31 outubro 2006

mediano

Hoje que está assim um dia a atirar para o mediano (que é para não lhe chamar piroso, com esta névoa tímida tão fora de moda), arrisco-me a perguntar:

Fui só eu que achei o novo programa do Gato Fedorento um bocado... mediano? Tenho pena que estejam a deixar os sketches para o recheio e caminhem para o assustador formato de talk show que, na minha opinião, arruinou a graça do Herman.
Gatinhos, um apelo (pronto, três): deixai lá a conversa uns com os outros, vestidos de fatinho. Dispensai o público ao vivo, nós preferirmos rir-nos cá em casa. Evitai os artistas, que até são bons artistas, a cantar para os interromper de 2 em 2 estrofes com graçolas um bocadinho previsíveis. Vós conseguis fazer melhor. Sois jovens, inovai!

30 outubro 2006

de volta ao ninho (temporariamente)

Após os merecidos elogios (hum, humm!) à minha iniciativa musical recente, gostaria de assegurar-vos que esta terá a necessária continuidade assim que eu voltar a ter voz. E, não, a culpa não é da má colocação mas sim da constipação que apanhei entretanto. Agora isto funciona à base da litrada de chá de limão e infusões diversas, que não há cá comprimidos e outras drogas (à excepção do meu querido amigo Folifer) nos próximos meses.
De qualquer forma, ando a ter tratamento de luxo já que estou a passar esta semana em casa dos papás. Aproveitei o facto de o L. estar numa conferência nos EUA e vim passar uns dias ao ninho. Ah, que bom que é o colo dos progenitores! Ah, que bom que é não ter de fazer as tarefas domésticas! Ah, que bom que é ter dezenas de canais de televisão!
Ah, que saudades que eu já tenho do L... Foi tão estranho adormecer ontem sozinha, na minha cama de solteira... De modo que estou com esta sensação ambivalente mas acho que até é bom. Esta pequena separação vai fazer-nos voltar a reconhecer como gostamos um do outro, o que se perde às vezes no meio da trabalheira com os cães, da preparação para a maternidade, do lufa-lufa do dia-a-dia.

E vejo agora que este post ficou um bocado íntimo. Paciência! É para ti L., se o conseguires ler daí do outro lado do Atlântico.

26 outubro 2006

ainda tão pequeno e já tem de me ouvir

Ontem achei que tinha chegado o dia. Há muito tempo que não o fazia - acho que nunca o tinha feito nesta casa - por falta de tempo ou de vontade. Antes apetecia-me a toda a hora. De manhã, à noite, no banho, enquanto cozinhava... Agora parece que alguma coisa me impedia. Até ontem. E quando comecei, nunca mais ninguém me parava. Instalada na sala, a capella, de mão apoiada o diafragma, comecei a cantar. Cantei, cantei, cantei. O público - dois cães e um bebé de 5 meses - não se queixou. Nem abandonou o recinto (não, não fechei a porta da sala. A sala não tem porta). E soube-me bem :)
Filho, esta é a voz da tua mãe. Não é a melhor voz do mundo, ainda que pudesse fazer algum sucesso no mercado pimba, mas é aquela que vais ouvir a gralhar, a sussurrar, a gritar (espero que não muito!) e a cantar para adormeceres. Vais reconhecê-la quando vieres cá para fora?

E hoje tenho a garganta arranhada. Não sei colocar a voz, é uma tristeza...

25 outubro 2006

o que é nacional é bom (às vezes é mesmo o melhor)

Quem me conhece sabe que chego a ser muito melguinha com tanto portuguesismo - passando a publicidade, só meto gasolina na Galp, só compro fruta portuguesa, só recorro a bancos nacionais, faço um grande esforço para comprar roupa portuguesa (ok, esta é difícil), etc., etc. Em suma, procuro em primeiro lugar os produtos portugueses e, só em caso de clara falta de qualidade, opto por alternativas estrangeiras (se possível, de países que não sejam concorrentes com vantagens competitivas economica e socialmente injustas). Chamem-me proteccionista, chamem-me nacionalista, chamem-me o que quiserem: enquanto acreditar que Portugal vale a pena este pequenino esforço, faço-o.
Isto para vos direccionar para um artigo do Nicolau Santos (Revista Exportar, Jornal Expresso) referido aqui.

