19 junho 2013

dando uso ao bom senso

Às vezes tenho a sensação que este mundo de hiperinformação em que vivemos presume que o pessoal está todo a ficar imbecil. Se calhar, está, não sei. Eu também gosto muito de googlar cada dúvida que me assalta, de tentar descobrir o que está por trás de um sintoma físico, de antever as implicações do consumo de determinados alimentos, de estimar as probabilidades de ainda virmos a ter Verão este ano, e por aí fora. Mas espero nunca me esquecer de ligar o cérebro quando se trata de tomar decisões. Qual é o espanto de a indústria alimentar cada vez mais baseada em elementos artificiais, e servindo empresas que procuram o lucro, fornecer refeições com recheios improváveis? Quem é que não esperava que comprar t-shirts a dois euros feitas do outro lado do mundo significa que essas pessoas são mal pagas? Onde está a novidade no facto de uma dieta à base de restrições estrambólicas, mas em que o organismo não se habitua a gastar mais do que consome, não ir resultar? Ouvimos tantas teorias, anotamos tantas dicas, pinamos tantas receitas, decoramos tantas verdades vendidas pelos media que nos esquecemos de parar e pensar por nós próprios. Descansa-nos um pouco, esta ligeira desresponsabilização pelas nossas escolhas, sustentadas em longas pesquisas internéticas. Esquecemo-nos que, ao final do dia, é o nosso corpo que vive com as consequências do que comemos, é a nossa família que vive na comunidade que criamos e é a nossa gente que é governada pelos líderes em que votamos. Isto da liberdade e da informação é giro: promete devolver-nos o poder mas temos de ser nós a aceitá-lo e a dar-lhe bom uso.

4 comentários:

Anónimo disse...

"pinamos tantas receitas", curiosa a forma como a www mudou conceitos ;-)

gralha disse...

"Pinar" será sempre um lindo conceito, Red Nude :)

Melissa disse...

ahhh, sim. Calculo que seja que 1/3 do meu bom senso foi para o tio Google.

Naná disse...

A informação é tanta que nos deixa o cérebro num rodopio e com os neurónios num nó cego.
Tive um professor que dizia que nos dias que correm a nossa capacidade de escolha e decisão estava muito reduzida porque o leque de escolha é tão vasto que ficamos perdidos...