14 fevereiro 2012

vinte e seis anos e não sei quantos mil quilómetros de estilo

Como descrever a alegria de conduzir de novo o nosso primeiro automóvel? Imaginem uma gralha empoleirada num pequeno jipe verde, agarrando-se com unhas e dentes a um volante enorme sem direcção assistida, e com um sorriso rasgado que já não via a luz do dia desde a última vez que andou a tocar à porta dos vizinhos e a fugir muito depressa.
O meu jipe voltou. Aquele que a minha mãe empurrou, à chuva, connosco lá dentro, quando afogou o motor pela enésima vez (coitadinha). O transportador de mais de uma vintena de miúdos a caminho das festas de aniversário. O veículo onde aprendi a conduzir aos 10 anos, aquele em que atravessei pela primeira vez a Ponte Vasco da Gama, o minúsculo tanque de guerra que me fez sentir poderosa, adulta!, quando saía das aulas da universidade e tudo era ainda possível. É nosso de novo, com todas as suas quatro velocidades, atingindo a loucura dos 110 quilómetros/hora (em descida), uma buzina de camião TIR e muito, muito charme. Os meus filhos ainda hão de conduzir aquele jipe, queira o bicho da ferrugem poupá-lo só um pouco mais. E assim se vê que poucas coisas me fazem tão bem como viajar no tempo.

12 comentários:

Vera Dias António disse...

Tu tinhas o carro mais cool naquele estacionamento da cidade universitária, lá isso tinhas! E as idas para a costa... a J. deprimida e as belas litradas de sangria; e aquela vez que começou a deitar fumo muito preto na Praça de Espanha e as pessoas a acenar e nós também, e afinal pensavam que o carro estava a arder.
Tão fixe, pá!
Que bom que voltou para ti, é um jipe bem cool (e aquela vez que te esqueceste das chaves na ignição e te auto-assaltaste...). Sim, vai ser giro ser o carro em que os teus filhos vão começar a conduzir, é o que é!
Beijos e um sorriso parvo que vem de há mais de 10 anos, ai Jesus, que crescidas que estamos!

Inesa disse...

Eu lembro-me desse jipe ser da tua mãe muito antes de sonharmos em ter carta!
E lembro-me de uma viagem até ao Algarve... sempre pela Estrada Nacional.
De repente fiquei com saudades do "meu" 126. Do Cinquecento tenho saudades todos os dias.
Não há amor como o primeiro.

Melissa disse...

:D que fixe!

Vera Dias António disse...

Ó Inesa, tu não tinhas um Panda?
Lembro-me de sairmos no teu Panda(?) e de uma vez me ires levar a casa tipo à 1 da manhã já num estado bonito de se ver, tão ko, tive que ir ao teu lado com a janela completamente aberta, para arejar idias, ahahahah. Jurava que era um Panda.

gralha disse...

Era um panda, era. No estado em que estavas, até podia ser uma rena do Pai Natal :P

Inesa disse...

Vera, não era um Panda mas era parecido, era um Fiat Cinquecento. O meu pai ainda o tem e sempre que o meu carro vai para a oficina lá vou matar saudades do "brasinha".
É impressionante como tu é que estavas num "estado bonito de se ver" e eu não me lembro do episódio. Se calhar também não estava muito bem.
Aposto que isso foi numa noite de Plateau. :-)

triss disse...

oh:-( fiquei com saudades do meu mini.

Vera Dias António disse...

Gralha, parti-me a rir com o ultimo comentário, parva! ahahahah
Inesa, sim foi numa 4.ª feira de plateau e ainda era tão cedinho... o problema foi que bebi uma vodca seguida de um gin, foi uma bomba verdadeira, senti-me tão mal e foram só 2 bebidas, ahahah

Ana C. disse...

Em teoria é espectacular e eu também penso muitas vezes no meu renault 5 em sétima mão, que uma vez me deixou com a manete das mudanças na mão.
Mas na prática, espero que o fóssil não se te avarie em plena Vasco da Gama :)

Vera Dias António disse...

Ó Ana C., o teu R5 era daqueles que abanavam muito nas curvas, os chamados "bailarinas"? Eu aprendi a conduzir no do meu avô, era azul escuro, tb sinto saudades dele! Não me deixou de manete na mão mas afogava com tanta facilidade... ai tantas vezes que fiquei parada nos stops e o carro ia abaixo e depois não pegava e afogava e tinha que esperar 5 minutos que a gasolina evaporasse... uma escola, aqueles carros!
Agora, empodendo, just for fun, gostava de comprar um fort de um velhote que vejo por aqui na rua de vez em quando, e que é daqueles modelos muito antigos, banco da frente todo corrido e é de cor VERDE, mas aquele verde dos alguidares de plastico antigos, muito giro! E super bem tratado!

gralha disse...

Ana C., quem anda com aquilo habitualmente é o homem da casa, que tem assim motivo para demonstrar as habilidades mecânicas.
Vera, tu vais ao 8º filho, compra logo um autocarro escolar.

Jolie disse...

brutal :)