24 outubro 2006

eco morfológica

Perdoem-me os amáveis leitores que acham que isto se está a transformar num baby blog mas hoje fui fazer a ecografia morfológica e estou toda mãe babada. O meu rapazinho - sim, confirma-se que é um GRANDE homem, eheheh - está enorme, lindo e perfeitinho! A cada parte do corpo que a médica ia analisando e dizendo "está normal" eu suspirava de alívio. E é incrível como se mexe tanto, como parece que já tem uma personalidade própria (mais cedo ou mais tarde, lá vou chamar para aqui a conversa da chamada IVG...). Fico cada vez mais curiosa para o conhecer. Com quem será parecido? Nascerá cabeludo como o pai ou carequinha como a mãe? Terá os olhos do L.? Terá as minhas mãos? O que mais antecipo é aquele momento único em que o vou olhar nos olhos pela primeira vez e dizer: eu sou a tua mãe! Depois vou passar muitas noites sem dormir, nunca mais vou estar completamente descansada quando não o tiver debaixo da minha asa mas, naquele momento, acho que a minha vida vai ganhar um sentido completamente novo :)

23 outubro 2006

o mundo de pernas para o ar

Eu com calor ainda nesta altura. Sempre. Sou fornalha que não se apaga.
As ruas já com iluminações de Natal e ainda nem provei castanhas.
Os meus cães que andam com as respectivas camas atrás (o R. é quem transporta), por toda a casa.
O meu filho que se espreguiça de tal forma na minha barriga que ontem estava a ver que fazia um buraco e saltava cá para fora.
Tudo isto - sobretudo a minha cabeça - desarrumado e ele ainda nem nasceu...

19 outubro 2006

carta a mim daqui a umas décadas

Querida gralha,

Agora que és uma gralha velhota - é verdade, não parece já que ainda estás toda enxuta, mas é verdade - espero que te lembres do que prometeste a ti própria quando tinhas só (?) 27 anos. Caso estejas um pouco esquecida, aqui vai:
1º Não passar metade do dia (ou mais) a ver televisão
2º Não ocupar mais de um terço dos pensamentos com os filhos, netos, bisnetos e restante família
3º Praticar alguma actividade física - de preferência, de índole amorosa, senão pelo menos um bocadinho de yoga
4º Continuar a adorar, enaltecer e proteger os animais, sobretudo os cães e, mais concretamente, a descendência do M. e do R.
5º Não deixar que a natural decadência do corpo e da mente te deitem a baixo. Alegra-te com o que tens e bola prá frente que atrás vem gente
6º Continuar a cantar no duche e a dançar enquanto cozinhas
8º Enquanto for possível, viajar, ler, ouvir música... sonhar!
7º (e mais importante) Não ocupar 80% das células cerebrais, que já não devem ser muitas, a pensar, falar, lamuriar sobre doenças, dores ou o teu estado de saúde em geral

Triste conclusão da visita de hoje ao Centro de Saúde Valha-me Deus: é tão flagrante, com a idade, tornarmo-nos amargos e queixosos. Uma perna (com a sua ciática), um pulmão (com a sua bronquite), a coluna (com a sua escoliose) transfiguram-se e passam a tomar conta de toda uma vida. Spooky.

