10 dezembro 2014

conjugar mulherengo no feminino

É observável, ainda que lenta, a transição da sociedade ocidental para um ponto em que vai havendo maior igualdade de género. Não me proponho adivinhar configurações futuras, nem sequer se se trata de um percurso finito (arriscando: não), mas sinto-me tentada a prever diferenças importantes entre o que é, hoje, ser mulher e o que será no tempo das minhas – geniais, lindas, criativas e espectaculares – netas. Haverá maior igualdade na abordagem aos relacionamentos amorosos e à relação sexual em si, por exemplo? Até que ponto as diferenças incontornavelmente biológicas colocam limites a que homens e mulheres se comportem de forma semelhante no engate, no namoro, na traição? Não faço ideia. Mas é engraçado chegar a este quesito depois de ler uma série de livros, das mais diversas épocas e géneros*, em que os homens que papam muitas babes são heróis incontestados, ao passo que as mulheres mais homenzengas não deixam de ser umas _______**

* E se as coisas mudarem mesmo muito, deixarão os clássicos da literatura de ser clássicos? Ou continuam a ser clássicos mas o que era tragédia passa a sátira? E os contos de fadas, estão condenados à extinção, no seguimento da adulteração completa a que assistimos hoje? 

** A preencher com termo brasileiro que rima, caso não seja óbvio. Às vezes acho que tudo o que escrevo é óbvio mas isso pode ser só dentro da minha cabecinha desocupada.

6 comentários:

Naná disse...

O meu pai sempre disse: um homem bêbado é feio, mas uma mulher bêbeda é muito mais feio!

Nunca compreendi muito bem, porque acho que no fundo fazem todos figuras tristes...

Amigo Imaginário disse...

A mim interessa-me especialmente a questão dos clássicos revisitados... :)

Quanto ao resto, já dizia a minha bizavó: "Filha da minha filha, minha neta é; filha do meu filho ou é ou não é." E enquanto assim for (i.e. eternamente), a situação da mulher face ao homem, no que à sexualidade e afectos diz respeito, nunca mudará.

gralha disse...

Enquanto a mulher (i.e. eu) acordar uma vez por mês (i.e. hoje) com a Mãe das Dores de Cabeça porque está naquela altura do mês, e isso lhe condicionar o dia, o humor, a postura geral perante a vida, não há igualdade possível. Também é capaz de ter a ver com o que bebi ontem ao jantar, o teu pai tinha razão Naná.

Já a bisavó do meu Amigo Imaginário só dizia isso porque teve filhas. Nós só temos filhos, Amigo Imaginário, como é que é? Estou a depositar as cartas todas do poder comprar lacinhos e vestidinhos nas minhas futuras netas!

dona da mota disse...

Dizias quenga? Era? Ah! Bem me parecia.
Não sei quando, ou se vai mudar e hoje em dia são temas que já não me suscitam a fervilhação de outros tempos.
Não gosto de homens cabrões, não compreendo a necessidade do engate após o casamento. Não gosto de traições. Odeio casamentos que falham por estes motivos, porque não houve compromisso.
Percebo, talvez por ser um meio pequeno este em que vivo, que há algumas (muitas) histórias nesta área. Já prefiro nem saber de nada, que me enjoa e enoja, caso não sejam sinónimos.
Uma amiga foi recentemente traída e perdoou. Mas está a custar-lhe, especialmente recuperar a autoestima e isto é tudo muito complicado. Porque ela nunca o trairia. Porque não percebe. Mas quer. Quere-o. Como sempre quis. Mas custa-lhe, caraças!
Esta história do garanhões, dos heróis entre os seus pares dá-me sinceramente náuseuas. Estava a ver o filme "Amor em Tempos de Cólera" no fim-de-semana e a pensar no sentido da fidelidade de ambos os personagens principais. Amo!
No fim disto tudo, as pessoas perderão o foco do porquê de uma relação ter começado? O amor, a amizade, a paixão, a compreensão, tudo o que ligou 2 pessoas, quando desapareceu? Quando fica pelo caminho? Desaparece mesmo?
Eu sabia que devia ter seguido a área da família e do casamento, foi onde tive sempre melhores notas, podias ter-me encaminhado. As teses que já teria escrito com tanta pergunta que se me vai no espírito.
Por outro lado ando a pensar tirar um curso de Mediação Familiar, área que me deslumbra imenso. Aahahahaahahah Eu rio-me mas é a sério! Sabes de algum? De preferência online! Ahahahaahah
Fui! :)

gralha disse...

Dona da mota, amor, e pegares nessa cumbersa toda e escreveres posts, pá? Vens para aqui gralhar para a minha caixa de comentários e deixas os teus seguidores a seco?
E agora a sério, acho muito bem pensado isso de tirares o curso de Mediação Familiar. Não conheço é onde possas fazê-lo, imagino que haja pós-graduações nas faculdades de psicologia, não?

calita disse...

Se todas as mulheres estiverem a educar os filhos rapazes como nós, as nossas netas não terão de lidar com uma série de preconceitos e injustiças.
Gostava muito de viver o suficiente para ver a reorganização das sociedades num mundo em que as mulheres têm os mesmos direitos que os homens mas já não será para o nosso tempo.