21 janeiro 2015

mesmo em termos estéticos

Não é que me oponha às imperfeições, bem entendido. As fraquezas de carácter e os hábitos que tomamos com a sopa , tudo ao molho e mal disfarçado. Quando disfarçado. Chega a dar-se o caso de aparecer uma daquelas criaturas que parecem perfeitas e uma pessoa desconfia logo. Aproxima-se devagar, cheira-lhe as mãos, os fundilhos, até descobrir qualquer coisa acre, algum indício de organismo vivo que garanta a autenticidade do produto. Depois sossega, porque afinal está ali um ser humano e podemos ser todos amigos.

10 comentários:

dona da mota disse...

Eu também sou muito desconfiada, a bem da verdade, embora tenha este ar simpático de quem dá sempre uma 1.ª oportunidade. Mas sim, a perfeição faz-me desconfiar... então vidas perfeitas... pffff!

Melissa disse...

Ui, estou sempre à procura dos podres. Drama queen feelings.

Naná disse...

Nisso confio totalmente no meu instinto! A primeira impressão conta muito, com ou sem cheiro!

E se a primeira impressão é má, não vale a pena. Porque as únicas duas vezes que não confiei naquele primeiro instinto, achando que estava a ser demasiado desconfiada dei-me mal, muito mal!

gralha disse...

Nem de propósito, lido hoje: "(...) eu o vi de repente e era um homem tão extraordinariamente bonito e viril que eu senti uma alegria de criação. Não é que eu o quisesse para mim assim como não quero o menino que vi com cabelos de arcanjo correndo atrás da bola. Eu queria somente olhar. O homem olhou um instante para mim e sorriu calmo: ele sabia o quanto era belo e sei que sabia que eu não o queria para mim. Sorriu porque não sentiu ameaça alguma. É que os seres excepcionais em qualquer sentido estão sujeitos a mais perigos que o comum das pessoas." (Clarisse Lispector, Água Viva)

gralha disse...

Dona da mota, larga um bocado a Colleen e vai ler a Clarice, que te faz melhor.

Melissa, podre é tempero. Senão, o que justifica o preço das trufas?

Naná, o problema é que a primeira impressão pode ser boa e pode enganar.

dona da mota disse...

Gralha, vou ver se há na Biblioteca Municipal, espaço e oferta á qual as minhas "escolhas" se cingem hoje em dia. ahahahahaahh
Por acaso estou a ler um livro tão mau que chega a doer. Depois da Colleen isto vai custar mas o Caffè Amore da Nicky Pellegrino está a custar a engolir.

Amigo Imaginário disse...

Às vezes, há odores muito fortes que nos confundem o faro mais básico e instintivo. Infelizmente. A verdade é que temos de aceitar que nunca conhecemos completamente uma pessoa. Nem sequer a nós próprios. Até sermos todos postos à prova. Aí vem tudo ao de cima, o melhor e o pior.

(A sabedoria que se adquire com a idade é uma merda, tira-nos a inocência do olhar.)

gralha disse...

Não vou falar mais de odores corporais porque alguém se esqueceu de pagar o gás e, bom. Nestas alturas conhecemos também melhor quem é que aguenta ficar ao nosso lado ;)

Ana disse...

Por acaso os "perfeitos" não me geram desconfiança, mas provocam-me desconforto. Não me sinto à vontade com quem se esconde em "etiquetas".

gralha disse...

Conheço uma pessoa perfeita que é tão perfeita que nem sequer é vaidosa. Até já falei dela há anos, aqui http://gralhadixit.blogspot.pt/search?q=pessoas+perfeitas
Diferentes são aquelas que são muito boas a salientar as qualidades e a esconder os defeitos. Mas tens razão, Mãe Sabichona, provocam sobretudo desconforto.