17 outubro 2006

take off

Hoje era daqueles dias em que, já que me levantei mais cedo (infelizmente, para ir levar o automóvel à oficina), apetecia-me algo. Algo bom. Como apanhar um taxi (glup!) para o aeroporto, só com uma malinha de mão, e seguir num qualquer vôo para a Europa. Pode ser Londres, pode ser Estocolmo, pode ser Viena, pode ser Berlim. Até pode ser Bruxelas (chuva por chuva, sempre comia uns gauffres). Estava numa daquela de dar voltas a pé até ficar de rastos, entrando em cafezinhos e ouvindo as conversas noutras línguas. E reabastecer-me de livros, de caras estranhas, daquelas coisas insignificantes que são diferentes lá fora como os outdoors e as linhas de metro. Já agora, à noite, um jantarzinho simpático. Pode ser numa varanda sobre um rio, no alto de um arranha-céus ou num restaurantezinho pacato com música ao vivo. E depois bem gostava de assistir a um espectáculo mas, mesmo nas minhas fantasias matutinas, sei que às 22h já estou a cair para o lado de sono. Fico-me por um B&B simpático com lençois fresquinhos e pequeno-almoço na cama no dia seguinte. Então até já, boas viagens!

16 outubro 2006

este post vai enervar os condutores

...mas viva esta chuvinha! :))) Sinto muito por todos aqueles que ainda estão no pára-arranca a esta hora, a quem já nem os programas da manhã da rádio conseguem arrancar um sorriso (nestas alturas, costumava optar pela Antena 2 para não começar num chorrilho de palavras mimosas para os restantes automóveis), mas eu lá saí de casa à hora do costume, fresca e ladina com o meu guarda-chuva verde fluorescente, e andei a saltar pocinhas até cá chegar. E à noite, filmezinho enroscada no cobertor, com uma caneca cheia de infusão de cidreia. Venha a trovoada!

12 outubro 2006

apontamentos de uma gravidez quase a meio

1. Por muito que o contrarie, o meu umbigo está mesmo a virar-se ao contrário;
2. O meu pirolito vai dando uns pontapezinhos de vez em quando (sobretudo quando acordo e durante a Hora Discovery, eheh) mas ainda mais ninguém os sente;
3. Já não enjôo mas continuo a não conseguir comer muito à noite. Doces e fruta a essa hora, nem pensar!
4. Ontem usei pela primeira vez dos meus privilégios na caixa de supermercado reservada a grávidas, etc. Foi estranho. Sai-me naturalmente um pedido de desculpas por incomodar;
5. Tenho mesmo de comprar calças novas porque já chega de passar vergonhas ao ser apanhada no trabalho com os botões todos desapertados;
6. Ainda não temos nada para o enxoval do pirolito (excepto uma roupinha, uma chupeta, um babete e um ratinho de peluche) porque parece que ainda falta tanto tempo... Além disso ainda não temos onde guardar as coisinhas dele;
7. Já começo a andar como se estivesse a carregar uma mochila virada para a frente. Esforço-me por estar sempre muito direitinha para adiar as dores de costas;
8. Não tenho balança em casa (feliz ou infelizmente) mas nunca tive tanta fome na vida. Aliás, não é fome, é urgência cega de comer. Tenho de controlar as sandochas de fiambre e as bolachas para não levar nas orelhas na próxima consulta;
9. Já sonhei algumas vezes com o bebé. Era sempre lindo e sorridente. Espero que seja um bebé saudável, feliz, tranquilo e curioso. Isso são as melhores sementes para uma pessoa 5 estrelas :)
10. Não percebo como há pessoas que acham que a gravidez passa depressa. Bem sei que sou impaciente, mas 9 meses são mesmo 9 meses!

11 outubro 2006

gralha mestra... e noiva!

