12 julho 2012

deixando de ser parte de nós


Não sei se já alguma vez alguém se dedicou a construir um indicador de galinhismo na maternidade (com tanto sociólogo e psicólogo social por aí, já deve haver alguma dissertação sobre o assunto), mas suspeito que devo andar dentro da média nacional desta medida. Digamos que me sinto equidistante entre o terror permanente que me roubem as crias e a vontade de lhes sacudir o pó quando desatam à bulha pela enésima vez, para ver quem escolhe a estória antes de ir dormir. Enfim, isto para dizer que não devo ser a única que já percebeu que eles nunca deixam completamente de ser parte de nós. E que, cada vez que deixam mais um bocadinho, o coração murcha-nos mais um pouco (e enche-se proporcionalmente de orgulho). Desde que nascem, perdemo-los quando cortam o cordão umbilical. E quando saem do nosso quarto. E quando deixam de mamar. E quando vão para a creche. E quando comem sozinhos, quando largam a chucha, a fralda, a mão, ao atravessar a rua… E depois são eles e só eles, únicos. Mal reparam que replicam o nosso olhar e o nosso sentido de humor. Saem do ninho, uma e outra vez. De cada uma destas vezes, alegro-me por não depositar toda a energia, emoções e expectativas nos meus filhos, por muito que estejam no topo das nossas prioridades.

8 comentários:

Naná disse...

Eu devo estar na média nacional, mas no top de mãe-galinhice...

Podes crer que murchamos um bocadinho com cada nova conquista deles, porque a par do orgulho, dá-se um surto de nostalgia no seu estado mais puro!

Há dias olhei para o meu pequeno e apercebi-me que está a ficar alto... e de repente senti um baque quando me perpassou na ideia dele enquanto jovem adolescente, provavelmente 20 cm mais alto que eu!

Carla R. disse...

Ando um bocado (poucochinho) preocupada com a minha pessoa enquanto mãe. Fico feliz por ter tirado fotos deles enquanto bébés, porque as recordações chegam-me perfeitamente, de resto quero que cresçam, e nem acho que estejam a crescer muito rapido. O ritmo parece-me perfeito, todas as conquistas são apenas positivas, pelo menos por enquanto. Devo ser a unica mãe presente deste mundo que não é galinha.

gralha disse...

Carla, já estás muito afrancesada. Aposto que já nem os mandas para a escola sem uma sande de torresmos, nem nada.

Naná, e quando tiverem buço? Valha-nos Deus1

Naná disse...

Gralha... ai ai ai... humpf...

E quando chegarem à adolescência e começarem a ter vergonha de nós?! Há dias encontrei um casal amigo, uns pais super "porreiraços" dum puto de 13 anos, e eles me dizem que já nem vai à praia com eles, como ia antes, porque é uma "seca"!

Rita disse...

Só para veres o meu nível de galinhice, não há noite que eu não fique a babar quando os vejo a dormir. Passo de cama em cama e ali fico uns minutos a vê-los a dormir. Faço-lhes festas, dou-lhes beijos, pego-lhes nas mãos e analiso cada dedinho como se os tivesse a conferir após o nascimento. Tenho perfeita noção que isto é demais mas quando contrario esta vontade acabo por não me deitar em paz e fico a remoer. E isto é com 4. Se tivesse 8 tinha que guardar uma hora todas as noites só para este ritual.

Vera disse...

Ora bem,

Eu sou mãe para os despachar para as avós amiude, dorme lá, pelo menos uma vez por semana e não me parte o coração, como amigas minhas que não conseguem... É que nós, os pais, também precisamos de tempo e temos esta fantástica possibilidade. Os próprios avós suplicam por eles. O mais velho perguntou-me inclusivamente se ia passar as férias inteiras nos avós e quando eu disse que, de vez em quando, era giro vir a casa lá se conformou... Ahhahah
Eles vivem lá coisas fantásticas que não vivem connosco, como acordar e ir apanhar os avós no galinheiro, ou regar...
Também não sou/fui mãe de chorar no 1.º dia de infantário quando, especialmente o mais velho, ficava a chorar. A minha mãe chorou quando lhe contei... ela sim, grande galinha. Claro que liguei para a escolinha meia hora depois e me disseram que ele já estava fino. Ou seja, não é que não sinta mas consigo racionalizar.
Depois, depoi também tenho esse tormento permanente de que lhes aconteça algo, isso está sempre comigo, os "e se..." mas em mau... isso é um horror e a minha mãe diz-me que enquanto eles crescem os medos aumentam...
A minha mãe chorou 2 dias consecutivos quando fui para Erasmus, nem cozinhava, o meu pai teve que comprar feijoada enlatada. Eu gozei mas hoje, quando penso no futuro, já sinto esse medoooooo!
Agora tu, Gralha, quem te lê pensa que estão a chegar aos 18 anos. Calma, amiga, ainda falta! Coitada da rapariga que quiser ser tua nora! AHAHAHAHAHAH
Que Gralha tão Galinha!

calita disse...

"alegro-me por não depositar toda a energia, emoções e expectativas nos meus filhos, por muito que estejam no topo das nossas prioridades.", isto resume tudo o que penso da maternidade.
E Carla R. não te quero desiludir, mas tu és uma espécie de mãe galinha. Tu deixaste de trabalhar para cuidar dos teus filhos, hello!!!se isso não é uma variedade de galinhice, não sei o que é :)

Anónimo disse...

«Fico feliz por ter tirado fotos deles enquanto bébés, porque as recordações chegam-me perfeitamente»

ahahahah tal e qual. e se deixei de trabalhar de cada vez q uma filha nascia pq não conseguia estar sem elas (calma, são só duas! podiam ser mais se nascessem logo com 3 ou 4 anos hihi), agora já as deixo passar uma ou duas semanas na boa com os avós todas as férias. Pior, já dou por mim a despachar a bola ao pai para assistir às actuações nas festas da escola qdo o trabalho aperta. tss tsss

(ok ok a 1ª noite em q já não fui eu a contar a história ao deitar pq estava a trabalhar chorei. mas foi só mm na 1ª. 2% de galinhice??)

Carla

(sinceramente? ter sido mãe a tempo inteiro quase 3 anos ainda q não seguidos deixou-me muito, muito pouco galinha, para não dizer até maternal...)