Ele é a crise, os princípios cristãos, a educação que nos deu a mãezinha, a tão portuguesa inclinação para a humildade, os programas sobre acumulação compulsiva, as campanhas sobre a obesidade - tanta coisa a puxar-nos para o 'menos é mais', um contraste refrescante com o que vivi na bela e consumista Nova Jérsia. Sabem que mais? Dou por mim e a única coisa material que ainda me move são os livros e as viagens. Temo estar a tornar-me uma chata do pior. Acaba por haver um snobismo mal-disfarçado debaixo de tanto despojamento.
11 comentários:
Eu esnobo coisas à brava. Adoro. Sinto-me imensamente superior às coisas. Juro por Deus, sem pinga de ironia.
Acho-as bonitas ali nas lojas ou nos sites, olho, satisfaço-me, mudo o canal.
Gosto de gastar dinheiro em passeios e comida, hoje em dia. E mesmo aí o meu instinto melíssico puxa-me sempre para o pé-de-chinelo.
Eu estou cada vez mais assim, a cagar de alto para os trapos e para as coisas. Só me custa muito as viagens. Custa-me tanto, mas tanto não fazer uma viagem há mais de 2 anos (por mto snobento que isto possa parecer).
Gastar dinheiro com comida???? É das coisas que mais me irrita, Melissa. Comer, pagar e cagar o que se comeu, logo a seguir.
Cê (ainda que seja da mesma opinião quanto à comida): e os filmes que vemos, que se apagam na memória? E os concertos a que vamos? Não podemos pegar só por aí...
Melissa: Pois. E será que essa coisa de nos sentirmos superiores às coisas não serão muitas vezes as uvas que estão verdes?
Montra onde mais suspiro: agência de viagens.
Em coisas maiores, como viagens, talvez (e mesmo assim não sei, nunca fui grande viajante, no 3º dia já suspiro pela minha cama). De resto não são uvas verdes, eu realmente perdi o gosto pela tralha (não pela gralha, atenção).
Suspiro agora por coisas imateriais, mesmo: mais organização, mais gosto pelo trabalho, mais foco, menos preguiça... Se houvesse tralha para isso, aí vias-me roída de desejo.
Cê, eu adoro comer fora. Morro de pena de já não o fazer como fazia antes.
Uma refeição fixe com os dois gajos fica-me na memória como um quadro bonito. E nem precisa de ser cara, basta ser fixe. Adoro. E não tenho de a guardar e a manter depois, o que é supimpa.
Quando disseste comida, eu pensei em comida (supermecado incluído) e não no acto de ir comer fora, que também adoro...
Menos é mais, sim, se pensarmos em consumir bens materiais (não vou acrescentar de que não precisamos, que esta coisa das necessidades vai de pessoa para pessoa), mas se pensarmos em tudo o que é vida - venha a mim a abundância!! Viagens, muitas, muitas e mais, concertos, musica, filmes, teatro, ballet, livros, jantares fora e muito, muito vinho. A parte do acumular é que é completamente out.
Carla, não é à toa que vives no país que inventou a noção de bon vivant :)
Eu confesso que estou cada vez mais comedida no que toca a adquirir coisas... já faço muito mais o exercício de pensar se aquilo é mesmo preciso...
Em outras coisas, chego mesmo a colocar-me a questão: e será que não sou capaz de fazer eu mesma?! Ao pensar na resposta chego à conclusão de que até sou bastante criativa no que respeita a arranjar soluções low-cost ou alternativas ao comprar a coisa propriamente dita!
Já no diz respeito a acumular tralha... bem, ainda tenho é dificuldade em me livrar das coisas com pendor emocional... sou uma sentimentalona tão grande que ainda guardo os meus livros escolares todos desde a primeira classe... talvez porque sempre adorei quando a minha mãe me mostrava as coisas da minha avó... ficava fascinada com tudo aquilo, por muito bafiento que fosse...
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