Pois que foi um stress desgraçado. Eu gralhava, gralhava, o bebé ia dando uns pontapézitos para me dar apoio, mas quando fui bombardeada de perguntas comecei a ver a minha vida a andar para trás... Têm a certeza que querem mesmo saber isso? Não preferem antes discutir nomes para o meu filho (que não há meio de nos decidirmos)? Não preferem falar de uma coisa muito mais importante como o facto de se estar a comemorar o Dia Mundial Contra a Pena de Morte e ainda haver milhares de pessoas com esta condenação todos os anos, muitas vezes sem sequer terem direito a julgamento? Não.
Pronto, lá se fez. O júri foi muito querido e não só me deu boa nota como ainda houve distribuição de beijinhos em virtude do meu estado de graça. Arrastei-me até casa para comemorar - o que, nesta altura, correspondeu a um cházinho de cidreira e a uns biscoitos de manteiga - e, à noite, o L. levou-me a jantar num restaurante todo catita. Depois da refeição, e com um sorrisinho tímido e um ar de quem não sabe bem onde é que guardou as palavras, lá me fez o pedido de uma forma bem simples, com um anel lindo lindo, mesmo como eu queria :)
E é assim que, nuns escassos mesitos, passo de menina dos papás para futura mãe, mestra e noiva. E menina dos papás, que isso vou ser para sempre!

09 outubro 2006

nervosa, eu?

À medida que se aproxima a hora H, ou melhor, a hora D, de Defesa da Tese, o meu coração entra em arritmia e o meu soninho precioso é perturbado por pesadelos. Mas, à medida que leio as notícias de hoje, começo a relativisar bastante o facto de já não me lembrar de grande parte dos resultados do que andei a fazer há já mais de 3 anos (e acabei de escrever há mais de 14 meses). Neste momento, o que me está a dar nervoso miudinho é o amigo Kim Jong-il e sua pandilha norte-coreana, que andam a experimentar brinquedinhos nucleares, por enquanto debaixo da terra. Já uma gralha não pode preocupar-se com o seu próprio umbigo!

06 outubro 2006

este moço vai longe

Há muito tempo que não surgia um blogue com tamanho potencial. Sim, senhor, com coisas assim até vale a pena vir trabalhar num dia em que não aparece mais ninguém por estas bandas.

http://cabelinhoapaulobento.blogspot.com/

Já agora, para quando um similar mas inspirado nos dentes do Nuno Guerreiro?

Ora bolas! Lá falhei outra vez o objectivo de não gozar com o próximo!

04 outubro 2006

o bicho da preguiça

Queria aproveitar esta semana sem os cães lá em casa para fazer tantas coisas que tenho andado a adiar. Acontece que, quanto menos tenho para fazer, menos faço, de modo que não tenho feito quase nada. Até para a cozinha ando com menos imaginação (não que costume ser muita). Consolo-me com a ideia de que, às vezes, também faz falta preguiçar um bocadinho, sem estar a fazer listas mentais de todas as tarefas e pequenas coisinhas a que ainda falta atender.

E no outro dia dei por mim a pensar: acho que esta deve ser a última vez, nos próximos 20 anos, que tenho um dia assim, em que me levanto sem uma única obrigação a cumprir (glup!)

02 outubro 2006

é segunda-feira mas não faz mal

Não faz mal porque terminou uma semana de trabalho dos infernos.
Não faz mal porque foi um fim-de-semana óptimo, com direito a uns dias lindos, muitos passeios junto ao rio e ao mar, muitos miminhos dos papás, Cozido à Portuguesa, gelados, pipocas, exposições, cinema...
Não faz mal porque os cães foram passar umas férias a casa dos "avós" e nós temos o ninho um bocadinho mais limpo e sem barafundas.
Não faz mal porque já há folhas nos passeios e castanhas assadas à venda (mas ainda não me apetece).
Não faz mal porque já tenho o jantar feito e posso passar a noite a ler, a namorar e a ver os Sopranos (e a preparar a miséria da apresentação da tese).

Não faz mal porque hoje tenho, pela primeira vez, a certeza que senti o meu gralhinho a dar-me um toquezinho na barriga. Muito ao de leve, só para dizer: "bom dia mãe! levanta-te porque esqueceste-te de ligar o despertador".