26 fevereiro 2013

olé

7 da manhã em Belém. Desejo ver o sol a despontar dos estaleiros da Lisnave, que até as metáforas têm de ser descobertas nos momentos mais corriqueiros. Apesar disso, o que se levanta no horizonte é uma tangerina madura e achatada que derrete a madrugada para os lados do Montijo. Viro-lhe as costas e acelero o passo a favor do vento. Os outros corredores sorriem-me um bom-dia enregelado. O mais antigo de todos veio de camisa de algodão de manga curta, como sempre. Eu abro e fecho os dedos até os conseguir mexer de novo e, junto à doca, vejo os almeidas a brincar aos torneios medievais com os seus carros de lixo. Perseguem-se, toureiam-se e riem como crianças. Ainda há esperança neste mundo enquanto nos vingarmos do estoicismo imposto com boicotes pequeninos, como as facturas em nome dos que nos desgovernam, e com o aparvalhamento puro e simples, tomado nas doses necessárias.

4 comentários:

Anónimo disse...

E o arrepio que este texto me dá?! Olé!
Eu que agora acerto o depertador para meia hora mais cedo, só pela ilusão de adiar por 30 minutos a exposição ao frio que me assola e tu vais correr às SETE da manhã para o Tejo?
Admiro-te tanto a coragem, pá! Eu a ser esperta também me levantava mais cedo e fazia ginástica. Mas não, já me custa tirar o braço debaixo das mantas e desligar o despertador de 10 em 10 minutos... por 3 vezes!
Olha, arrepiei-me outra vez. Grrrrhhhhhh (isto sou eu a tremer e não a ladrar)!

Naná disse...

Brrrrr....
Eu admiro quem tem o estoicismo para isto!
Seja por vontade própria ou por necessidade de obter rendimentos...

gralha disse...

Tenho muitíssimo mais frio dentro de casa do que a correr junto ao rio. Mas obrigada :)

disse...

Caramba! Estou com a Vera, admiro a tua coragem!
Olha esta noite vai nevar (dizem!), prepara-te :)