Custou acordar às 5h15 mas o entusiasmo era muito. Depois de meses a contar os dias, finalmente tinha chegado o momento de voar para a Costa Rica. A voo até Madrid foi sem sobressaltos só que logo à chegada percebemos que não tinham expedido a mochila do Luís para San Jose. Lá se foi grande parte da roupa, o necessaire e os medicamentos. Seguimos viagem tentando não pensar no assunto, mais de 10 horas a sobrevoar o Atlântico. Os rapazes foram impecáveis e levaram bem a espera, entre desenhos, jogos de cartas e muita conversa.
A chegada também correu bem, apesar da confirmação da ausência da bagagem, e o aluguer do nosso fantástico Jimny fez-se sem complicações. Depois de algumas voltas pelo centro de San Jose, finalmente demos com o nosso simpático e modesto hotel, onde conseguimos o muito ansiado descanso depois de 18 horas de pestana aberta.
A madrugada foi bem prematura devido ao jet lag (agarrei-me ao A Fraction of the Whole desde a 1h da manhã). Tomámos um óptimo pequeno-almoço de fusão centro e norte-americana, feijão com arroz, sandes de manteiga de amendoim e muita fruta, fizemos algumas compras e pusémo-nos a caminho. Deixámos San Jose para trás, uma cidade eclética e moderadamente caótica mas com uma nota simpática, onde me senti segura apesar da confusão do trânsito e dos mercados de rua.
Percorrendo a pan-americana em direcção ao Pacífico, entre as quotas dos 1000 e 2000 metros de altitude, passámos por muitos campos cultivados, de árvores de fruto e cana de açúcar, e muitos rios. Avistando o golfo de Nicoya, virámos a norte em direcção a Monteverde. Seguiram-se 40 quilómetros de estrada tão acidentada que saltávamos nos assentos e tivemos de inaugurar a tracção às 4 rodas. Os rapazes hesitavam entre a excitação e o receio perante as ravinas a perder de vista, vibrando com a progressão do ponteiro do altímetro.
Finalmente chegámos ao paraíso de Monteverde, fiel ao seu nome, e só tivemos tempo para fazer o check-in no hotel e um almoço delicioso antes de apanharmos um autocarro para a entrada no parque da floresta das nuvens. Aí passámos a tarde a passear pelos trilhos sobre a copa das árvores e balançar sobre as longas pontes suspensas. A nossa manifesta incompetência para detectar a fauna local foi largamente compensada pela vegetação majestosa, pelo cheiro denso da floresta e, sobretudo, pela sensação de paz e perfeição absoluta. Não há nada como sentirmo-nos de regresso aos primórdios do planeta, a milhões de quilómetros de todos os problemas do dia-a-dia.
Voltámos a tempo de dar ainda mais um passeio a pé junto ao hotel e assistir à excitação das gralhas perante o pôr do sol no Pacífico, um dos mais bonitos a que já assisti.
Talho em San Jose
O nosso fiel todo-o-terreno
Varanda do hotel em Monteverde, onde os macacos-capuchinho vinham pedir fruta de manhã
Ponte suspensa na floresta das nuvens
A 2 mil metros de altitude, vista sobre o golfo de Nicoya (Pacífico)
8 comentários:
Ó gralha, quero maaaaaiiiiis!!!!!
És a minha heroína :)
Posso sentir inveja da boa, posso? Que aventura! :)
ai que saudades que me deu! Quero mais!!!
Mas mas mas... há mais não há??
E a mochila, apareceu?
:)
Que maravilha!
Uau, que vista incrível! Estar acima das copas das árvores deve ser uma sensação muito surreal.
Ana C., tu é que tinhas apreciado muito aquela bicharada toda ;)
Podes sentir inveja à vontade, Amigo Imaginário, eu também sinto inveja de mim nos primeiros dias de Março de 2014.
Ana, toda a gente sai de lá a querer mais, não é? :)
Naná, entretanto já viste que sim.
Ana, o mistério da mochila desvendou-se entretanto.
Melissinha, também disse isso várias vezes e não me chegou para começar a descrever o que vi.
D.S., estar acima da copa das árvores é surreal e lindo, lindo, lindo.
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