Lembro-me daqueles dias em que começávamos a trotar pelos quartos, pela sala, e a minha Mãe baixava o tom de voz para tentar transmitir-nos calma porque estávamos muito excitados. É claro que nada de bom podia resultar daí: fins de tarde chorosos; deitares contrariados; um alívio palpável quando nos ajeitava a dobra do lençol, no encerramento de mais uma jornada.
Vejo-me a desrespeitar esses sábios princípios, agora. Insisto em contagiá-los com o meu entusiasmo com coisas pequenas, em dar maus exemplos, em introduzir gestos desviantes. O bom de ter rotinas e previsibilidade é desatar a quebrá-las, sem pedir licença, e contemplar os efeitos. Sujar as mãos e espalhar folhas húmidas pelo chão de um quarto habitualmente arrumado. Sair de casa, só para sair de casa. Tirar a capota do jipe e ir dar uma volta sem destino, ver-lhes o cabelo ao vento e as bochechas afogueadas. Provavelmente constipam-se e chegam ao fim do dia exaustos, aos pinotes, ninguém os cala, ninguém os segura. Parece-me que está tudo no sítio, está visto que não aprendi esta lição.
3 comentários:
Aprendeste a lição mais importante de todas:
Copiar o que achas certo, fazer diferente em tudo o resto :)
Pá, esse jipe (se é o que penso) anda a fazer gente feliz há tipo-bué-da-de-anos! E que bom!
Se há coisa que eu adoro é sair de casa só para sair de casa! Um grande lição esta :)
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