Cai muito mal uma risada num funeral (a especialidade de uma pessoa que eu cá sei). Não se pode gostar de segundas-feiras. Se nos contam estórias tristes, há uma espécie de protocolo oficioso que dita que devemos franzir o sobrolho e contar uma ainda pior, para relativizar a coisa. O caracinhas. Sol há só um* mas nuvens há-as por todos os lados (menos em Portugal nos últimos meses, claro). Nada desponta a minha gratidão como aquele que me faz sorrir ou aquela que me arranca uma gargalhada inesperada. No dia em que eu tiver 97 anos (ou depois de amanhã, sei lá) e as artroses me tolherem os dedos e as cataratas me velarem os olhos, no fim de tarde de Verão em que eu sentir que não verei o próximo dia e pedir mais um Mojito com muita menta, agradeço que me façam uma visita para dizer que compreendem o meu sentimento, sim, mas gostavam de confirmar só se já conheço aquela piada muito parva. Depois podem abraçar-me levemente.
* e não me estraguem a metáfora com o argumento de haver outras estrelas, se faz favor.
Sem comentários:
Enviar um comentário