problemas existem, as injustiças existem, sobretudo para uma certa camada com menor formação académica e nos meios rurais. Sei-o por estudar isso mesmo há anos e não porque os jornais e as televisões convenientemente o comentam hoje. Mas rejeito esta inferiorização da nossa própria capacidade de melhorar a nossa situação. Podem faltar-nos muitas vezes os meios financeiros, o acesso a determinadas esferas e até o tempo, mas isso não é desculpa para nos faltar a inteligência, a força para trabalhar e a criatividade para dar a volta por cima.
Rejeito as benevolências e facilitismos. Se há coisa ques as mulheres sempre souberam ter foi coragem e capacidade para dar o litro. Tenho dito.

07 março 2006

genial

"Uma mulher, quando começa a compreender que é infalível, como o Papa, torna-se um instrumento de tortura."
in Agustina Bessa-Luís, Doidos e Amantes

06 março 2006

agradecimentos

Agradecer com elegância e propriedade não é coisa tão fácil como pode parecer à primeira vista. Basta ver os Óscares (e eu vi, as minhas olheiras testemunham-no) para perceber que um agradecimento pode ser sintético, sentido, emotivo, espalhafatoso, seco, disparatado ou mesmo completamente destrambelhado. O meu Óscar para Melhor Agradecimento vai para: Rachel Weisz - pronto, reconheço a minha parcialidade por causa do filme, o Fiel Jardineiro. A Rachel foi luminosa, bem-humorada, com nível e sentido de oportunidade. Além disso, está uma grávida linda.
Eu própria tive hoje de escrever dois grandes agradecimentos. O primeiro, à minha tia, acompanhando um grande ramo de flores, por me ter dado tanta mobília óptima e que me vai dar um jeitão. O segundo, para incluir na tese de mestrado.
O que se agradece (e a quem) numa tese de mestrado? Aos pais, ao orientador, aos participantes no estudo... Mas também achei por bem agradecer a quem verdadeiramente me aturou durante as longas horas de leitura, de cruzamentos estatísticos, de escrita, correcção e nova correcção: o meu namorado e o meu cão. Muito obrigada L. e M., a vossa simples presença, em silêncio, ao meu lado, foi o meu grande alento ao longo de 330 páginas e demasiados dias.

03 março 2006

juventude e idade adulta

Estar nesta fase da vida, com um pé na inocência e o outro da plena independência, é, ao mesmo tempo, assustador e excitante. É engraçado, porque não senti nada disto na transição para a adolescência - às vezes penso que nunca fui adolescente, nem sequer borbulhas tive - e acho que só o sinto tanto agora porque já não afecta só a minha vida mas a de outros à minha volta: os pais que vão ver a filhota a sair de casa, o irmão que vai deixar de ter a irmã mais velha para o defender/chatear, o namorado que vai passar a ser algo mais... Até o meu cão vai mudar de casa e arranjar um "irmão", bem maior e mais pateta que ele, o que vai obrigar a alguns ajustes na "matilha" lá em casa.
Deve ser bom poder orientar os meus dias, semanas, meses, apenas em função de um 'nós' a dois, imagino que possa passar a ser uma coisa mais ao sabor do vento. Também vai ser bom ter a minha própria casinha, que posso decorar mais ao meu gosto, convidando os amigos para ir lá jantar ou apenas para noitadas à conversa.
Mas vou ter muitas saudades dos serões a ver filmes encostadinha à Mamã. E do Pai chegar a casa e eu dar-lhe um grande xi-coração e beijinho, como se ainda tivesse 8 anos.
... E do jantarinho pronto à minha espera... E dos almoços de Domingo algures a 200 Km de casa, só porque o meu Pai sofre de febre de estrada e não pode passar um fim-de-semana sem a sua viagenzita...
Sinto-me a mergulhar com lastro a mais mas sei que o meu buddy está ao meu lado e posso confiar nele de olhos fechados (esta metáfora é para mergulhadores).

Bem, talvez deixe um olhito aberto... Já aprendi a não pôr as mãos no fogo por ninguém, nem por mim.

02 março 2006

problemas

Sou só eu que não tenho mais prazer em resolver um desafio do que em gozar a beleza e simplicidade de uma coisa previsível e não enigmática?
Desde a 1ª classe que não gosto de Matemática. O que é que me interessava quantas fatias de bolo podiam comer o Joãozinho e o Zézinho se o bolo não estava lá à minha frente para eu o provar? Considero que as pessoas que se divertem a resolver problemas têm problemas lá na cabeça delas - a começar pelo meu namorado.
Como comparar isso ao prazer de ler um livro daqueles que nos dão um nó no estômago, a compreender como funciona o sistema digestivo, a saber por que razão o nosso país tem as fronteiras e os costumes que tem, tudo coisas com que gostava de ocupar o meu intelecto escolar em miúda?
Dito isto, e depois de o desprezar por bastante tempo, ontem passei tempos infinitos para resolver um Sudoku e agora estou viciada.

01 março 2006

check!

Começo a suspeitar que sou um bocadinho organizada demais quando retiro um prazer quase físico da conclusão de tarefas banais, daquelas que apontamos na nossa to do list mental e se vão arrastanto ao longo de semanas:
- preenchimento e envio da declaração de IRS check!
- fazer contratos de água e luz check!
- encomenda das louças para a casa de banho check!
- impressão da versão final da tese check!
- arrumação dos recibos da Segurança Social check!
É que fico tão contente que só me apetece ir passar o fim de tarde a comer chocolates e beber coca-cola para comemorar. Sou mesmo copinho-de-leite...

De resto, o meu carnaval foi uma grande seca. As nossas máscaras até estavam giras (de personagens do Fame) mas o sítio onde fomos estava cheio de adolescentes a cantar Shakira a plenos pulmões, a música não ia além do samba e da salsa e, se calhar, já não tenho mesmo paciência para esta palermeira toda!