26 novembro 2010

pequena fadinha do lar

Agora decidiu que quer fazer a própria cama. Meu rico filho, mais um ano e já estás a fazer o jantar! E ainda dizem que as crianças dão trabalho...

25 novembro 2010

olha, querem lá ver que é desta que os tiro da creche?

"Caros Pais,
Recordamos que, segundo as leis da Nova Jérsia, todas as crianças com mais de 6 meses que frequentem estabelecimentos de ensino têm de ser vacinadas contra a gripe."
O c@r@lhinho é que lhes dou essa vacina inútil preservadinha em derivados de mercúrio!

23 novembro 2010

o meu cão está doente e eu estou longe

O Matias está internado, a soro, depois de uma grande reacção alérgica o ter deixado muito mal.
E eu estou aqui.
Nestas alturas não tenho 31 anos, não sou mulher nem mãe, profissional ou aspirante. Sou só uma menina com muita vontade de ficar em silêncio, abraçada ao meu cão, a rezar para que tudo passe depressa. Mas estou aqui. E ele está sozinho.
Só quem tem cães pode compreender.

pequena perolazinha americana

(não vou dizer mal, é mesmo só caricato)

Os americanos gostam de sentir que não perderam o contacto com a natureza. Vai daí o "apanhe as suas próprias maçãs/abóboras/amoras/etc. e pague por isso". Mas esta é a melhor: como se aproxima o Natal e eles não gostam cá de pinheiros artificiais, surge o negócio de transplantar pequenos pinheirinhos para terrenos suburbanos para os pais de família poderem ir lá com o seu machado e... cortá-los para levar para casa! Portanto, a ver se expliquei bem - uns senhores abrem um buraquinho e enfiam lá o pinheiro. No dia seguinte vai lá alguém e corta o pinheiro. É muito bom.

21 novembro 2010

os vizinhos dinamarqueses

O novo ano lectivo trouxe nova população a Princeton e, entre ela, está a família de Grand Danois que veio mesmo para o nosso lado. Pais louros, rapazinho louro, menina bebé loura-translúcida, quase do tamanho do Diogo apesar de só ter 3 meses. São simpáticos, são descontraídos, são cultos e apreciadores da vida. São europeus do Norte, portanto. E estou contente porque temos alguém com quem trocar biscoitos, miúdos, experiências e batalhas de bolas de neve, nos tempos que se aproximam. É exactamente a família que gostava de ter encontrado quando cá cheguei há um ano, orfã de amigos. Mais vale tarde do que nunca :)

20 novembro 2010

obama vai ao circo (ai, não, afinal é a portugal)

Pergunto-me quantas vezes é que algum diplomata luso, com aparente descontracção e familiaridade, terá perguntado ao Mr. President: "E como tem passado o cãozinho? Já se atirou muitas vezes ao Potomac, esse malandreco?"

Já agora, por que é que o cidadão Obama pode embarcar no vôo Lisboa-Washington D.C. com ovos-moles de Aveiro, pastéis de Belém, garrafas de Porto e Madeira, e eu não posso trazer nem uma chouriça?

19 novembro 2010

pronto, vou dizer qualquer coisita

Isto da ameaça d'o-Pai-Natal-não-vai-deixar-nada-na-nossa-lareira dá um jeitaço. Até que idade é que eles acreditam, mesmo? É que é muito melhor ter fitas de 20 minutos do que de meia hora, todos os dias ao jantar. Pena que, com o outro, a coisa ainda não cole...

14 novembro 2010

volto já

Agora preciso de arrumar as casa e reencontrar o sentido das coisas.

11 novembro 2010

factos que não interessam a ninguém excepto a sociólogos (como tantas outras coisas)

Passo o dia a falar com pessoas de baixos rendimentos do estado da Pensilvânia. Conclusões impressionistas e completamente irreflectidas:
Nenhum português ou luso-descendente está em casa à hora do expediente.
Quase nenhum hispânico está em casa a essa hora.
Os afro-americanos não compreendem a minha pronúncia.
Os imigrantes chineses, indianos e russos têm sempre uma avó surda/que não fala inglês em casa a tomar conta da criançada.
As senhoras idosas passam muito tempo sozinhas e não têm ninguém com quem falar. Quando sou simpática para elas é como se lhes estivessem a oferecer um tesouro.
Quase toda a gente aceita coisas de graça, mesmo que não saiba bem o que é, para que serve, ou o que vai fazer daquilo.

