15 outubro 2012

neste fim-de-semana, dois pontos

E agora escrevia qualquer coisa muito europeia, a comentar o espectáculo de sexta-feira, em que a coisa mais bonita que vimos foi uma carrada de lixo a cair em cima do dançarino (não estou a ser irónica, gostei muito; e, ainda assim, que pena que não tenha havido nem uma extensão impossível de perna, nem um salto para o ar que consolasse a minha alma de bailarina de caixinha-de-música). Isto no meio de tantas outras coisas muito conceptuais, que nos fizeram pensar e questionar e superar as fronteiras da nossa estética praticamente de VHS.
E depois falava da emoção de entoar motes que antes me faziam levantar só uma sobrancelha, a alegria de caminhar até ao concerto-manif com os meus filhos e ficar um bocadinho envergonhada por haver tão pouca gente ali, por ainda serem muitas mais as velhinhas na mercearia que acreditam que isto não vai lá com protestos.
E depois terminava com uma nota harmoniosa sobre o novo tinto, tão jeitoso e bem em conta, que descobri, que vai bem com tudo aquilo que cozinho, principalmente porque ajuda a colmatar a falta da mousse de Oreo que me anda a apetecer há que tempos.
Escrevi isso tudo e afinal, quando abri o blogger, vinha pronta a choramingar que, nesta altura do ano, só me apetece mesmo é mudar-me para dentro de um dos livros da Jane Austen e bordar junto à lareira, com um vestido de corte império e um chapeuzinho minúsculo daqueles que nunca terei desculpa para usar na vida real.

12 comentários:

Melissa disse...

Quatro palavrinhas para a pequena gralha:

ES-PAR-TI-LHO.

gralha disse...

Aguento o espartilho com um sorriso. Quero o meu chapéu. E vestidos bonitos, que não passam de moda ao fim de dois anos.

Filipa disse...

Se bem percebi foste ver o novo espectáculo da Companhia Olga Roriz. Não gostaste? Vi publicidade na TV e pareceu-me interessante... :)

margarida disse...

Não sei que te diga, a não ser que estou solidária contra todas as forças do mal que nos deram este mês de Outubro e nunca mais o levam daqui.

calita disse...

Desculpa, mousse de oreo é mesmo mousse de oreo? Como é que eu não sei o que é isso?

Bordar à lareira é muito bom (eu só conheço a versão tricotar, mas deve ser mais ou menos igual), mas só se pudermos, no dia seguinte, vestir uma calças, ou o que nos apetecer.
A vantagem de não estares num livro da Jane Austen é que podes mesmo fazer e vestir o que te apetecer.

E a Praça de Espanha, até tenho vergonha de dizer isto, mas eu nem sabia o que ia acontecer na Praça de Espanha. Mas já me perdoei, porque tenho uma boa desculpa.

Naná disse...

Bordar à lareira é fixe quando não é a única coisa que esperam de ti!

gralha disse...

Filipa: "não estou a ser irónica, gostei muito". Sim, foi esse espectáculo.
margarida: já só falta metade :)
calita: não digo, tem 700 triliões de calorias. E folgo em ver que estás viva!

gralha disse...

Naná: desde que me deixassem parir quantos filhos quisesse, ler, beber chá em chávenas de porcelana translúcida e andar a cavalo, por mim, tudo bem.

Catarina disse...

vestidos de corte império são o máximo, um ano no carnaval mascarei-me de maria antonieta e mandei fazer um

Filipa disse...

Pensei que te estivesses a referir apenas ao lixo. :D

Naná disse...

Ah bom, querias ser uma bordadeira dondoca, com um rol de empregados e uma governanta!

Ana. disse...

Ó pá, o que eu gosto quando escreves assim! Anseios à parte, tão bom, tão bom, gralha...