Era bom que idade fosse sinónimo de sabedoria mas começo a suspeitar que isso nem sempre é verdade. Se há coisa que gostava de ver a aparecer em mim, em vez das rugas e dos cabelos brancos, era a capacidade de medir as palavras. Não é que eu fale muito, sai-me é tudo em catadupa, sem medidas de contenção nem gestões emociorçamentais que me valham. Não posso continuar a desculpar-me com o signo, com o género, nem com a nacionalidade, e envergonho a minha Mãe se disser que foi da criação (não foi, que ela é a rainha do auto-controlo). A verdade é que sou uma desbocada sem remédio. E já era altura de não ser assim, caramba.
As palavras, esses pequenos seres volúveis e imprevisíveis, não costumam ir com o vento sem antes entrarem em ouvidos e marcarem corações. Por isso, tive de ir aprimorando pedidos de desculpa, acho que já podia escrever um manual. Mas isso é de pouco consolo. Resta-me acreditar que, lá pelos quarenta, vou mesmo conseguir ficar calada. E que, entretanto, também abro a boca para dizer coisas bonitas, que amaciam almas e enchem egos. Os mais sensíveis que me vão perdoando.
4 comentários:
eu adoraria que, pelo menos uma vez na vida, me saísse tudo em catadupa - mas é preciso muito, muito mesmo. E é preciso ser em resposta.
Como te entendo! Este post podia bem ter sido escrito por mim...
Beijos
Eu sou mais ao contrário, adorava que, com a idade, deixasse de engolir tanto sapo, tão contida, a menina. É que, se por um lado ganhamos, por outro perdemos. Percebeste? Pensamento do dia, de tão profundo! Ahahahah!
Eu sou mais Mel e Vera!
Cansadinha de engolir sapos, mas com a idade estou a melhorar!
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