10 novembro 2010

suicídio involuntário

Quais é que são mesmo as fases do luto? Choque, negação, depressão, culpa, ansiedade, agressividade, reintegração. Vou na agressividade. E a "falecida" é a gralha-feliz-numa-vida-anterior.
De repente compreendi um bocadinho melhor por que é que o estar aqui é um fardo que carrego: é que, ao vir para cá, matei a pessoa que era antes. E era uma pessoa relativamente feliz, foi pena. Por que diabo é que alguém se lembra de deixar uma vida boa, arrumada, e partir para o desconhecido para uma vida menos boa, desarrumada, imprevisível, isolada, exaustiva? Até em termos matemáticos o resultado é negativo. E estúpido. Por isso, sim, gostava de ter um tanque para passar por cima de todos os parvalhões que tenho de aturar diariamente. Sobretudo, recuso-me a aceitar que alguma vez me vou integrar aqui. Recuso-me. Detesto isto com cada celulazinha lusitana que tenho.

E estou tão, tão farta desta peninha de mim própria! Peço desculpa pelo constante queixume mas não tenho mais a quem me queixar.

09 novembro 2010

é oficial: sou emigrante

Tragam as chouriças, abram as pipas de vinho novo, exibam os galos-de-barcelos, exponham-me a sagrada família sobre os naperons de croché, onde uma pequena família de gatinhos de porcelana está aninhada, estou convertida. Ontem pensei qualquer coisa tão genial como "na minha landa as coisas são assim e assim". É arrumar as botas, não há condições.

Ninguém se zangue com os estereótipos acima enunciados que eu garanto ter o MAIOR respeito por todo o tipo de e/imigrantes, de qualquer nacionalidade. Pronto, não respeito muito é os pechichés de porcelana, isso não.

08 novembro 2010

ainda da vida social do gugas

Ontem o Gugas teve a primeira festa de anos de colegas da turma e finalmente percebi por que é que ele não se queixa por lhe fazerem a vida negra e continua a gostar da escola. É que a coisa não é generalizada mas apenas reduzida a um certo número de rufias, que também gostam de chatear o resto da turma. Na verdade, fiquei muito feliz por verificar que há outros meninos que gostam de brincar com o meu filhote, que o chamam, que ficam felizes quando o vêem chegar. Sobretudo, as duas meninas mais giras da turma não param de lhe fazer charme e de andar à volta deles. E se isto é a vida que o espera - um punhado de parvos mal-educados que implicam com ele e outro punhado de miúdos simpáticos que o acolhem - acho que posso viver com isso.

07 novembro 2010

menu semanal III

E esta semana comeu-se... 

Sopas:
Rúcula

Pratos principais:
Frisella (um prato italiano à base de pão, tomate e mozzarella)
Bolonhesa
Peixe assado com alcaparras e molho de côco
Esparguete com cogumelos
Francezinhas de frango
Almôndegas de grão

Sobremesas:
A fruta do costume

05 novembro 2010

uma escolha difícil

O que é pior: uma criança sem maneiras à mesa ou uma criança socialmente desintegrada? Por favor, não respondam todos a segunda opção, que eu gosto de crianças (e adultos, já agora) com bons modos.
Toda a gente sabe que os selvagens americanos comem só com um garfo, na mão direita. E agora, corrijo o Gugas quando ele come com o garfo na mão direita (ele é destro, antes que perguntem)? Ou finjo que não reparo, para não alimentar as diferenças e evitar contribuir para o bullying a que é sujeito na escola?

A respeito do bullying, começo a desesperar. Já tive conversas com professoras, com a directora, já houve um menino que veio pedir desculpa, mas o que é certo é que continuam os empurrões, os insultos, a exclusão de brincadeiras. É de cortar o coração... :(

04 novembro 2010

há mesmo uma primeira vez para tudo

Até para sermos vítimas de discriminação racial, por não sermos negros. E olhem que é mesmo verdade.

03 novembro 2010

nono mês

Roedor de cabos eléctricos, gatinhador supersónico, apanhador de todas as porcarias que há no chão para levar à boca, filho lindo da mãe, que já tens 9 meses! Parabéns meu bebezão :) És o perigo em pessoa, procuras tudo o que não deves. Dás luta, provocas, testas e olhas-nos com esse olhar cheio de vida, cheio de tudo, e nós perdemo-nos. Que rica que é a nossa vida contigo, Diogo!


E cansativa, e desesperante às vezes, mas rica!

02 novembro 2010

um novo trabalho, um novo sentido

Chegar às 17h e sair do trabalho com um grande sorriso na cara é bom, é muito bom. E atravessar campos e quintas, num fim de tarde cheio de sol, para chegar até aos meus meninos também é muito bom. Tenho aquilo que pedi: um trabalho com significado. Ajudo pessoas, ajudo a preservar o ambiente e, ainda por cima, estou no meio de uma atmosfera jovem, descontraída, multi-racial, numa empresa fundada por uma mulher, liderada por outra. Não é feminismo, é só sentir um bocadinho de "yes we can". Por isso tenciono sair de lá com um sorriso todos os dias. Mesmo quando já nevar e o meu coração apertar de saudades dos meus rapazes.