E agora escrevia qualquer coisa muito europeia, a
comentar o espectáculo de sexta-feira, em que a coisa mais bonita que vimos foi
uma carrada de lixo a cair em cima do dançarino (não estou a ser irónica, gostei muito; e, ainda assim, que pena que
não tenha havido nem uma extensão impossível de perna, nem um salto para o ar
que consolasse a minha alma de bailarina de caixinha-de-música). Isto no meio
de tantas outras coisas muito conceptuais, que nos fizeram pensar e questionar
e superar as fronteiras da nossa estética praticamente de VHS.
E depois falava da emoção de entoar motes que antes me
faziam levantar só uma sobrancelha, a alegria de caminhar até ao concerto-manif
com os meus filhos e ficar um bocadinho envergonhada por haver tão pouca gente
ali, por ainda serem muitas mais as velhinhas na mercearia que acreditam que
isto não vai lá com protestos.
E depois terminava com uma nota harmoniosa sobre o novo
tinto, tão jeitoso e bem em conta, que descobri, que vai bem com tudo aquilo
que cozinho, principalmente porque ajuda a colmatar a falta da mousse de Oreo
que me anda a apetecer há que tempos.
Escrevi isso tudo e afinal, quando abri o blogger, vinha pronta
a choramingar que, nesta altura do ano, só me apetece mesmo é mudar-me para
dentro de um dos livros da Jane Austen e bordar junto à lareira, com um vestido
de corte império e um chapeuzinho minúsculo daqueles que nunca terei desculpa
para usar na vida real.
12 comentários:
Quatro palavrinhas para a pequena gralha:
ES-PAR-TI-LHO.
Aguento o espartilho com um sorriso. Quero o meu chapéu. E vestidos bonitos, que não passam de moda ao fim de dois anos.
Se bem percebi foste ver o novo espectáculo da Companhia Olga Roriz. Não gostaste? Vi publicidade na TV e pareceu-me interessante... :)
Não sei que te diga, a não ser que estou solidária contra todas as forças do mal que nos deram este mês de Outubro e nunca mais o levam daqui.
Desculpa, mousse de oreo é mesmo mousse de oreo? Como é que eu não sei o que é isso?
Bordar à lareira é muito bom (eu só conheço a versão tricotar, mas deve ser mais ou menos igual), mas só se pudermos, no dia seguinte, vestir uma calças, ou o que nos apetecer.
A vantagem de não estares num livro da Jane Austen é que podes mesmo fazer e vestir o que te apetecer.
E a Praça de Espanha, até tenho vergonha de dizer isto, mas eu nem sabia o que ia acontecer na Praça de Espanha. Mas já me perdoei, porque tenho uma boa desculpa.
Bordar à lareira é fixe quando não é a única coisa que esperam de ti!
Filipa: "não estou a ser irónica, gostei muito". Sim, foi esse espectáculo.
margarida: já só falta metade :)
calita: não digo, tem 700 triliões de calorias. E folgo em ver que estás viva!
Naná: desde que me deixassem parir quantos filhos quisesse, ler, beber chá em chávenas de porcelana translúcida e andar a cavalo, por mim, tudo bem.
vestidos de corte império são o máximo, um ano no carnaval mascarei-me de maria antonieta e mandei fazer um
Pensei que te estivesses a referir apenas ao lixo. :D
Ah bom, querias ser uma bordadeira dondoca, com um rol de empregados e uma governanta!
Ó pá, o que eu gosto quando escreves assim! Anseios à parte, tão bom, tão bom, gralha...
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