24 janeiro 2014

o castigo

Se o episódio do super-homem revela em curta metragem a essência do meu filho mais novo, a estória que passo a contar é um apetitoso cartão de visita do meu filho mais velho. Filho maduro e ciente dos seus deveres, mas que não deixa de ter 6 anos e andar com a cabeça no ar, como é de direito.
Depois de, pela segunda vez, se esquecer de trazer uma importante circular da escola, resolvi aplicar um castigo adequado. Com a intenção de o fazer compreender o sentido da responsabilidade, informei-o que teria de passar o fim do dia a zelar pela integridade de um ser frágil e indefeso, a saber: um ovo cru. Personalizando a coisa, desenhei uma cara no dito cujo, e entreguei-o ao seu mentor com recomendações marsupiais. Desde aí, tornaram-se inseparáveis. Aquele ovo viajou do quarto para a sala, da cozinha para a casa-de-banho, mais apaparicado do que um sultão no seu jacto particular. Chegada a hora de deitar e finalizado o castigo, o extremoso progenitor informou-me que não queria devolver o seu novo amigo, que já se tinham afeiçoado um ao outro. Não tivemos outro remédio senão preparar um ninho e aceitar este novo membro da família. O pior é que não vamos ficar por aqui porque obviamente que o «tio» também quer o seu próprio ovo. Bom, sempre dão menos trabalho do que galinhas. E assim aprendi eu a lição que não vale a pena reinventar a roda com pedagogias fofinhas. Alguém se tornou mais responsável com a experiência? Não. Ainda vou ter gemada num tapete? É o mais certo.

9 comentários:

Amigo Imaginário disse...

Adorei o castigo do ovo, mas por aqui só o aplicaria se fossem cozidos (duplamente)... :)

Carla Santos Alves disse...

Fantastico ...não fosse a afeição criada ao proprio castigo! :)

calita disse...

ahahahahahahahahahahaha, muito bom.
(mas, dois esquecimentos dão castigo?! eu preciso de rever a educação que estou a dar aos meus filhos...)

gralha disse...

Reconheço que sou um bocado exigente no que toca à responsabilidade e à independência, Calita. E às boas maneiras e à tolerância. E à boa lavagem dos dentes e à abertura para experimentar coisas novas. Vou sair-lhes cara em consultas de psicoterapia.

Carla Isabel, este filho afeiçoa-se até às pedras da calçada, é um coração de manteiga.

Amigo Imaginário, vou cozer os ovos, naturalmente. Assim sempre será mais fácil de aspirar quando alguém os pisar inadvertidamente.

Naná disse...

Tu livra-te de estrelares os teus "netos".... isso é que vai provocar um trauma irreversível e muitas horas de terapia!

Há coisas piores que uma gemada no tapete... pintainhos são bem mais complexos :P


ahahahahahahah

Melissa disse...

hahahahahah adorei!
Cozinha os ovos mas não digas nada.

dona da mota disse...

Ahahahaahh, ó pá, só tu mesmo! Ahahahahaah
Agora não consigo parar de rir. Já ouviste a expressão "volta-se o feitiço contra o feiticeiro"? É por aí...
Ahahahahah

Ana C. disse...

Lindo.

disse...

Gralha do que te foste lembrar :)))
Eu não arriscaria, a M tem mãos de manteiga ;)

Bom fim-de-semana
Bj

P.S. - Agora uns ovinhos mexidos e um ovo estrelado, tás tramada, achas que o pequeno vai aceitar comer tios, primos, avós, e até os amigos!!! :)